EPISÓDIO 3 - Nada mudou

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CENA #01 - PASSADO

Música: Skeletons - Labrinth

JULIA (NARRADORA)
Há 3 anos atrás... eu fui internada em um hospital psiquiátrico...

JULIA anda pelo hospital com a mãe e uma enfermeira, que conversam entre si, mas que por vezes mostram o local para ela.

JULIA (NARRADORA)
Eu tinha 14 anos, por mais adulta que parecesse por tudo que fazia, estava claro que não sabia que iam me internar ali, e me deixar por meses, sozinha...

Ela parece não entender o que está acontecendo. Mas continuam andando por lá, até que param em uma porta que dá de frente para um corredor.

JULIA (NARRADORA)
Até que a enfermeira me levou por um corredor, e eu demorei pra olhar pra trás porque pensei que minha mãe me seguia. Mas alguns passos depois eu percebi a porta se fechando, e olhei pra trás. Minha mãe chorava, mas parecia certa e determinada ao que estava fazendo. Isso me doeu porque nunca pensei ver ela certa de me deixar.

JULIA fica parada no corredor, olhando para trás. A enfermeira tenta conduzi-la a continuar andando. Uma lágrima escorre pelo rosto dela.

JULIA (NARRADORA)
Eu hesitei em voltar e tentar abrir a porta, mas sabia que não adiantaria de nada. Eu fiquei parada, sentindo mil e uma coisas ao mesmo tempo, mas sabia que não podia fazer nada. Acho que foi aí que meu medo e trauma de psicólogos e terapia surgiu, muito antes de um mesmo descobrir dos meus cortes... Dessa vez tinham me internado por depressão... Eu não me cortava ainda...

Ela anda pelo hospital, observando as pessoas, em câmera lenta.

JULIA (NARRADORA)
Tudo é diferente por lá, mas as palavras da enfermeira faziam parecer que era um paraíso, ou melhor... um lugar para se chegar ao paraíso. Foi lá que conheci THOMAS... ele não estava em terapia, mas ia visitar alguém que estava, e sempre nos entreolhávamos... Até que um dia ele me passou o número dele por um garoto que ele visitava. Era pra quando eu saísse podermos conversar melhor.

JULIA olha pra ele nos horários de visita. Ela levemente sorri, e ele faz o mesmo.

JULIA (NARRADORA)
Com o tempo fui entendendo o conceito de tudo aquilo... De certa forma acredito que foi pro meu bem... mas mesmo assim não tirava a dor de não ter sido avisada antes, e de nem mesmo poder ter se despedido ou escolhido ficar e melhorar por conta própria.

JULIA desenhava, escrevia, mas pouco conversava, era tímida, introvertida, pelo menos lá no local.

JULIA (NARRADORA)
Meu irmão me visitava bastante. Acho que foi assim que ficamos mais próximos e criamos uma ligação que não tínhamos antes.

Ela conversa com o irmão nas visitas, eles riem, e tentam ironizar a situação, ou pelo menos deixá-la menos pesada. Após uma conversa, JULIA volta para seu quarto e fecha a porta.


CENA #02 - INT. CASA DE JULIA - TARDE

Da porta fechada, afasta-se a câmera, e é possível ver alguém batendo na porta. Era LUCAS, irmão de JULIA. Mas ninguém responde. Apesar disso, ele sabia que ela estava lá. Ele bate na porta de novo.

LUCAS
JULIA? Abre por favor! Você está nesse quarto desde ontem, eu tô preocupado com você!

Ele não obtém respostas mais uma vez. Porém, dessa vez, após alguns segundos, ele sente algo encostar na porta. LUCAS imagina que é JULIA, a partir do momento em que ouve uma respiração de choro próxima.

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⏰ Última atualização: Jan 13, 2023 ⏰

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