001 | Iara

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"...e pela primeira vez que te vi pensei que não tinhas medo de nada, nem da morte. Agora, pela última vez que te vi gritavas desesperada por ajuda para não morreres. E eu não fiz nada."

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POV NARRADORA

Cecília passeava pelos vários corredores da escola, que eram realmente muito cheios de pessoas, o que ela não apreciava. Chegando ao seu cacifo, tirou os livros da parte da tarde.

- VISTE AS NOTÍCIAS? - berrou Mariana Silva, o que fez com que todos a observassem.

- Fala mais alto. - Cecília fechou o cacifo.

- A Iara, a miúda mais gira e popular desta escola, está morta! - Silva fala com um tom de choque enquanto as duas vão para a cantina.

- Nunca pensei que poderia lhe acontecer tal coisa... - Cecília disse.

Enquanto andavam pelos corredores, encontraram Kaline, que estava com um papel cheio de anotações estranhas. Desenhos, setas, textos, e muitos riscos.

As três chegaram à cantina e foram ter com Mari, André e Íris, que tinham "reservado a mesa". Era realmente difícil conseguir estar numa mesa daquelas, porque estava sempre ocupada.

- Eu nem sei como não comecei a gritar na aula de matemática. - Mari diz colocando as mãos na cabeça.

- A matéria era fácil demais. - Silva afirma.

- Concordo. - diz André depois de comer um pedaço de carne.

- Que se lixe a aula, olhem isto. - Kaline mostra a tal folha estranha, que deixa todos confusos.

- Foi essa porcaria que fizeste na aula? - Cecília pergunta levantando as sobrancelhas.

Kaline revira os olhos. - Todos já sabem que ontem a Iara... - ela faz uma pausa. - Continuando, a morte dela foi tão estranha...

- Mas ainda não disseram como foi a morte dela... - Íris diz confusa.

- Sabes, o meu tio é polícia e ele viu o corpo e contou-me os detalhes de tudo.

- E como estava? - Silva pergunta curiosa.

- Os olhos arrancados, os ossos todos partidos e sangue para todo lado. - Kaline disse apontando para o desenho que ela tinha feito.

- Que horrível. - disse Mari desacreditada.

- E já têm algum suspeito? - André perguntou.

- Sim, o miúdo da casa ao lado, o Miguel. - Kaline disse guardando o desenho no bolso do casaco.

- O Miguel? Ele é um amor de pessoa. - Silva diz.

- Eu suspeito que foi algum espírito maligno. - Kaline diz deixando todos a olhar para ela confusos.

- Kaline, eu sei que tu adoras esse tipo de coisas sombrias, mas não é hora de criar esse tipo de teorias. - Cecília diz.

André levanta-se da mesa levando a sua marmita em saco com um unicórnio, o que faz com que  Mari tenha um ataque de riso.

- Ei! Era o único saco que tinha disponível em minha casa. - André diz furioso e vai embora da cantina.

- Vocês não acreditam em mim? - Kaline questiona.

- Kaline, vamos esperar por mais noticias. - Íris diz levantando-se da mesa.

Mari e Cecília também se levantam e vão embora de cantina.

- Acreditas em mim Mariana? - Kaline pega na mão de Mariana.

- Acredito. - ela diz olhando para Kaline.

O altifalante começa a fazer ruídos insuportáveis, o que faz com que todos que estão na cantina tapem os ouvidos.

- Olá alunos. Queríamos solicitar que todos se dirijam para o ginásio da escola. - o diretor diz.

Todos saiem da cantina e vão para o ginásio da escola.

Depois de chegarem ao ginásio, Kaline e Mariana Silva avistam André, Íris, Ceci e Mari sentados nos bancos do ginásio.

Elas vão ter até eles e falam sobre o que pode ser isto.

- O meu tio! - Kaline aponta para um homem com uniforme da polícia com uma barba gigante.

O diretor aproxima-se de um microfone colocado no meio do ginásio e tira um papel do bolso das calças e começa a ler.

- Olá alunos da escola Ratos e Gatos do 2° e 3° Ciclo. Como sabem, infelizmente algo terrível ocorreu ontem. A nossa aluna Iara Matos, uma menina linda e encantadora, foi brutalmente assassinada. - ele faz uma pausa longa. - Sentimos muito pela família e amigos da aluna e mandamos forças para todos. A justiça será feita. - ele dá um passo atrás e um rapaz vai para junto do microfone.

- Agora irei ler um poema que fiz em homenagem à Iara.

O rapaz começa a ler o poema. Muita gente começa a chorar, o que é normal já que a Iara era  amiga de muita gente.

Quando o poema acabou, todos bateram palmas. O rapaz afastou- se e o tio da Kaline aproximou-se do microfone.

- Bom dia, queria pedir a todos que, se tiverem noticias, por favor liguem para a polícia. Não tenham medo. - o tio dela afasta-se do microfone.

Dois homens colocam um quadro no ginásio com a foto da Iara. Está escrito, em homenagem a Iara Matos "2008-2023".

Depois disso, a campainha toca e algumas pessoas saiem da escola, outras entram e outras permanecem.

- O que acham de ir para minha casa hoje depois do almoço? - Mari pergunta.

Todos concordam e vão para suas casas almoçar para depois irem para casa da Mari.


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⏰ Última atualização: Jan 07, 2023 ⏰

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