A aliada infiel

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O sexo com Roberto havia se transformado nos últimos dias. Em outra época, acharia aquilo tudo estranho, porém aquele era um momento especial. Isadora se sentia mais sexual, mais desejada e chegou a temer se deixar levar pelo desejo aflorado e fazer algo errado, com outras pessoas. O jeito novo de Roberto, mais bruto, parecia a renovação do desejo dele. Tudo falhou ao perceber ser a reação à presença da vizinha. Nesse momento, doía muito se perguntar se o marido transava com ela pensando em outra mulher, mais jovem e com um comportamento um tanto peculiar. A vizinha parecia querer seduzir qualquer um, até mesmo ela. Isso só piorava as coisas, pois Isadora se sentia desejada por todos, mas o marido, desejava a vizinha.

Não teve muita dificuldade em evitar pensar na noite anterior, pois Silvia tinha demandas constantes. Mesmo assim, recorria a constantes idas à copa, buscando momentos para se isolar de tudo. Em uma dessas vezes, preparou o café, mas não o consumiu, distraída com as lembranças. Sentia-se muito triste, e mesmo assim confusa, pois aquela situação a deixava excitada. Apesar de ser outra pessoa, descobrir um meio novo de estimular o marido mexeu com ela. De fato, era prazeroso, mas preferia qualquer coisa, não outra mulher. Como se não bastasse todo esse turbilhão de sentimentos, ainda tinha o gosto amargo da culpa pelo momento vivido com Valéria e Silvia na loja de roupas. Os sentimentos diversos a consumiam lhe distraindo totalmente, até Silvia aparecer.

— Você está estranha hoje. Está dispersa, devagar. Aconteceu alguma coisa.

— Nada, só briguei com o meu marido.

Silvia bufou e se aproximou de Isadora.

— Olha, sinto muito que isso esteja acontecendo, mas faz parte. Eu só parei de me incomodar quando me separei. Foi a melhor coisa que fiz.

Silvia sussurrava enquanto segurava a cintura de Isadora, por trás dela.

— Acho que não é para tanto.

— Você que sabe.. — Silvia faz uma pausa enquanto alisa as costas da secretária — ... tenho uma tarefa extra para você.

Isadora olha por cima do ombro. O cenho franzido traduz seu estranhamento.

— Estamos quase concluindo o projeto, mas o cliente ainda tem algumas dúvidas. Eu o convidei para jantar lá em casa e ele fez questão de você me nos acompanhar.

— Ele?

— Sim, o Walter. É o diretor, aquele mais velho. É quem toma as decisões. Tendo uma conversa apenas com ele, sem os outros para atrapalhar, eu consigo fechar esse trabalho.

— Silvia, eu não estou bem para ir. Não serei boa companhia e acho que preciso conversar com meu marido hoje. Seria possível marcar outro dia? Ou ir sem mim?

— Querida, essa é uma oportunidade única. Levei dias para marcar esse jantar e só recebi a confirmação agora. Não tenho como adiar. Ele insistiu na sua presença, então você vai.

O tom imperativo de Silvia mexia com Isadora. Ela era incapaz de negar quando sua chefe se impunha daquela forma. Ao olhar por cima do ombro, via a expressão séria da chefe a oprimindo.

— Sei que está chateada, mas isso faz parte do casamento. Pode conversar com ele mais tarde quando chegar em casa. Eu te conheço e tenho certeza de que ele merece ficar te esperando até mais tarde. Você trabalha muito e recebe um bom pagamento, mesmo para uma secretária. É quem põe dinheiro naquela casa, então você não deve satisfação a ele quando trabalha mais tarde. Agora, se eu perder esse projeto, não sei como essa empresa vai ficar.

De repente, Silvia sobre a saia de Isadora.

— O que é isso?

— Você está muito tensa, precisa relaxar.

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