Mark nunca foi muito fã de café, sequer sabia como preparar uma xícara na cafeteira antes de começar a trabalhar. Isso era (em sua cabeça) uma vantagem, já que os aromas dos cafés de tudo quanto é tipo que serviam na cafeteria onde trabalha, embora deliciosos, não o deixariam na vontade.
E, de fato, na primeira semana os cheiros gostosos que preenchiam o ambiente a todo momento apenas atiçavam seu olfato. Agora, no entanto, o cheiro, a cor, o som do líquido marrom, tudo atiçava sua memória afetiva e o seu coraçãozinho começava a bater rápido. Por que ele começou a gostar de café? Nem de perto! É porque o barista com quem dividia o turno da tarde mexia com todos os seus sentidos (até com alguns que Mark sequer sabia que tinha).
Lee Donghyuck, ou Haechan para os clientes mais íntimos e viciados em cafeína como ele, era simplesmente... indescritível. Mark sempre foi metido a poeta e compositor e estudava música (o emprego era para se manter sem passar fome, claro), mas ele não conseguia colocar em palavras, versos ou melodias o que sentia pelo moreno baixinho (tá, ele tinha 1 cm a menos de altura, mas era bom ser mais alto que alguém uma vez na vida e ele usaria esse oportunidade).
Haechan tinha aquela carinha de inocente, os olhos redondinhos, as bochechas gordinhas e as sardas e pintinhas espalhadas como se Deus (o próprio!) tivesse detalhado seu rosto com a maior atenção e um sorriso sapeca que combinava com seu jeitinho bagunceiro. Qualquer uma dessas coisas sozinha seria o suficiente para levar Mark à loucura, tudo isso junto em um homem que ainda era a pessoa mais gentil e prestativa que já viu na face da terra então... Mark não sabia como não tinha tido uma crise de apaixonado e chorado aos seus pés implorando por uma bitoquinha.
O autocontrole do canadense só se quebrava quando o moreno lhe lançava uma piscadela serelepe aqui ou ali ou fazia alguma cantada cafona para aproveitar o momento, porque Hyuck era um desses garotos que gostam de dar em cima de todo mundo de brincadeira (e às vezes nem tão de brincadeira assim) e acabar com nossa sanidade mental. Mark pressentia que desse jeito ficaria calvo em 3 meses de tanto arrancar os próprios fios azuis quando puxava os cabelos nos mini-surtos que tinha todas as vezes que isso acontecia.
Dito tudo isso, imagina-se como Mark ficava toda vez que iniciava um novo turno. Donghyuck chegava primeiro, substituindo os dois baristas do turno matinal, e ficava uns 15 minutos sozinho até que Mark chegasse. Não era culpa dele esse atraso, é que o bandejão da Faculdade de Música ficava bem longe do da de Matemática e Estatística, onde Hyuck estudava, que ficava na ponta do campus e quase do lado da cafeteria.
O pequeno contratempo, no entanto, lhe rendia momentos dignos de filme. Sempre que cruzava as portas de vidro e entrava na pequena e aconchegante cafeteira conseguia ver, logo à frente, um Donghyuck muito concentrado em algum pedido. Mark tinha vontade de sentar em uma das mesinhas do lado e ficar observando o moreno trabalhar, a atenção em cada xícara e copo como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo. Hyuck era apaixonado por café do mesmo jeitinho que Mark era apaixonado por ele.
Infelizmente o canadense não podia se dar ao luxo de apenas assistir o amor da sua vida trabalhar, portanto entrava e se trocava na velocidade da luz e finalmente estava à postos para ajudar o barista. Ajudar, porque nessas duas semanas de trabalho Mark ainda não havia aprendido o suficiente para considerar que "trabalhava". Expresso? É pra já! Americano? Tá na mão? Frappuccino de caramelo descafeinado?... Hyuck! Pode me ajudar?
Por mais que Mark se esforçasse, era difícil lembrar tantas receitas de cabeça, além de algumas receitas como o dalgona serem especialmente complicadas, e ainda tinham as latte arts! Mark nem sequer sabia como foi contratado. Donghyuck o acalmava e dizia que, com o tempo e a prática, ele ficaria craque naquilo e não precisaria da sua ajuda. Mark quase se sentia triste com isso, porque ter a ajuda do mais novo era muito bom.

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Extra forte
Fanfic[NCT + MARKHYUCK] Mark gostava de café fraquinho (se é que poderia dizer que gostava de café), mas seu crush pelo barista veterano que o ajudava em seu novo emprego na cafeteria era extra forte, do jeito que o moreno gostava. [Comédia Romântica + Fl...