𝐓𝐰𝐨

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★ 𝙼𝚒𝚕𝚕𝚒𝚎 ★

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★ 𝙼𝚒𝚕𝚕𝚒𝚎 ★

Eu estava deitada em minha cama lendo um livro e escutando música quando Julie deu três batidas na porta, logo abrindo a mesma.

— Oi, Jules. — Sorri sem dentes para ela, que se encostou no batente da porta.

— Oi. — Ela suspirou antes de prosseguir. — Então, você sabe que o papai vai vender a casa. — Logo meu sorriso se transformou em olhos cheios de tristeza, mas concordei. — Ele quer que nós esvaziemos o estúdio da mamãe.

Aquela frase me fez sentir uma pontada de tristeza no peito, e a voz melancólica de minha irmã não tornou isso melhor.

Julie veio até mim e se sentou na beira da cama. Ela analisou todo o meu quarto, que era cheio de posters da Taylor Swift. Olhou pelo teto, onde estava meu led ligado na luz roxa.

Minha gêmea se virou novamente para mim e me olhou com um olhar de "tudo bem, eu te entendo" . Ela se sentou ao meu lado, encostada na cabeceira, e segurou minha mão.

— Sei que é muito difícil, porquê também é para mim, mas a gente precisa seguir em frente. A mamãe vai ficar orgulhosa de onde quer que ela esteja. — Ela disse e eu senti seu polegar acariciar minha pele.

— Tá tudo bem, Jules. Vai ficar tudo bem. — Coloquei meu livro no colo e a abracei.

— Eu não vi você chorar. — Ela murmurou com a cabeça apoiada em meu ombro. Franzi o cenho e me afastei para encara-la.

— O quê? — Olhei para ela, que virou o olhar para seu colo.

— Não vi você chorar pela morte da mamãe. — Ela disse, me arrancando um suspiro cansado. Coloquei minha mão em seu queixo e ergui seu olhar para mim.

— Eu queria ser forte pra você, pro papai e pro Carlos, Julie. Já havia muito choro na casa, vocês não precisavam de mais. — Vi seus olhos se encherem de lágrimas e culpa. — Por favor, não chore, foi tudo que eu tentei evitar. — Limpei sua lágrima na bochecha.

—  Você não precisava ser forte, Millie. Nós só tínhamos quatorze anos. — Ela me abraçou rapidamente, me pegando de surpresa.

— Está tudo bem. Eu estou bem. — Menti, a abraçando de volta.

Há muito tempo não estou bem. Quando a mamãe morreu, comecei a ter crises de pânico e ansiedade o tempo todo, mas não pedi ajuda nenhuma vez. O que eu menos queria era dar mais trabalho para o papai.

As crises diminuíram ao decorrer do tempo, mas a saudade da mamãe, não.
Tudo que eu podia fazer era me afundar em livros, séries, música e tudo que me fazia deixar a dor um pouco de lado e que silenciava as vozes. Porém, o que eu mais amava fazer, hoje é meu maior medo. Cantar.

𝐌𝐀𝐑𝐎𝐎𝐍 - 𝘓𝘶𝘬𝘦 𝘗𝘢𝘵𝘵𝘦𝘳𝘴𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora