💫 EVERYTHING HAS CHANGED I, drarry.

[ÚNICO]: I just wanna know you better now.

Tudo que percebi quando acordei essa manhã foi que eu sei algo hoje que não sabia antes. E tudo que vejo há 18 horas em minha memória são covinhas nascidas de um sorriso que contrariava bastante a definição popular de felicidade – porque ali parecia a alegria viver, constelações e planetas dançando no seu rosto em forma de sardas e um olhar azulado tão doce que só me fez sentir que eu precisava te conhecer melhor agora. Eu só quero te conhecer melhor agora. Porque tudo que eu sei é que nós dissemos um olá enquanto você me olhava com dois lares me convidando para morar. E eu sei que disse apenas um simples nome, contudo, tudo mudou.

Era um daqueles dias. A chuva tinha parado, o céu estava nublado e o Sol se mostrava tímido. Particularmente, esse era um dos dias em que mais me sentia identificado; as lágrimas secando em minha pele, a energia que se acumulava acinzentado todo o meu céu e ser e a falta de jeito com a minha própria existência que me fazia sorrir desajeitadamente e abaixar a cabeça para qualquer olhar potencialmente intimidador — mesmo que em sua pura inocência fosse apenas curioso — que trombasse com o meu.

No entanto, o cheirinho aconchegante da chuva — o mesmo cheiro de cura de quem floresce após um temporal — só era notado em raras situações. E o Sol conquistando seu espaço entre as nuvens então... mesmo que esta seja uma das situações completamente hipotéticas e apenas poéticas entre as que vivem em minha mente, pois sempre me foi impossível pela quantidade zerada que a pude sentir em vida. Eu não tinha olhos para o que estava bem à minha frente. E hoje era um daqueles dias.

E eu, por minha incrível distração reflexiva que me impedia de distinguir quaisquer coisas que estivessem seja em minha visão central ou periférica, tropecei em meus próprios pés. Neste instante, paralisei por um milésimo eterno para respirar fundo. E só então olhei para o Sol que queimava minha pele. "Caramba", percebi. O Sol está queimando minha pele! Está raivosamente, devo acrescentar, queimando minha pele. E não timidamente escondendo-se atrás das nuvens, não, não mais! Ele está magnificamente se abrindo entre elas. Transitando com ele, estava a variedade de cores além de amarelas-douradas como o rosa, o laranja e a mistura do ilusório azulzinho claro do céu. A paleta de cores demonstrada me guia por um caminho por onde não mais controlo meus pés.

E nessa brincadeira do universo vou percebendo que, bem, um daqueles dias nem sempre é somente um daqueles dias. Ele tinha uma continuação. O cinza não era o fim, mesmo que fosse meu fiel companheiro durante todos os tempos. E não me leve a mal, quem quer que seja, eu sou honestamente apaixonado pelo cinza. Ao contrário do Sol, ele que me manteve viva por milênios em que o brilho amarelo-dourado se mostrava relutante em aparecer. Mesmo que me faltasse existência, ainda havia vida (ou seria pior uma existência sem vida?). E só minhas nuvens nubladas para reafirmar o quanto este detalhe de vida era desafiador no meu dia a dia.

E, infelizmente, eu pensava que era tudo o que restara para mim, somente eu e meus tons de cinza; quando, na verdade, não era realmente meu encerramento. E será que há? Para qualquer coisa que seja? Quando enfim cheguei ao destino que a luminescência me traçou, soube que muito enganado estava eu. Aquele era um começo — engraçados são estes, pois são tantos que não de fato sabemos afirmar quando realmente se iniciaram; qual o início do começo, então?

O meu início se encontrou em olhos azuis iluminados pela luz da grande estrela amarela-dourada que se prontificaram em segurar a porta para que eu pudesse entrar naquela pequena biblioteca local. O que veio em seguida, me atingiu como naquelas músicas sobre o amor, em que não somente borboletas dançavam no estômago, mas um zoológico inteiro: um olá longo e animado. E eu senti o mundo inteiro renascer-se ali, naquela singela saudação eufórica.

E tudo que eu sei é que você tinha segurado a porta para mim. E segurou minhas certezas junto àquela porta, pois entreguei-me e te senti entregar naquele momento. Tudo que sei desde ontem é que tudo mudou.