Único.

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César estava no pequeno apartamento que dividia o aluguel com Joui Jouki, um aluno de Artes Circenses que o conheceu por acaso e acabou forçando amizade com o mais antissocial da facul de Ciência da Computação. Não que César odiasse Joui, mas o acha irritante às vezes, talvez por ser fofo em excesso e gostar de coisas extremamente infantis apesar de ser um rato de academia e ter músculos enormes, mas que, no meio da noite, só falta pedir permissão para dormir com César e tomar seu descanso.

"Ele vive competindo com aquele tal de Luciano Carvalho. Parecem duas crianças marombeiras", pensou César.

-Meu videogame e minha faculdade valem mais que academia. - Disse enquanto ligava a televisão para terminar uma série de serial killers que começou a assistir há um mês. Ele costuma assistir séries enquanto faz um milhão de coisas ao mesmo tempo, como passar roupa e lavar a louça que são, naturalmente, tarefas que Joui deveria realizar, mas está muito ocupado em levantar mais peso que Luciano no supino.

-Japinha de merda, deixou essa louça enorme pra mim. - Falou arrastado enquanto ria.




César deu um vóilla no apartamento, ele tem sim fama de preguiçoso e viciado em computador, mas não que isso o impeça de realizar tarefas simples que todo ser humano deveria realizar. Ouve-se umas batidas na porta e uma voz um pouco receosa e cheia de testosterona explodindo perguntando se poderia entrar.

-César, ops, desculpa... Kaiser? - Joui pergunta enquanto dá batidinhas na porta como uma criança envergonhada - posso?

Kaiser abriu a porta com certa força tirada das entranhas e falou:

-Você mora aqui, mula. - Fez um sinal com a cabeça para que entrasse - Você paga o aluguel, eu já cuidei de você doente e te coloquei para DORMIR. Isso já não seria o suficiente para você se sentir em casa?

-A verdade é que eu sou só um intruso aqui, não é mesmo? - Riu sem graça - Você pagava o aluguel aqui sozinho e era tão antissocial... não que não seja atualmente, claro. - Sorriu irônico.

O de cabelos compridos arqueou uma das sobrancelhas e perguntou mentalmente "onde ele anda aprendendo sarcasmo?" O Joui verdadeiro e sem nenhuma má influência não faria isso. "Deve ser só coisa da minha cabeça".




Não era. Definitivamente não era coisa da cabeça de César.

Joui estava muito diferente nesses últimos dias, tão diferente ao ponto de César fazer contas de probabilidade do japonês estar se envolvendo com gente que nem deveria estar em uma faculdade, e a probabilidade era assustadoramente grande. No meio do estresse ele acaba fumando no meio da sala de estar, contaminando todo o ambiente com o cheiro de tabaco, inclusive o quarto de Joui.

César poderia citar todas as coisas desagradáveis que Joui acabou fazendo para ele em uma semana: Respondendo ironicamente à todas as perguntas, sem exceção, rindo dele com uma risadinha ridícula entre outras coisas desse pique.

"Isso aqui tem um quê de ridicularização!", pensou o mais velho após o japonês responder novamente com um tom sarcástico.

-Joe, por que isso? - segurou a torrada entre os dentes enquanto se distraía jogando Terraria em seu PS4.

-Isso o quê? - Abriu a geladeira para procurar algum iogurte natural.

-Você sabe, esse seu jeito de agora. - Apertou o joystick com mais força do que fazia geralmente.

-Continuo sem entender, seja específico. - Riu.

Aquilo foi a gota d'água para César que já estava se segurando para não gritar com o colega. Ele não quer o mal de Joui, porque o mais novo é um garoto precioso e ver ele mudar pode ser um processo um tanto quanto ruim.

Ironia [JoEsar]Onde histórias criam vida. Descubra agora