Prológo

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Uma parte dela não encontrava sentido na vida, não sentia vontade de criar objetivos nem aceitar as regras que a sociedade impusera. Uma parte dela não via uma válvula de escape saudável que a ajudasse, ou até mesmo uma válvula destrutível. Uma parte dela tinha medo de aceitar que veio ao mundo como um puro e singelo enfeite. Ela queria transformar o mundo, ou pelo menos a si própria. Uma parte dela sofria em silêncio enquanto sustentava todo o peso que carregara por anos. Mas essa era só uma parte dela...

Foi num dia totalmente comum e monótono que ela reparou em como não tinha tempo. Ela não tinha tempo pra viver como ela queria. Tinha que agir como uma filha responsável e mimada, tinha que ser uma boa estudante, tinha que fingir sentimentos que já a inundavam por dentro. Tinha que sofrer calada, pois sua vida era o que muitos dizem como privilegiada. Sua vida era normal, mas ela, ela não era normal, por mais que tentasse nunca teve um certo sucesso sendo ela mesma. Por melhores que sejam seus amigos, eles jamais aceitariam o seu verdadeiro eu. E a sociedade exilaria a sua mente um tanto psicopata.

Não há um dia que passe sem que ela pense em como a vida humana vem sendo desperdiçada ao longo dos anos, em como as pessoas alienadas continuam ignorantes à si próprias. E em como existem idiotas vagueando pelo mundo buscando nada mais que a felicidade plena. O que para ela não existe.

A felicidade pra ela é algo momentâneo. Mas o mau das pessoas, é que elas perdem tempo buscando algo que em determinadas horas do dia elas já obtêm. E essa é a parte injusta. Por mais que ela sorria, que ria, e que interaja, nunca é verdadeiro. Não é real. É teatral. Uma verdadeira farsa.

~ T R A J E T Ó R I A ~ (PARADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora