20. Limítrofe

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AVISO DE GATILHO: CONTEÚDO SENSÍVEL SOBRE TRANSTORNOS MENTAIS. Apesar de ser um cap bem interessante e necessário pra história, acho que merece cautela♡

N se esqueçam da meta lindes e boa leitura^^

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Nenhuma de nós duas manda mensagem ou inicia uma conversa de qualquer outra forma.

Às provocações estão acabadas. Não estamos mais se alfinetando como antes e nem se pegando como depois.

Nos vejo em um novo estágio. Um novo que não sei bem como intitular.

Só sei que é ruim.

O cheiro do meu quarto está fedendo a maconha, mofo e suor. Por isso abro a janela a fim de entrar um pouco de luz na minha caverna pessoal.

Olho para a cama, os lençóis estão amontoados e caindo no chão. O chão está cheio de poeira e o banheiro precisa ser lavado o quanto antes.

É claro que vou deixar todas essas tarefas para quando meu humor estiver um pouco melhor.

Do jeito que a situação está, não será nunca.

Bufo e me jogo de costas na cama, ainda segurando um beck entre os dedos.

Imagina se Adora visse isso?

Meu coração trava só em pensar. Consigo facilmente imaginá-la indo embora.

Mas ela já foi, você a mandou.

Fecho os olhos com força e aperto as palmas contra as pálpebras na tentativa de conter o choro. Me embolo na cama até me encolher no colchão, virada para a ponta. Encaro o piso.

Dessa pespectiva vejo algumas latinhas de cerveja e pacotes de embalagens que trouxeram pedidos de lanches nesses últimos dois dias.

Meu cartão de crédito que lide com isso.

Sorrateiramente uma lágrima solitária escorre até a ponta do meu nariz.

Odeio momentos como esse.

Como se toda vida que já esteve em mim fosse sugada da noite para o dia e não restasse mais nada além de ossos podres e destroços.

Seco a bochecha com a costa da mão e me viro para o outro lado da cama, de frente para porta. E mesmo com meus olhos fixos em um ponto específico, minha cabeça está seguindo uma linha de raciocínio própria, com vozes tão altas que ensurdecem os sons do resto do mundo.

Eu só quero parar de ouvi-las repetindo a mesma coisa há treze anos.

Você não merece sentir coisas boas.

Não merece afeto.

Se deixar eles vão se aproximar, te cativar e depois arrancar de você uma parte do seu coração quando forem embora.

Porque ciclos sempre acabam.

E os seus são sempre culpa sua.

Você é instável. Doente. Difícil de lidar. Maluca.

Não conseguiu fazer seu pai te amar e ficar. Não conseguiu manter todas aquelas amizades. Seus amigos atuais se quer gostam de você? Ou tem pena de te deixarem? Medo de irem embora e você surtar. Igual faz sempre que perde alguém.

Igual faz quando fica sozinha, quando é esquecida, abandonada.

Porque é isso que você é Elizabeth, veneno puro e lento. Que mata devagar às pessoas, relações, afetos e sonhos.

Rivais - Catradora +18Onde histórias criam vida. Descubra agora