Três

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LUNA

Não posso negar que ter a própria Eloá me puxando para um beijo ia além das expectativas que eu criei ao me aproximar dela. Meu plano era somente provocar, incitar e talvez arrumar uma confusão com o tal namorado, mas aquele beijo era uma recompensa mil vezes melhor. O leve sabor de alguma bebida de cereja passava dos lábios dela para os meus, e ela até tentou dominar o beijo, e ainda era mais um provocar de lábios, mas eu não era do tipo que cedia o controle, entrelacei os dedos da mão que estava na parede em seus cabelos e segurei com firmeza, puxando delicadamente para trás enquanto mordia sua boca na direção oposta.

Mais senti do quê ouvi quando ela soltou um gemido, seu peito pareceu vibrar contra o meu.. A satisfação que eu sentia beirava a animalisca. Afastei meu rosto do dela minimamente só para encontrar seus olhos fechados. Analisei cada parte daquele rosto sem pressa, e minha demora pareceu incomodá-la. E quando me olhou, fui tragada pela escuridão daqueles olhos, tremi de leve e sem perceber colei mais meu corpo ao dela tentando me firmar, Eloá suspirou.

- O quê? - Seu sussurro Passou pelo meu corpo deixando um rastro de arrepios no caminho.

- Já disseram o quão linda você é? - Sua surpresa se manifestou corando suas bochechas, a desgraçada era realmente muito gata. Eloá deixou a mão ainda apoiada na gola da minha camiseta cair, e desviou o olhar, e antes que eu pudesse fazer a atenção dela voltar a mim, uma mão apertou meu ombro me puxando para trás com força.

Foi tudo muito rápido, no primeiro momento eu estava com os braços ao redor de Eloá, e no seguinte me vi sendo jogada para longe dela por um Eduardo bastante irritado. As batidas da música abafavam a maior parte do Barulho que estávamos fazendo, mas eu podia ver claramente ele berrando com o dedo apontado em minha direção enquanto eu tentava arrumar a postura defensiva. Estava disposta a esquecer aquilo, e seguir com minha noite, mas ao me ver lançar um olhar em direção a sua namorada, Eduardo perdeu o controle.

Eu não fugiria de uma briga, estava completamente a vontade em ensinar o que aprendi sendo a caçula de Três Irmãos homens, mas antes que ele pudesse me alcançar, Eloá entrou na frente pondo o seu corpo em minha defesa. Sem se importar se a machucaria ou não, Dudu a empurrou para o lado com tanta força que a garota caiu, batendo com a cabeça. Na hora meu sangue ferveu e desci minha mão em punho no queixo dele,  minha mão doeu, mas a dor foi completamente sobreposta pela satisfação de vê-lo cambalear para trás quase desmaiado.

- Você está bem? - Não Me preocupei com a possibilidade de Eduardo voltar a me atacar, já que seus amigos o seguravam, e como ninguém se importou em checar Eloá, que ainda estava no chão com a mão na cabeça, eu fui. - Sua cabeça dói? - Apalpei de leve onde achei que tinha batido, ela se encolheu.

- É claro que dói. - Eloá tirou minhas mãos de cima dela impacientemente, sua rudeza não me surpreendeu, eu também estaria mal humorada se tivessem me empurrado daquele jeito. - Acho melhor você ir embora, Eduardo não vai sossegar enquanto não te agredir.

- Eu gostaria muito de ver ele tentando, - resmunguei enquanto a ajudava se levantar. Sua expressão não pareceu contente com o que eu disse.

- Luna, vá para casa. - Insistiu intercalando olhar entre Eduardo que ainda tentava me alcançar e eu. - Não quero que ele te machuque.

- Quem garante que não será ele a sair machucado? - Insisti, mas só porque queria muito dar uma surra naquele mimadinho de merda. O olhar que Eloá me deu era um misto de preocupação e exasperação, respirei fundo cedendo. - Só vou se você vier comigo.

- Luna...

- É isso ou eu fico para ensinar seu namoradinho como tratar uma mulher.

Eloá, desgostosa e murmurando provavelmente algumas ofensas a meu respeito, agarrou minha mão e saiu me arrastando pela área vip até a saída. Passei por uma Ana muito preocupada e rapidamente prometi que explicaria tudo depois, já a vagabunda da Kara levantou o Polegar em sinal positivo e piscou para mim. Infelizmente Eloá viu aquilo, o que me fez querer morrer de vergonha. Eu definitivamente precisava de amigas melhores. Fizemos o caminho para minha casa de Uber e ela não reclamou quando disse que depois pediria outro carro para ela. O tempo todo durante a viagem a observei. Mandei a descrição para vala e não tirei meus olhos dela.

- O que você viu naquele bosta? - A pergunta saiu antes que eu pudesse impedir e Eloá suspirou.

- Ele foi bem decente no começo, - deu de ombros indiferente, - mas acho que ele só queria me conquistar ou algo assim. Jamais entenderei o que se passa na cabeça de homens como ele.

- Mas Então por que continuar com ele?

- Eu estava me perguntando isso antes de você me abordar. - Seus olhos caíram rapidamente para minha boca e logo desviaram, eu sorri.

- Não posso dizer que me arrependo. - Sem sutileza nenhuma, Levei minha mão até seu rosto e puxei para o meu, Eloá desviou da minha boca e me empurrou. - Por que?

- Isso aqui não é uma boate, não vou te beijar dentro de um Uber, respeita o motorista. - O revirar de olhos dela fez parecer que aqueles era o motivos bons o suficiente. Não concordei, até por quê o motorista parecia muito bem focado no que estava fazendo, mas não insisti, afinal, não é não.

O restante do trajeto passei fazendo a fina, tentei não tocar em nenhum assunto relacionado ao Dudu babaca, não mencionei a vontade que eu tava de puxar ela para cima de mim. Me comportei como a incrível dama que minha mãe sonhava que eu fosse um dia, pobrezinha. De tempo em tempo Eloá levava a mão a têmpora e massageava, sua testa estava vincada e ela estava claramente com dor, pensar nisso me fez ter vontade de voltar para arrebentar os dentes do Eduardo.

- Vem comigo para meu apartamento. - Pedi assim que o Uber Parou em frente ao meu prédio, Eloá suspirou.

- Preciso ir, Luna. aposto que o Edu já deve estar batendo na minha porta.

- E você vai correr de volta para ele? - Não consegui conter Meu tom, - ele literalmente te jogou no chão como se você não fosse nada.

- Eu tenho plena noção dos atos do meu namorado, obrigada. - Novamente apertando a tempora Eloá tentou não subir a voz comigo e falhou. - Você mal me conhece, porque se importa?

- Me importar Já devia ser motivo suficiente para você não ir. - Abri a porta do carro e saí, ela me seguiu com o olhar até eu fechar a porta e me apoiar na janela. - Eu poderia ser uma namorada muito melhor que ele, eu poderia fazer coisas que ele jamais sonhou em fazer contigo, e cuidar de você é uma delas. - Balancei os ombros fingindo indiferença. - Mas a escolha é sua no final das contas, mas se eu fosse você, eu viria para casa comigo.

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