📍Rede Hospitalar - Rio de Janeiro || 7:30 - Carolina
Novo ano começou e para quem luta e batalha no dia a dia, férias? Quase não existe essa probabilidade, inclusive para aqueles que trabalham em plantão, que muita das vezes, ainda não recebe da forma que merecia de acordo com constituição
Desci do ônibus, após ter que gritar pro motorista que tinha chegado no meu ponto, pus minha mochila nas costas e corri em direção ao hospital público em que trabalhava
Entrei na recepção vendo que todas as cadeiras já ocupadas, bati meu ponto e caminhei rapidamente até o alojamento guardando minhas coisas e me preparando para mais um dia de vinte quatro horas
— Bom dia Carol! — olhei para voz e encontrei a loira que sempre fazia plantão junto comigo, Rebeca.
No geral, eu converso com a maioria das pessoas do hospital, mas muita das vezes a correria é tão grande, que não temos tempo nem de cumprimentar com um simples aperto de mãos.
— Bom dia — sorri prendendo meu cabelo e pus minha touca. Rebeca ia continuar a falar mas logo uma luz vermelha ascendeu no nosso alojamento e barulhos de sirene foram escutadas
Mais um dia de correria, até que eu estava estranhando. O hospital recebe muito pacientes das áreas carentes da redondezas, muita das vezes vítimas de uma bala perdida ou consequências das drogas. Triste realidade para aqueles que vivem na pele esse sofrimento
Corremos até a área de emergência do hospital, dando de cara com uma das duas ambulâncias que temos, no momento em temos apenas três, já que as outras duas estão quebradas e o hospital não possui verbas suficientes para fazer o concerto delas, já que teriam áreas mais necessitadas de recursos.
— Vítima de bala perdida alojada no pescoço, já teve uma parada cardíaca — Ouvi o enfermeiro que estava na ambulância nos comunicar enquanto vía mais colegas nossos de trabalho ajudando a retirar a maca de dentro do transporte — Se preparem, por que esse é apenas o primeiro, o BOPE invadiu o Complexo da Serrinha
Engoli seco com aquela informação sabendo que hoje não será fácil, o fato da força especial da polícia invadir uma comunidade, é preocupante, por que, muita das vezes, eles não entram para prender, entram pra executar
Isso foi como uma pólvora para a bomba estourar e a correria começar, o hospital se tornou pequeno. Encaminhamos a vítima até a sala cirúrgica, em meio aos falatório, barulhos de sirenes constante, familiares implorando e chorando pedindo piedade daqueles que estão com seu corpo perfurado mas ainda com resquícios de vida.