Durante anos, escrevo-te cartas das quais você nunca poderá ler. Há meses que eu não consigo ter uma mísera noite de sono decente, a insônia da qual você reclamava ainda me acompanha.
Eu me sinto idiota, pois tudo que olho, tudo que sinto, me lembra você.Eu não gosto de ser idiota. Me transformei em algo monótono que apenas aprecia o poço de tristeza que eu mesmo enchi com minhas incertezas. Sinto falta de seus abraços nesses momentos.
Sou idiota, pois na maioria das vezes, me perco em vielas de pensamentos escuros e molhados. Com paredes de ferro, construídas pelo medo. O mesmo medo de perder outro alguém que amo, assim como te perdi.
Às vezes, desejo me jogar num mar salgado. Porém, lembro-me que, careço dos momentos em que já chorei. Sou idiota por não conseguir derramar nada.
Sinto tudo, e não toco em nada. Sinto você, abraçando meu coração calejado. Não sinto seus dedos, tocando a palma das minhas mãos manchadas de tinta.
Nos discos do Nirvana;
Nas telas de Van Gogh;
Nas letras de Cássia Eller.
Sinto tanto você, em tudo que tenho, em tudo que conheço. E ainda assim, não consigo te tocar, como almejo há anos.
Me sinto idiota, mais uma vez. Pois, desejo de toda minha alma impura, que me abrace mais uma vez. Que toque em meus lábios secos com ternura e me faça o homem mais amado desse mundo. Só você sabia fazer isso.
Na maioria das vezes, a melancolia embala minha mente e se apresenta em meus simples quadros. Todos os dias, contínuamente, você é a minha principal inspiração.
No meu quarto bagunçado, resgato milhares de pedaços seus. Fotos, pulseiras, declarações, roupas. Ainda guardo tudo, pois sinto você em cada momento. Em meus sonhos, resgato você, me iludindo em um mundo em que tenho controle do tempo.
Eu convivo com a incerteza de viver, com a impaciência de esperar, com a vontade avassaladora de te encontrar.
Eu não acredito tanto em outras vidas ou coisas desse tipo, mas eu senti tanto, meu coração ser devoto pelo seu puro e bobo amor por mim.Eu senti tanto, que no momento em que você soltou a minha mão, quase não consegui sentir mais nada. A sensação ainda me aterroriza pelas noites conturbadas.
Um novo amor. Nunca tentei, pois eu não consigo me deitar ou levantar sem pensar em você.
Seu idiota! Tudo que vives, se resume somente a mim?
Na realidade? Não. Mas na necessidade, fiz de ti o meu grandioso tudo. Tudo mais, nada menos.
Por algum tempo, fui sua lua. Mas sempre, você sempre foi o meu sol. O brilho que você dizia não ter, refletia em seus olhos castanhos. Olhos que sempre amei, e nunca mais enxerguei.
Sinto que, de alguma maneira, sentes as minhas não tão poucas palavras. Cheias de verdade, apaixonantes e tristes a olho nu.
Não me recordo em quais cartas eu deixei de pensar em ti com tamanha tristeza. Passei a sentir o amor que sempre esteve dentro de mim, que queimava em você.
O que era bom, passou a queimar meus ossos. Fazia meu sangue arder e minha cabeça latejar. Eu fui idiota, me senti como uma criança assustada.
Foi tão repentino, quanto as primeiras cartas que comecei a lhe escrever. Ainda não sei o porquê te escrevo tanto, se como tolo, sei que nunca irá ler minhas frases tolas. Me contive apenas esquecer tal fato.
Eu me sinto tão idiota, tão idiota. Eu fico olhando meu celular feito um adolescente bobo, esperando pela sua ligação. Espero sua voz chamar pelo meu nome, com a suavidade que só você possuía. Eu te espero, ainda espero.
Sonho com seus sorrisos, acordo com as mãos trêmulas. Espero você me abraçar e sussurrar que ficará tudo bem. Nunca veio, nunca mais virá.
Eu sou idiota, e no fundo, gosto de ser um. Pois, você me amava tanto, mesmo sabendo que eu era muito idiota.
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I'm an idiot - changlix (oneshot)
Romantikonde Changbin escreve cartas para Felix, as quais ele, infelizmente, não lerá. • +18 apenas pelo yaoi • Sad oneshot • Obra de minha autoria!