Maressa

Confio em Você

Acordo no quarto de Apolo com o som do meu despertador tento abrir os olhos mas me sinto extremamente cansada como se meus olhos pesassem uma tonelada, tento me levantar com os olhos semiabertos mas logo sou interrompida por mãos forte, de Apolo eu suponho, estou grogue a sensação é de que estou bêbada ou algo do tipo mas tento me recordar da noite passada e não, eu não bebi além da conta, começo a trilhar meus passos da noite passada, lembro de fazer o jantar, de rir com Apolo, me lembro de ir deitar e Apolo me trazer o chá, o chá, eu não tomei o chá, acordei no meio da noite eu acho, tive um pesadelo, até que tudo começa a fazer sentido, eu lembro da corda no meu pulso, na pressão em cima de mim, me lembro de gritar e espera, Apolo, Apolo estava em cima de mim, imediatamente me afasto e abro os olhos ele se assusta com meus movimentos bruscos e logo começa a tentar me acalmar enquanto eu tento me afastar mais dele.

- Maressa espera, espera. Calma, eu estou aqui. Esta tudo bem.

- O que aconteceu noite passada?

- O que? do que esta falando?

- Responde! - grito - Que porra que estava acontecendo noite passada? Você me drogou? porque cai no sono tão rapidamente?  

- Maressa pelo amor de Deus! Do que você esta falando? Ontem você acordou ofegante e gritando parecia que estava tendo um pesadelo horrível, tentei te acalmar mas você apenas esperneava e gritava cada vez mais alto, eu te fiz outro chá e te dei um de seus comprimidos de melatonina. Não se lembra disso?

- Não, claro que não. Que historia é essa. Me lembro de você em cima de mim. O que estava fazendo em cima de mim?

- Issa, estava tentando te acalmar, você parecia realmente abalada.

- Eu... eu vou para o banho.

Entro no banho com tudo, deixando a agua quente cair no meu rosto, cabelo e corpo. Nada disso faz sentido, Apolo não me faria mal, certo? eu estava certa de que ele não me faria me faria mal? que eu poso acreditar no que ele esta falando? Bom tudo o que eu tenho de certeza da noite passada desde que deitei na cama é que não tomei aquele chá, o mesmo que ele me da toda noite, desde que tomo aquele chá não me recordo de acordar sequer uma vez, nem se quer para ir ao banheiro, o que me parecia ótimo até, bom até noite passada. Ok Maressa, como enfrentar essa? Parte de mim quer acreditar em tudo que Apolo esta dizendo, mas sinto que esse não é o caminho. Eu não vou conseguir nada gritando e armando um barraco as 06h da manhã, eu vou para o trabalho, vou sair mais cedo, vou voltar para essa casa e a primeira coisa que vou fazer é ir atrás daquela droga de corda azul. 

Saio do banho, me visto com calça preta de alfaiataria, camisa de gola alta e mangas longas azul de corações que parecem bolinhas, prendo o cabelo em um rabo, separo alguns fios, pego minha bolsa e jogo minhas maquiagens dentro, coloco meu salto, pego carregador, chave, celular e pasta e logo vou saindo da casa, grito "ja vou indo" para Apolo pois não sei se quero vê-lo e então ele aparece de supetão na cozinha com uma caneca térmica na mão.

- fiz seu café Issa. - e me entrega a caneca.

- A sim, obrigada meu bem, assim me poupa de gastar. - Lhe dou selinho rapido e saio com as coisas na mão.

Ao passar pelo quintal da frente, vou olhando aquela caneca e penso, mas nem ferrando que eu vou tomar algo que seja preparado por ele dentro daquela casa. Derramo o café no jardim, entro correndo no carro, arrumo as coisas dentro da bolsa no banco do passageiro, coloco meu celular para carregar e confiro algumas notificações até que ouço alguém bater no vidro do carro, subitamente dou um pulo, Droga mas que caralho é isso, e lá esta Apolo com outra caneca térmica na mão.

- Vi que o seu caiu no jardim amor, é melhor tomar mais cuidado. - ele diz isso com o tom de voz firme e então entra um pouco para dentro do carro e pega a caneca vazia do porta copos. 

- A sim, é, não sabia que me observava pela janela - digo isso em tom de brincadeira para tentar não deixar o clima pesado, mas ele não ri, em vez disso ele fica muito sério e diz

- Porque não te observaria? 

Bom pra mim isso é deixa o suficiente para dar tchau e ir para o trabalho o mais rápido o possível. 

chego no consultório e logo peço para que mudem toda a minha agenda da parte da tarde para amanhã, preciso da tarde livre. Faço os atendimentos da parte da manhã mas acabo não fluindo muito, mal consigo escutar os pacientes, é como se eu não estive lá. Não vejo a hora de dar meio dia logo.

Pego no celular logo após encerrar meu último paciente e são exatamente 11:54, tem 1 mensagens de Apolo 

*Bom trabalho meu amor, espero te ver em casa em breve, estou indo para a empresa, qualquer coisa me liga.*

Ainda não sei o que pensar, como poderia, como Apolo poderia fazer tal coisa comigo, isso só pode ter sido um sonho. Sinto que não posso respirar, parece que estou sem chão, algo em mim diz que o que eu não quero acreditar que aconteceu é na verdade algo que eu ja sei a resposta, não consigo lidar com isso sozinha, sinto que eu posso explodir a qualquer momento, então tomo a primeira decisão que me vem a cabeça. Pego meu celular e procuro o número e no mesmo momento ligo, leva 2 toques para que me atenda e então digo 

- Oi, preciso de sua ajuda, posso ir ao seu consultório hoje?

- Maressa? Sim, claro!

- Ótimo, estou indo para aí agora.  

Estaciono bem na frente da clinica do Dr. Lucas, nem sei se posso parrar aqui mas não me importo, vou andando pela fachada da clinica e reparo nos letreiros grandes dizendo "Saúde da mulher" e caraca, não me lembrava deste lugar ser tão grande. Entro e vou logo falar com a recepcionista, digo quem sou e com quem vim falar, ela reluta e eu digo que acabei de falar com o dono no telefone, e então ela torce o nariz e disca o ramal da sala de Lucas, desliga e pede para que eu me dirija a sala 5, e assim faço. Bato na porta e adentro na sala.

- Lucas?

- Maressa, pode entrar, quanto tempo, u não há vejo ja tem o que? muitos anos!

- Sim, sinto muito aparecer assim do nada, eu não posso confiar e mais ninguém no momento.

- Nossa, parece sério. Diga, o que aconteceu?

- Bom, primeiro eu preciso que faça um teste de abuso em mim, se puder, que ele seja feito de preferencia agora antes que eu perca a coragem. - sinto meus olhos lacrimejarem e minhas mão suarem.

- Claro, claro. Só um instante - ele disca um ramal no telefone - Cássia, cancele minha agenda da parte da tarde. - ele diz com um tom de nervosismo, certeza que ele não espera que fosse este tipo de ajuda que eu iria pedir. 

Depois de 45 minutos torturantes, Lucas retorna na sala, ja estou devidamente vestida, ele se senta e pede para que eu me sente também.

- Antes de tudo, preciso entender, o que aconteceu com você? 

- Só vou poder responder essa pergunta com certeza depois de saber o resultado deste teste.

- Certo, você bebeu? estava numa festa?

- Lucas só me fala, qual é o resultado da droga do teste? 

- Bom, não foi encontrado sémen. - Ele diz isso mas ainda parece receoso.

- Tem um porém, não tem?

- Porém, da para notar pequenas dilacerações na sua vagina.

- O que isso quer dizer?

- Que dizer que você teve muitas relações sem estar devidamente lubrificada, o que fez com que lhe causasse essa quantidade de dilacerações, não é nada sério, porém vou pedir que se abstenha de qualquer atividade sexual por 8 dias para que aplique nistatina, uma pomada que vai te ajudar e aliviar um pouco da dor. 

- Espera, do que esta falando? eu não posso, não tem como, eu nunca fiz isso antes.

- Nunca aplicou a pomada antes? Calma, é um procedimento bem tranquilo, não leva nem 5 minutos e você pode fazer sozinha.

- Não! Não a droga da pomada, eu nunca fiz sexo. Como posso ter pequenas dilacerações se nunca fiz sexo? eu nem me masturbo, como isso pode ter acontecido?

E assim, minha fixa cai. 

Posso nunca ter feito sexo, ou ao menos, nunca fiz consciente, mas sei quem estava bem consciente enquanto tudo isso ocorria.