Baixos

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Alojamento masculino do campus, quarto MCM Nº18

19 de outubro de 2022, quarta-feira

19:14

Carlos

— Vai lá, você precisa voltar a sair — Eu cutuquei o ombro de Luciano — Vai ficar vegetando no sofá o resto do ano?

— Vou, e daí? — Ele deu de ombros e se deitou no sofá — Por que você não chama a Bela pra sair?

— A gente já saiu ontem, e ela vai fazer uma prova semana que vem, ela tá estudando — Suspirei e passei a mão no rosto — Tá, eu vou sozinho então. O Yuri ainda vai demorar pra voltar do mercado?

— Talvez, ele não levou o celular — Luciano suspirou.

Eu fiquei olhando para ele por um tempinho, depois balancei a cabeça devagar e fui para o quarto. Marc estava sentado na cama dele com um livro no colo, como toda vez. Já faz muito tempo que não conversamos, principalmente porque apenas o Kyle era tão próximo dele, e ela voltou para o nosso dormitório antigo, junto com o Klyde.

— Eu vou sair, e o Yuri vai demorar pra voltar, eu acho. Quer que eu traga alguma coisa mais tarde? — Perguntei, tentando puxar qualquer assunto.

— Não, valeu — Ele se virou de lado, enquanto continuava lendo.

Típico.

Eu abri o meu armário, escolhendo as roupas para sair. Provavelmente eu iria apenas para o telhado, já que não tem muito mais para onde ir sozinho em uma quarta-feira.

19:75

Eu subi as escadas devagar na direção do telhado. Incrível como quantas vezes já estivemos aqui, Luciano, Kyle, Yuri, até o Klyde vez ou outra, mesmo sendo proibido para alunos. Abri a porta e fechei ela atrás de mim. Assim que eu me virei, vi o Yuri sentado com as costas no parapeito, de cabeça baixa e com duas sacolas nas mãos.

— Yuri? — Cheguei perto devagar.

Ele levantou a cabeça e olhou para mim, logo se levantando.

— Ah, ou Carlos, não ouvi você chegando — Yuri deu um suspiro longo e forço um meio sorriso — O Luciano tá no dormitório?

— Tava fazendo o que aqui? — Viro um pouco a cabeça, desconfiado.

— Nada, só tava tomando um ar — Ele olhou para o lado e suspirou de novo.

— Encolhido no canto? — Segurei o ombro dele de leve — O que deu em vocês depois que voltaram da sua casa? Nova York é tão ruim assim?

— Não tem nada a ver com isso, nem com nada, tá tudo bem — Ele afastou a minha mão devagar — O Luciano tá ou não no dormitório?

— Claro que tá, ele não levanta mais daquele sofá, lembra?

— Não exagera também — Ele cruzou os braços.

Eu respirei fundo e segurei ele de novo.

— Yuri, meu melhor amigo tá afundando em uma depressão que ele já teve antes, e eu não vou ficar sem saber o que tá acontecendo com ele — Eu cheguei com o rosto perto dele, o encarando — O que aconteceu na sua casa?

— Sai de perto! — Yuri me empurrou e deu um passo para trás — Se você não tá sabendo ainda, é porque o Luciano não quer que você saiba, simples!

— Ele não quer que eu saiba, ou você não tá deixando ele contar? — Eu comecei a chegar perto de novo.

— Que fixação é essa agora? Por que você só tá querendo saber agora? — Ele continuou indo para trás.

— Eu perguntei várias e várias vezes o que aconteceu pra ele, mas ele fica se desviando da pergunta, e a única pessoa que sabe qual é o problema dele é você — Eu apontei para o nariz dele.

— Se ele não te falar, você não vai saber e ponto, eu não tenho direito de me meter no meio de vocês — Ele segurou a minha mão e me fez abaixar ela — E você não tem o direito de me cobrar desse jeito.

Bufei e coloquei a mão no rosto, segurando a minha calma.

— Olha, se você for continuar insistindo desse jeito, eu prefiro voltar lá pra baixo, não quero deixar o Luciano sozinho — Ele passou por mim e suspirou mais uma vez.

Eu me virei devagar para ele, pensei por meio segundo, e segurei o braço dele com força.

— Volta aqui! — Eu puxei ele com tudo e joguei ele para frente, e só quando eu soltei a mão dele percebi o que eu fiz.

Yuri soltou as duas sacolas e bateu as coxas no cercado baixo, que cedeu. Eu estiquei a mão de novo enquanto ele caia para trás.

Ele se virou para trás e segurou a barra do cercado, enquanto ele esticou a outra na minha direção.

Eu congelei, minha respiração começou a ficar ofegante e as minhas mãos formigaram.

— Carlos! — Ele gritou e tentou subir pelo cercado, mas ele começou a se soltar ainda mais.

Balancei a cabeça, segurando ele pelas duas mãos, o puxando com a mesma força que usei para quase derrubar ele. Ele começou a se debater, o que dificultou mais.

— Para de se mexer assim! — Eu fechei os olhos e continuei puxando.

Meu pelo começou a ficar encharcado, e ele começou a escorregar. Eu soltei um grunhido e dei mais um puxão, conseguindo subir ele.

Balancei a cabeça e esfreguei o rosto com as duas mãos, suando.

Olhei para trás, vendo que o Yuri já tinha saído faz tempo. Eu me sentei no chão e puxei o cabelo de leve, respirando fundo. Eu vou tentar falar com o Luciano de novo, e sério dessa vez.

Dormitório FCG Nº7

23:57

Nós dois estávamos abraçados quando eu me toquei, ela por cima de mim, ativa e ainda "dura''. Nenhum de nós gozamos.

— Ouviu? — Ela alisou meu rosto de leve, mas era diferente do carinho de costume — Ou tá chapado demais pra prestar atenção?

— Não tô chapado, não mais — Eu seguro a mão dela.

Bela suspirou e beijou meu focinho, puxando o pseudo-pênis de mim com tudo.

Eu mordi meu lábio e segurei um gemido, enquanto ela se virava para o outro lado da cama. Tentei lembrar do que ela estava falando, mas só consigo me lembrar de "Vai logo" e "Para de me chamar de Belleza com essa vozinha".

— Ei amor... — Eu abracei a cintura dela — Desculpa por isso, minha cabeça tá meio pesada.

— A sua cabeça tá pesada? — Ela se vira para mim — Eu tô com medo de zerar na prova, a Rachel sumiu de novo, a minha cabeça tá doendo e a minha menstruação atrasou — Ela parou assim que terminou a palavra, mas claramente queria continuar.

Fiquei sem o que falar, então eu só beijei o pescoço dela e apertei mais o abraço. Só então eu percebi que eu tava fedendo.

— Ei... Quer ir pro chuveiro? — Levantei o corpo devagar, mas sem soltar o abraço.

— Acho melhor você ir embora mesmo, preciso acordar cedo, e eu sei que você vai querer me deixar acordada — Ela afastou minha mão e se cobriu com o lençol — A gente se fala amanhã, quando eu terminar a prova, ok?

Pensei por alguns segundos, antes de beijar o pescoço dela de novo e me levantar para me vestir.

Não dissemos nada um para o outro até eu chegar na porta. Me virei para dizer "eu te amo" para ela, mas ela abriu a boca primeiro.

— E é melhor você tomar um banho mesmo, não acho que um guarda ia gostar de te ver vadiando com cheiro de maconha pelo campus.

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⏰ Last updated: Dec 31, 2022 ⏰

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Ilusões, ato 3Where stories live. Discover now