01.

100 7 4
                                    

Saio do aeroporto já com as minhas malas na mão. Esperei tanto por este dia, finalmente abandonei aquelas pessoas, aquela casa, aquele país, finalmente estou em Inglaterra!

Dezenas de táxis estão no estacionamento à frente do aeroporto esperando os turistas. Dirijo-me a um senhor de meia idade que se disponibiliza para me levar à morada do hotel que lhe indiquei.

A viagem foi longa e durante esta, eu pude analisar as diferenças de Los Angeles para Londres. O volante é do lado direito, os táxis são pretos enquanto que na cidade onde nasci são amarelos, o tempo não é tão quente, mas as ruas por onde passo são alegres e dão-me a entender que aqui vai começar um novo capítulo da minha vida.

O táxi pára em frente ao hotel, não é tão velho, nem está tão degradado quanto eu esperava, é o suficiente para mim. Tiro da minha carteira as 35 libras que o taxista me pediu e entro dentro do edifício onde irei permanecer durante uns dias. Agradeço mentalmente por me ter lembrado de trocar dinheiro.

***

Faz quatro dias que estou neste maravilhoso país e já aluguei um pequeno e velho apartamento para mim. As paredes estão praticamente a cair, a tinta é quase inexistente e no chão de madeira também já se encontram pequenos buracos. Só tem um quarto, com um pequeno móvel a servir de armário e uma cama individual que range por todos os lados. A cozinha é outra divisão com condições miseráveis, o lava-louça está entupido e tanto o fogão como o frigorífico são velhos. A minha condição financeira não me dá para muito mais. Esta é a minha vida, talvez miserável ao olhar de muitos, mas honestamente, eu gosto. Aliás, fui eu que escolhi viver assim. Eu, Margaret Bennet, sempre fui assim, sempre adorei desaparecer e aparecer na vida das pessoas inesperadamente, não sou de afetos, nem de me apegar às pessoas, gosto de ser livre. Não me importo com os sentimentos dos outros, chego a ser rude, talvez devido ao meu passado obscuro...

Dou um pontapé numa pedra, que bate contra um caixote do lixo, salto com o susto, visto que já é relativamente tarde. Neste momento, dirijo-me para o bar, onde arranjei trabalho, não é o meu trabalho de sonhos, não que eu tenha sonhos, mas serve.

O meu turno começou e por mais que ainda seja cedo para estar numa discoteca, esta já se encontra lotada. As pessoas que se encontram à minha frente estão todos muito próximos a dançar, quase todos com copos na mão, é visível que muitos deles já não estão no seu melhor estado. As luzes giram aleatoriamente pela sala, aumentando a diversão.

Observo atentamente a divisão até que os meus olhos encalham num rapaz encostado à parede, um copo encontra-se na sua mão, no seu interior encontra-se um líquido vermelho e um morango está entalado no copo, o que me faz acreditar que é vodka de morango. O moreno não abana nenhuma parte do seu corpo e eu chego-me a perguntar qual é a intenção de vir para um lugar destes e estar parado. No entanto, ele tinha um ar misterioso que me atraía. A sua mão passa pelo seu cabelo negro puxando-o ligeiramente para trás, ao mesmo tempo, prende o lábio inferior entre os seus dentes. Automaticamente, dou um suspiro.

"Hmm... A admirar o Malik..." O Jake, o meu colega de trabalho, dá-me um encontrão de uma forma divertida.

"Estou a admirar quem?" Pergunto-lhe de forma confusa. O Jake aponta para o moreno que anteriormente eu observara. "O quê? Não estava nada!" Minto.

"Tu estás a corar! Não me digas que estás apaixona-" Na sua voz é visível divertimento, mas ele já deveria saber que eu não tolero isto.

"Podemos continuar o nosso trabalho? É que caso não saibas, pagam-me para isso!" Corto-o zangada com o rumo da conversa. Tenho a certeza que não estava a corar e aliás, como poderia eu estar apaixonada por uma pessoa que acabei de ver? Ugh, o Jake tira-me do sério. Apesar de só o conhecer há três dias, eu sei que ele é boa pessoa, porém ele comenta tudo, algo que me irrita bastante.

Overpast || z.m.Onde histórias criam vida. Descubra agora