Nenhuma dor

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Manu! Eu não saberia pôr em palavras o privilégio que é dividir o triplex 309 Sul com você. E cada coisinha que a gente vai somando e ampliando desse universo me fascina. Que sorte a minha!

Marinaaaaaaaaa! O que eu faço com você?! É tanto encontro que me desmonta. Às vezes eu acho que você SABE o que eu ainda nem pensei. Faz sentido? Pra mim, faz. Obrigada, obrigada e obrigada por me deixar usar "Nenhuma Dor" aqui.

Sara... e o que dizer de Gal cantando, ressignificando, revirando tudo, tudo, tudo?! Espero que tenha sabido escrever com ELA aqui.

Essa história é especialmente dedicada a vocês, com amor ❤️
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Refúgio. Abrigo. Ninho. Lar. É comum que essas palavras nos transportem para memórias de lugares, aqueles onde nos sentimos tão bem que a sensação é de que nossa alma foi abraçada ali e está em casa. Mas refúgio, abrigo, ninho, lar também pode ser uma pessoa. Alguém tão par que, ao primeiro encontro, é como se tirasse a nossa alma para dançar, ainda que não percebamos de imediato.

Após a primeira semana do novo governo federal, ainda com as emoções recentes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 1º de janeiro, ainda precisando assentar os próprios sentimentos de tudo o que viveram em 2022, houve ainda a posse do cargo de Ministra do Planejamento e Orçamento e o esforço por montar sua equipe, ainda incompleta, para dar início aos trabalhos mais que urgentes.

Por isso mesmo, naquele domingo, 8 de janeiro, Simone Tebet, acostumada ao hábito de acordar cedo, tinha se permitido ficar na cama até mais tarde. Mas a presença de Soraya Thronicke, aconchegada junto a ela, talvez fosse o principal motivo para aquela transgressão em sua rotina.

Estava tão concentrada sutilmente desenhando linhas imaginárias ligando as pequenas marcas, pintas e sardas que via nas costas da senadora que nem reparou o momento em que ela abriu os olhos e sorriu, mas permaneceu inerte, apenas desfrutando daquele carinho tão gostoso e íntimo.

Quando as pontas dos dedos de Simone tocaram, vagarosamente, do ombro esquerdo até sua nuca, Soraya respirou fundo e soltou um gemido baixo, de puro dengo. Foi a vez de Simone sorrir. A ministra afastou os cabelos loiros para o lado, deixou um beijo demorado ali onde os fios começavam, vendo a mulher se arrepiar inteira enquanto ela deitava o corpo sobre aquele menor, tão par do seu.

- Bom dia, meu bem... – Soraya não conseguia conter o sorriso, estava explícito em sua voz.

Suas manhãs preferidas, há algum tempo, eram todas as que acordava ao lado de Simone, com beijos, carícias, desejo. Adorava tanto os amanheceres intensos entre as duas quanto os preguiçosos.

- Bom dia, Yaya... – suspirou e fechou os olhos.

Era sua primeira manhã de calmaria em... não saberia precisar desde quando, sem nenhum compromisso agendado. Mesmo que tivesse recebido todo o material da equipe de transição relacionado ao Ministério que agora chefiava e houvesse ainda muito a ler e estudar, faria essa pausa, justa e merecida, apenas para estar com sua mulher, da forma que as duas assim definissem.

- Devo me preocupar? – a senadora abraçou o travesseiro em que estava deitada.

- Não entendi...

- Você não me fez levantar cedo, não me disse que estamos atrasadas pra o que quer que seja, e nem está me apressando pra sair da cama. Devo me preocupar? – Soraya reposicionou o corpo, saindo debaixo de Simone e buscando o olhar dela.

A ministra riu. Solto, leve, descontraída, e tão jovial que fez a senadora se apaixonar novamente ali, naquela manhã de domingo, na cama com os lençóis bagunçados por elas.

É preciso estar atento e forteOnde histórias criam vida. Descubra agora