CAPÍTULO V

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O sol estava alto quando a carruagem finalmente parou. Jungkook cochilava no colo de Jimin enquanto recebia carinhos na sua pelagem branca. Por sua vez, Jimin lia um livro aleatório que encontrara perdido. Sempre era entediante as viagens de vigilância pela fronteira, mas como o seu pai o mandou verificar tinha de cumprir as palavras dele.

A porta foi aberta lentamente e nela surgiu o rosto cansado de Taehyung. Horas sentado num cavalo não era fácil, principalmente quando a estrada de terra e cheia de pedrinhas não facilitava a locomoção.

– Chegamos à última etapa da fronteira. Iremos até à vila almoçar e depois retomaremos a patrulha. Queres vir connosco ou preferes ficar aqui na carruagem, Cobra?

– O branquinho está a dormir, se sair terei de o levar junto, porém penso que não seja uma boa escolha, um herbívoro no meio de carnívoros não dá certo... – Ponderou demoradamente o que fazer olhando para o animal em seu colo. – Acho que não tenho escolha. Levá-lo-ei escondido na minha capa preta.

– Jimin, está muito quente, vais sufocar se levares a capa preta... porque não deixas o animal aqui?

– Sozinho? Estás doido? Qualquer um pode sentir o cheiro dele e o devorar! Não o deixarei aqui!

– Como queiras... estás a por não só a tua segurança em risco como a dele. – O Kim afastou-se deixando Jimin descer para pegar na sua capa a vestindo e escondendo Jungkook com ela.

– Tu és o meu guarda particular, Taehyung, o teu dever é me manter em segurança. Eu sou mais que capaz de proteger o branquinho.

A porta da carruagem foi fechada com um clique e deixada aos cuidados de outros guardas enquanto Jimin caminhava lentamente na frente de Taehyung para não acordar o coelhinho.

A vila era bastante pobre, notava-se isso na estrada batida em terra. Havia algumas casas decadentes construídas em pedra. O único lugar onde podia-se encontrar comida era numa taberna no fim da rua movimentada por meia dúzia homens sem índole e cheios de vícios e algumas mulheres de má vida. Para um ómega, mesmo sendo filho do líder do reino, era um local perigoso, mas Jimin não parecia ter medo.

Caminhou com o queixo erguido em direção ao local que Taehyung lhe instruiu a entrar. Conseguia sentir o odor fétido daqueles alfas e betas com pensamentos pecaminosos na mente olhando-o de forma lasciva. Uma repulsa involuntária lhe fez sentir a bílis na boca e engoliu em seco se esforçando para não gregar naquele mesmo lugar.

– Este lugar é poder. – Murmurou baixando o olhar para os seus pés cobertos por sapatos de ceda pura. – Não vejo a hora de voltar para casa...

– Jimin por aqui. Temos uma mesa reservada. – Taehyung passou por ele e adentrou a taberna não dando atenção para os vários homens e mulheres que encaravam Park em cada mínimo movimento.

– Sinto-me a sufocar, como se me estivessem a devorar com o olhar... que nojo.

O ómega, passando por eles, seguiu Taehyung até à mesa reservada e se sentou junto ao alfa que já examinava o cardápio pobre da instalação.

– Não há muita escola, Cobra. O melhor que aqui podes encontrar é babata frita e arroz requentado. A carne é cara e mesmo assim creio que se encontre podre. – Erguendo a mão para chamar o garçon Taehyung encarava o volume que Jimin tentava esconder a todo custo dentro de sua capa preta. – Sabes que dá para se notar... quem não souber que tens aí um animal, deve imaginar que estás de pau duro...

– Não digas parvoíces, Kim Taehyung. Nunca ficaria de pau duro num lugar imundo como esse... – O olhar do rosado recaiu em suas pernas, mais especificamente no montinho aparente que lá se encontrava e sorriu mínimo. – A não ser que este ser peludo me deixe excitado...

– O que disseste? – Com uma sobrancelha levantada olhou sugestivo Jimin que corou minimamente ao se lembrar do beijo que tivera com o coelhinho adulto. – Desde que encontramos esse animal andas demasiado estranho.

Jimin não respondeu. Pegou o cardápio que Taehyung tinha pegado anteriormente e entreteu-se a virá-lo de um lado para o outro apenas para desviar o foco da conversa.

Após alguns minutos um beta mal-encarado aproximou-se da mesa dos dois com um bloco de notas velho. Olhou maliciosamente Park que apenas se manteve calado admirando o cardápio e deixou que Taehyung falasse com o homem. Com os pedidos registados e um beta longe dos dois, Jimin soltou o ar que nem notara ter prendido e verificou se Jungkook tinha acordado.

O coelhinho estava aconchegado à sua capa negra dormindo profundamente podendo-se ver o subir e descer de sua pelagem branca encantando Jimin com a sua fofura. As patinhas roçavam levemente a perna do ómega em sinal de que sonhava com algo e novamente um sorriso de apoderou do rosto da Cobra Rosa.

– Ainda gostava de saber o motivo de tantos sorrisos bobos. – O rosto desgostoso de Taehyung retirou todo o encanto que Jimin estava a sentir no momento. – Não me digas que te apaixonaste por essa cria de coelho. Ele é um herbívoro, Jimin! Não o podes ver como tua cria, mesmo tu sendo ómega.

Cobra tento inutilmente manter aprisionada a sua risada, mas falhou drasticamente quando ao não saber contê-la se viu chacoalhando a mesa e cadeira com as gargalhadas. Era hilário que um alfa sério como Kim Taehyung acreditasse que Jimin visse Jungkook como sua cria. Tudo bem que ele era um ómega, mas o pequeno coelho branco não era um filhotinho, era um adulto poucos anos mais jovem que o rosado.

A risada atraiu olhares julgadores de terceiros, os quais Jimin lindamente ignorou. Tivera até sorte não ter caído da cadeira como muitas das vezes que ria histericamente. Porém deu-se conta tarde demais que o branquinho de quatro patas não se encontrava dentro de sua capa protetora e sim com seus olhos brilhantes assustados, sentado no chão de pedra da taberna, com carnívoros famintos a rondá-lo.

Sentindo o desespero e medo de seu mais novo protegido Jimin levantou-se e o pegou rapidamente o escondendo em sua capa de novo, contudo aqueles carnívoros lambiam os lábios esfomeados farejando a sua próxima presa.

O ómega deu um passo para trás abraçando mais Jungkook contra si quando Taehyung se levantou e tocou sugestivamente a sua espada numa sutil ameaça não proferida, fazendo os carnívoros engolirem em seco.

– Ele não é comida seus nojentos. – Jimin ganhou coragens para falar após se sentir menos sufocado pelos odores repulsivos dos alfas e betas do local. – Procurem outras presas para comer, este coelho já é meu! Encostam nele, tornam-se carne morta!

Passando os dedos gordinhos pelos pelos brancos de Jungkook de forma a acalmar o serzinho Jimin voltou a se sentar na cadeira desta vez avistando o garçon já com a sua refeição pronta.

– Disse que era uma péssima ideia termos trazido essa cria connosco, Jimin. – Taehyung falou entre os dentes mordendo de seguida uma batata mal frita e colocando um punhado de arroz na boca mastigando.

– Não o ia deixar morrer naquele lugar, Taehyung. Mesmo que não concordes com os meus atos, agora tens de me ajudar a manter o branquinho vivo até chegarmos ao Reino! – Seguindo o mesmo ato de Taehyung Jimin abocanhou a comida e mastigou a custo. – Esta meleca é horrível! Iremos ao mercado comprar cenouras para ti mais tarde, Jungkook... não te coloco a comer esta mistela nem morto...

ϞANAϞ

SNAKE❃RABBIT「 JIKOOK ABO」Onde histórias criam vida. Descubra agora