"É engraçado ser uma adulta que passou por agressões pelos pais, você percebe que não importa quanto tempo passe, você sempre vai sentir a ausência de afeto que eles não te deram."
- Manu
A lembrança mais antiga que eu possuo na vida, ocorreu por volta dos anos 2003, eu tinha 3 anos. Ela é uma lembrança de agressão e eu, no auge dos meus 3 anos, nem sequer entendia o que estava acontecendo. Eu lembro de ver ele gritando com ela, lembro de ver o rosto assustado do meu irmão, de ver a mão dele se erguendo e, de repente, eu já não estava mais apenas vendo; eu estava lá, entre os dois e não consigo mais lembrar o que houve, não lembro se foi neste dia que eu apanhei pela primeira vez ou se foi nele que eu, aos 3 anos, entendi o que ocorreria na minha vida pelos próximos 20 anos seguintes.
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Eu não sei se escrever esse - talvez - livro vai me curar ou me adoecer mais ainda. Não sei se isso será um grito no escuro, um processo delicado de cura ou simplesmente o meu fim assistido por cada leitor. A única coisa que eu espero que retirem daqui, além de força, é um exemplo a cada mulher que passa ou passou por isso, a cada filha, cada vítima que, de uma forma geral, não vale a pena se submeter a esse tipo de inferno - nunca considerei e nem considerarei isso um relacionamento -, não vale a pena sujeitar seus filhos a isso, se colocar nessa situação. De tudo que eu vivi nesses 23 anos, a única conclusão que eu cheguei é que a vida é curta de mais para passar por esse tipo de coisa, a vida é curta de mais para não ser vivida de forma sincera, curta de mais para não ser vivida ao máximo da melhor maneira possível e da forma mais cheia de paz e tranquilidade que podemos.
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A História da Minha Vida
Non-FictionUma autobiografia cheia de desabafos da vida de uma pessoa que sentiu na pele o que a violência doméstica faz com uma família.