Você é sonhadora

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Oi, sou a Sarah, sua nova colega de quarto. Eu trouxe as minhas coisas essa manhã; Acho que você está no trabalho, mas eu quis deixar um bilhete pra que você não pensasse que alguém fez... o oposto de te roubar. Ou alguma coisa desse tipo. De qualquer forma, estou no mercado. - Sarah    

Ah, e se você não for Juliette freire, por favor transmita a mensagem pra ela. Obrigada.    

Bom... o bilhete na geladeira de Juliette com certeza era diferenciado. Ela tinha que admitir, a primeira coisa que ela pensou quando viu todas as coisas novas no apartamento dela foi: Ai meu deus alguém invadiu meu apartamento e me deu todos os seus pertences! Então ela recuperou a habilidade de pensar racionalmente e lembrou que a sua nova colega de quarto iria se mudar hoje, e por Deus, a garota havia deixado uma das bocas do fogão acesa depois do café da manhã.    

A sua nova colega de quarto era Sarah Andrade, e aparentemente escrevia com letra de criança, numa caligrafia que não conseguia acompanhar as linhas do papel. Ela havia desenhado um elefante no canto inferior direito e grudou o bilhete na geladeira com um imã de cavalo, que Juliette nunca havia visto antes. Mas é claro que Juliette aprovava; coisas adoráveis eram seu forte. Ela afagou o adorável imã de cavalo com um sorriso no rosto.    

O síndico do prédio que tinha encontrado uma colega de quarto para Juliette, uma vez que ela estava ocupada demais com o programa de TV para caçar alguém nas ruas de São Paulo para preencher o espaço da sua antiga colega de quarto. Ela sabia que tinha quase enlouquecido a antiga ocupante, com toda sua falação e sua aquisição de um filhote de Golden Retriever hiperativo com uma certa afinidade por sapatos. No final das contas, ou o cachorro ou a colega de quarto teriam que se mudar, e nesse exato momento Camargo estava saindo do quarto de Sarah, com a língua pra fora e seus olhos brilhando.    

Ai meu Deus, Juliette pensou. Ele deve ter destruído alguma coisa.    

Juliette não queria entrar no quarto de Sarah. Ela não era intrometida ou algo do tipo; sério, ela era só barulhenta e irritante, de acordo com outras pessoas. Mas ela definitivamente não queria que sua colega de quarto chegasse em casa e encontrasse os seus mais prezados pertences em frangalhos no chão do quarto.    

Então ela abriu um pouco mais a porta e entrou.    

Bem dentro do País das Maravilhas.    

Sarah obviamente tinha desfeito as malas, já que não tinha nenhuma mala ou caixa por ali. Mas Santa Mãe de Deus, como um quarto podia estar tão bagunçado quando havia sido ocupado apenas algumas horas antes? Juliette ficou parada na porta, em transe, apenas absorvendo tudo e fazendo carinho na cabeça feliz de Camargo por ele não ter destruído nada.    

Juliette notou a roupa de cama colorida e padronizada, repleta de azuis, verdes, laranjas e amarelos. Havia dois abajures roxos combinando na escrivaninha e no criado mudo, e haviam- é, ok, caralho- haviam quatro estantes na parede, todas lotadas até o topo. Juliette realmente temia pela segurança de Sarah; ela não queria ser acordada no meio da noite pelos gritos de sua colega, soterrada por 4 estantes cheias de coisas.   

Juliette não pôde resistir a se aproximar para examinar as 'coisas'. A maioria eram, na verdade, livros, várias cópias de clássicos que pareciam bem desgastados e caindo aos pedaços. Ela identificou As Viagens de Gulliver e Alice no País das Maravilhas, além de muitas obras de C.S. Lewis e Roald Dahl e Dickens, O Médico e o Monstro, Beleza Negra e Sherlock Holmes. Juliette moveu seus dedos sobre as lombadas dos livros e olhou para o resto da bagunça.    

Just off the Key of reasonOnde histórias criam vida. Descubra agora