Colegas de quarto

2.2K 51 8
                                    

Durante toda minha vida, sempre fui um cara muito estudioso, muito esforçado. E foi com essa característica masoquista que consegui sair logo empregado da faculdade de TI.

Não vou dizer que fui parar na minha empresa dos sonhos — até porque acho isso bobagem —, mas não é exagero dizer que fui muito bem empregado: eu era o mais novo gestor de riscos do escritório de gerência de riscos da Bayer, uma grande empresa de químicos. O que definitivamente acabou com meus anos de pobreza, graças a Deus.

Para efeito de comparação, por ora eu iria morar num apartamento concedido pela própria empresa junto de um colega de quarto misterioso. Esse cara do qual falo é um químico também recém contratado da empresa; aparentemente um prodígio, pois a única informação que sabia a respeito dele era que ele tinha 20 anos. E ele aparentemente iria ganhar cerca de 2 mil reais por mês lá. Enquanto isso, eu já entrei ganhando 5 mil por mês.

Não vou dizer que estou super empolgado para começar a trabalhar lá, porque essencialmente não me empolgo facilmente com muita coisa. Mas sou obrigado a confessar que estou muito feliz por já ter conseguido começar tão bem em algo assim.

E era essa felicidade que estava sentindo quando abri a porta do meu futuro apartamento pela primeira vez. Porém, pouco depois de ter jogado minhas malas no chão e apreciado a pequenez do apartamento, saiu do banheiro uma garota baixinha e branquela, acompanhada de muito vapor e de uma toalha de banho... Uma toalha de banho no cabelo, não nas partes íntimas.

De imediato, apenas senti minha felicidade virar confusão e incredulidade. Posteriormente, senti uma baita vergonha. Mas logo tudo virou medo; mais precisamente quando ela começou a gritar feito louca, ameaçando chamar a polícia.

Foi um tanto quanto complicado sair daquela situação ileso e são. Mas, depois de muita gritaria e de ela batendo em mim enquanto eu tentava fazê-la calar a boca, mostrei a ela o e-mail da empresa com as orientações de onde eu iria morar.

Ela ficou um pouco atônita a princípio. Depois me mostrou o e-mail dela, com suas informações idênticas às minhas.

Foi aí que descobri que meu colega de quarto, na verdade, era uma mulher... E, claro, foi aí que ela também descobriu que a colega de quarto dela, na verdade, era eu, um homem.

— O quê?! Você está me dizendo... Isso quer dizer, então, que você é meu colega de quarto? — ela bradou, ainda incrédula.

Particularmente, senti-me levemente ofendido com a entonação na fala dela. Mas não levei isso em consideração. Afinal, eu havia recebido o exato mesmo e-mail que ela... O qual não especificava nenhum dado sobre quem seria nosso colega de quarto — além da idade, como já havia dito, claro. Então acho que foi natural para nós dois pensarmos que seríamos do mesmo sexo. O que até me fazia compartilhar do sentimento de indignação dela, que originou aquela entonação na fala.

— Bem... É... Aparentemente, sim. Esse é o apartamento ao qual fui indicado, como diz o e-mail que te mostrei — respondi, ainda um pouco na defensiva.

— Não... Impossível. Eu pensava que eles mandassem homens e mulheres pra apartamentos diferentes.

Ela levou as mãos à cabeça, irritada, e sentou na cama do quarto, que ficava logo ao lado do banheiro, já desistindo de esconder as partes íntimas.

Mas foi justamente essa cena que me fez pensar alto, ainda que um pouco hipnotizado com as partes da minha mais nova colega de quarto:

— Talvez dividam homens de mulheres, sim... Mas com você eles devem ter ficado meio em dúvida.

Ouvindo-me, ela parou de pensar, meio incrédula, e então acompanhou o caminho do meu olhar.

Visto todo o seu descuido, a única reação dela foi bater as mãos na cara e deitar bruscamente na cama, frustrada.

Não sei ao certo da onde vinha a frustração dela, mas eu tinha um forte palpite: para minha surpresa, no calor do momento, minha colega de quarto baixinha e novinha não percebeu que tinha deixado de esconder seu segredo de mim, e, indiscriminadamente, acabou revelando a gigantesca tromba de elefante que guardava entre as pernas.

Eu também não sei dizer bem o que senti naquele breve momento de apreciação. Não sei se foi surpresa, não sei se foi intimidação, não sei se foi amor à primeira vista... Só sei que pude até sentir meus olhos arregalarem largamente ao se depararem deliberadamente com o monstro.

Todas elasOnde histórias criam vida. Descubra agora