CAPÍTULO 02 | JENNA

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CAPÍTULO 02 | JENNA

Acordei por volta das oitos horas da manhã, sentindo-me muito mais disposta do que o dia anterior. Meu corpo havia descansado da viagem e a minha mente teve o tempo de que precisava para assimilar minha mudança, ainda que inconscientemente.

Antes de qualquer coisa, fiz uma videochamada para a minha mãe, que atendeu no segundo bip.

— Ei, mãe.

Abri um sorriso enorme ao vê-la do outro lado da tela. Ela estava em frente a televisão, provavelmente estava bordando enquanto assistia aos programas matinais que tanto adorava.

— Oi, querida. Como estão as coisas por aí?

— Estranhamente bem. — Retorço meus lábios, pensativa. — Eu ainda preciso colocar algumas coisas em ordem, desfazer a minha mala, coisas do tipo.

— Spike lhe procurou no quarto essa manhã, acho que vai levar um tempo até ele entender que não mora mais aqui. — Ela contou, deixando meu coração apertado de saudade do meu filho de quatro patas. Queria poder tê-lo trazido comigo, mas as regras do condomínio não permitiam e, além disso, com a vida corrida que vou ter quando as aulas começarem eu não teria muito tempo para ele, o que seria muito injusto.

Ouço os latidos característicos do meu Golden Retriever e ela vira a tela para que eu possa vê-lo. A grande bola de pelos abana o rabo, olhando para o celular.

— Oi, garotão. — Sorrio. — Já estou com saudades.

Como se não pudesse me perdoar, Spike chora e vai se deitar no sofá.

— Ele só está um pouco chateado, mas vai passar. — Minha mãe falou.

— E você e o papai?

— Torcendo pelo seu futuro, filha, como sempre. — Sua voz começou a ficar embargada. — Eu não vou chorar, eu prometi que não faria isso.

— E você falhou todas as vezes. — Eu sorri, lembrando-me da despedida no aeroporto e do telefonema da noite anterior. — Está tudo bem, mãe. — Tentei tranquilizá-la. — Não é como se eu tivesse morrido, eu vou visitá-la nas férias e final de ano e, enquanto isso, talvez eu possa colocar um pouquinho de juízo na cabeça de Georgie.

— Por que está falando isso? Georgie engravidou alguma garota?

Ainda não. — Falei, antes de rir do desespero repentino da senhora Ortega. — Relaxa mãe, eu só estava brincando. Não foi você que me disse que não devemos temer ao novo? É o que estou tentando fazer.

— É, eu disse, mas me arrependo disso. Queria que vocês tivessem escolhido estudar na Universidade do Texas, assim como o seu pai. Pelo menos não estaria há dois mil quilômetros de distância.

— A motivação de Georgie certamente é distinta da minha, mas o melhor curso de Artes Plásticas é em Los Angeles, mãe. — Suspiro, deslizando meus dedos sobre os livros da estante do meu novo quarto. — A senhora sabe que passei a minha vida inteira sonhando com isso e que hoje em dia os estudos de qualidade mede o valor de uma pessoa. Eu quero ser uma artista excepcional.

— Isso você já é, querida.

Natalie Ortega é uma mulher espirituosa, que ama os seus filhos e se preocupa com eles, como uma boa mãe. Ela nunca nos negou carinho, amor, atenção e nos ensinou os mais diversos tipos de lições que toda criança deveria aprender. Por causa dela, somos quem somos, um pouco eloquentes, mas extremamente humanos.

— Eu preciso desligar! — Anunciei, lembrando que já era tarde e eu tinha muito o que fazer.

— Sempre estarei aqui.

O QUARTO AO LADO | PAUSADAOnde histórias criam vida. Descubra agora