𝙲𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝙾𝚗𝚎

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Não sei quantas vezes me pego aqui, nesse mesmo lugar, com as mesmas pessoas e o mesmo assunto.

— Vocês não vão acreditar - começou minha mãe - minha sogra, de novo disse que [NOME] parecia um menino! Além de falar que ela parecia sapatão! - mamãe exclama com uma voz de raiva e indignação.

—Você conhece o Haru? - pergunta meu avô - ele tem uma filha igual [NOME], tem cabelos curtos e usa roupa preta, - diz ele fazendo sinais com as mãos - e mesmo assim ela é 𝙣𝙤𝙧𝙢𝙖𝙡!.

Foi a vez de minha vó se pronunciar.

— E o que ela tem a ver com Isso?- se refere ao que minha mãe disse - se ela for sapatão - ela foi cortada pelo vovô.

— Que sapatão oque, ta doida mulher?! - ele diz bravo.

Depois de um bom tempo, minha mãe anuncia.

— [NOME], vamos embora? - ela pergunta já levantando do sofá.

— Você quem sabe - respondo me levantando também.

— Ok, então vamos - diz se despedindo dos meus avós, enquanto eu apenas a seguia e fazia o mesmo.

Chegamos em casa e minha mãe foi direto para o quarto, como sempre, se trancando com meu pai. Já sabia onde isso ia dar, até por que, não é como se fosse a primeira vez. Apenas me tranquei no quarto e comecei a pensar.

— É tão errado assim, gostar de uma mulher? - me pergunto tentando achar uma resposta.

Digo, no meu ponto de vista, se você a amar, isso é apenas oque importa. Mas ter nascido em uma família homofóbica, me faz pensar em qual resposta está correta.

Minha mãe, apesar de sempre tocar no assunto, sabe muito bem que eu gosto dos dois gêneros, além de saber que eu fico incomodada. Me lembro perfeitamente quando praticamente me assumi para ela.

FLASHBACK ON:

— Você gosta de meninas? - mamãe me encara séria.

— Eu não ligo para isso - respondo com indiferença - mas, acho que se a gente ama, nada mais importa, certo? - digo subindo meu olhar para ela.

— Eu não aceito! - ela disse brava e com os olhos cheios de lágrimas - não aceito que você namore uma mulher, você não sabe o tanto que eu rezo para você se apaixonar por um homem! - ela solta tudo em cima de mim,como se fosse nada - ter um filho assim, e uma decepção para qualquer pai.

Ela disse aquilo e saiu, como se fosse nada, mas aquelas palavras, sempre ficarão na minha cabeça.

FLASHBACK OFF

Apenas saí do meu quarto e olhei para o quarto de meus pais.

— É, pelo jeito eles ainda não acabaram - digo em um sussurro para mim mesma, enquanto ouvia alguns gemidos abafados saindo do quarto.

Fui até a cozinha e bebi um como d'água enquanto encarava o portão. Será que eu saiu? Me pergunto.

— OK, murmurei novamente enquanto andava para fora.

Atravessei a rua sem nem olhar, não faço ideia de quantos carros já pararam no meio da rua e me xingaram. Quando olhei ao redor, me deparei com uma ponte, logo abaixo um rio. Era algum sinal? Por que parecia, no meu pior momento minha mente me trouxe aqui, não parece ser coincidência. Me pendurei nas grades já do outro lado.

— Alguém se importariam se eu me jogasse? - falo para mim mesmas, enquanto segurava as grades e sentia meus cabelos voarem com o vento - eu sou a decepção da família, ninguém se importaria - finalizo me jogando dali com os olhos fechados.

Estava apenas esperando a água gelada entrar em contato com a minha pele. Mas não ocorreu, apenas me senti como se fosse um peixe, que ficou muito tempo fora d'água.




Olá, vocês estão bem??
Eu não preciso dizer que a obra é autoral né?
A obra é totalmente de minha autoria.
Não aceito adaptações.

Bom, sobre o final, eu apenas queria retratar algo que acontece em muitos casos, mas não estou falando para quem passa por isso se matar!!

Muito obrigada e continuem me apoiando em meus projetos 🌈🎉✍

 THE BRIDGEOnde histórias criam vida. Descubra agora