eu viveria por você

only one

serena não vive uma vida muito fácil e boa. os maus tratos em casa a fazem duvidar da sua importância de existir. os sentimentos horríveis que são alimentados todos os dias a consomem dia a dia.

no entanto,

alguém é capaz de salva-la daquela escuridão onde está afogada. um simples sorriso que possuí a incrível habilidade de repôr todos seus sentimentos bons trancafiados á sete chaves. a maneira como se sente em casa ao estar nos braços de um ser humano é inexplicável, porque sempre acreditou que ninguém poderia a amar o suficiente para a olhar com tanta ternura e acolher suas dores e traumas.

nakamoto yuta a mostrou o significado do amor, de acolhimento, de conforto.

um mero rapaz que conheceu através das redes sociais num dia nublado. talvez, fora naquele exato dia, que o sol voltou a nascer diante de seus olhos.

fora recebida de braços abertos por um garoto que não imaginou que poderia desenvolver sentimentos por alguém tão vazio e desinteressante quanto a si. o modo como serena se rebaixava chegava a ser dolorido até para si mesma, contudo, passou a ter essa imagem de si quando todos ao seu redor desvalorizaram seu esforço para agradar a todos. por isso o receio de se entregar á nakamoto fora tão notório que até hoje se perdura.

porém, um amor dali cresceu. e ainda se aflora no coração da morena. todavia, o medo ainda está presente. não só ele, mas como também os traumas que a rasgam por inteiro apenas para continuar alojados em sua alma. mesmo que tente se desvencilhar do seu passado e presente, ainda se vê perdida num túnel escuro e vazio, onde suas súplicas ecoam com tamanha dor. e mesmo que tivesse yuta ao seu lado, ele não poderia a salvar.

porque isso não é uma responsabilidade dele. serena sabe dos perigos que é tirar alguém da depressão, testemunha isso em obras que, apesar de ficção, retratam a mais pura verdade. salvar alguém da depressão não é para qualquer um. e yuta não pode se encarregar de puxar o fardo dos problemas de serena, independente do que ele achasse, a morena discordava da idéia de que ele precisa encontrar formas de a tirar do vazio. apenas ela poderia fazer isso. ela e um profissional.

mas ela está sozinha.

sem dinheiro, sem apoio familiar, ela não tem recursos para buscar ajuda, uma salvação. uma luz e o fim de todos seus traumas e dores recorrentes.

é isso que acontece quando se tem um pai que desacredita de doenças psicológicas e que terapia é um método bom, porque a violência, gritos e castigos severos parecem ser a melhor opção para ele. tão vazio quanto serena, mas tão perturbado quanto um maluco em sofrimento que descarrega os próprios traumas em pessoas indefesas e novas demais para sentirem tudo isso.

a vida é dura de se viver, serena sente isso todos os dias. as crises de raiva, tristeza. a sensação de inutilidade, mesmo que faça de tudo para poder fazer algo ainda não é o bastante. porque nada adianta? o que precisa fazer para ser reconhecida? se ajoelhar no milho? apanhar de chicote? ouvir palavras duras sem abrir um piu? ainda acham que isso é jeito certo de educar filhos? é por essas razões que serena sente vontade de escapar desse filme de terror que é sua vida, ao menos, dentro daquela casa.

porque ao lado de nakamoto as cores voltam a vibrar. a felicidade se apossa de seu ser, seu brilho aparece como nunca. a paz se abriga em sua alma e tudo que serena deseja é viver para sempre naquele momento ao lado do garoto que ama.

no entanto, tudo se transforma em escuridão quando percebe que, se apoia em yuta mais do que deveria. e admitir isso em voz alta jamais deixaria a morena confortável, por isso foge de todos os pensamentos intrusivos que confirmam que, sim, dá tudo de si para ter nakamoto ao seu lado, independente do que acontecer.

embora os pensamentos suicidas, serena não quer necessariamente acabar com sua vida, porque morrer é fácil. você simplesmente descansaria em paz e sabe se lá para onde sua alma iria, isso se existir céu e inferno, ou se apenas vagaria sem rumo ou se tudo só ficasse escuro e nunca mais pudesse ver ninguém. o fim da linha.

morrer é fácil demais, e serena não gosta da idéia de morrer por yuta. para ser feliz. para achar paz.

então viveria por ele, por ela. pelo seu futuro. mesmo que não tenha certeza do que vai acontecer, vai viver, porque desistir é tão doloroso. não aceita passar por tudo isso e no fim ser recompensada por pulsos cortados que sangraria até secar e seus batimentos morrerem. seria perca de tempo.

vai viver, independente do quanto doa para chegar até lá. vai viver até encontrar recursos, até realizar seus sonhos, mesmo que não seja todos. vai lutar por nakamoto, e por si mesma. independente se isso vai a machucar cada vez mais e mais.