Euforia

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"Hipopótamos nascem debaixo d'água."

Juliette nunca esqueceu essa frase. Era a única coisa passando pela sua mente enquanto ela estava com seus pais, preparando-se para subir ao altar para se juntar à sua noiva. Ela espiou ao redor para observar a pequena multidão de amigos e familiares. Estavam todos sentados em pequenas cadeiras brancas, debaixo do sol, provavelmente passando um calor fudido, mas Juliette realmente não se importava no momento.

Enquanto a adorável mulher aguardando no altar estivesse sorrindo, Juliette estava feliz.

Ela estava prestes a se casar. Hipopótamos provavelmente não deveriam estar passando pela sua mente.

Ela já tinha tropeçado em seu vestido branco e longo duas vezes. Seus pais envolveram os braços nos dela, então agora ela poderia balançar livremente como uma criança caso ela caísse novamente. Ela estava tentada a fazer isso, só porque ela estava meio fora de si no momento, mas então ela se lembrou que ela era uma adulta.

Adultos não fazem isso, Juliette.

"Eu acho que isso é provavelmente muito assustador. Quando você é apenas um pequeno hipopótamo e você tem que sair da água de onde você nasceu."

Por Deus. Foco de merda.

Sarah provavelmente não estava pensando em nada disso. Não. Ela provavelmente estava pensando em ursos subindo no altar, ou desejando que ela pudesse interromper a cerimônia por um minuto para brincar com as borboletas ao seu redor no Jardim do Parque Burle Marx.

Rodrigo cutucou o lado de Juliette, e ela olhou para ele com um sorriso frenético. Ela ficou doida de vez durante todo esse processo de planejamento do casamento. Doida com a Sarah. Doida igual Sarah. E doida pela Sarah e tudo sobre Sarah.

Juliette respirou fundo e levantou os ombros. Ela desistiu de tentar impedir que seu rosto expressasse um sorriso bobo.

Isso estava acontecendo. Nesse exato momento.

A música começou a tocar, e os pais de Juliette a guiaram até o altar, sorrindo orgulhosamente, com suas cabeças erguidas. Juliette cambaleou assim que avistou a cerimônia. Quase internamente. Aquele tipo de sensação quando seus tornozelos quase cedem e você sente que está prestes a morrer, mas você se acerta imediatamente e ninguém mais nota.

Juliette estava a segundos de cair dura no chão, mas ela continuou caminhando suavemente.

Seu olhar estava preso à mulher no altar. Seu cabelo loiro bagunçado estava penteado pela primeira vez na vida, e preso ordenadamente no lugar. Ela usava um vestido branco de comprimento médio e estava sorrindo largo, enquanto balançava pra frente e pra trás em seus calcanhares animadamente, seus dedos batendo suas coxas.

Juliette não registrou os sorrisos nos rostos de seus amigos, ou as lágrimas que seus pais estavam tentando disfarçar. Ela não notou os quatro cachorros sentados ao lado do altar usando terninhos combinando, ou um cachorro vira-lata mastigando seu traje e girando ao redor como um psicopata.

Todos os pensamentos de hipopótamos filhotes já tinham ido embora há muito tempo. Juliette se concentrou em seu ursão ao invés disso.

Seus pais beijaram suas bochechas quando chegaram ao fim do altar, e Juliette entregou seu buquê para Thais e parou na frente de Sarah.

Olhar para sua noiva era como olhar para o sol. Juliette teve que piscar os olhos diversas vezes.

Além disso, estava insanamente quente ali.

Just off the Key of reasonOnde histórias criam vida. Descubra agora