Doente de amor (Luberto)

Capítulo Único

E o verão teve início, trazendo junto consigo as férias escolares.

Giulia sempre visitava seu pai durante as férias, fora assim desde o divórcio de seus pais, e fora assim que ficara determinado pela justiça em função da guarda compartilhada da garota. Sendo assim, era óbvio que esse ano não poderia ser diferente.

Praticamente todas as férias eram parecidas... A exceção a regra era que agora, além de seu pai, Giulia também tinha Alberto lhe esperando em casa. Sabia que haveriam mudanças na dinâmica da família agora que tinha praticamente um irmão, mas a ruiva tinha certeza que aquela mudança seria boa (por mais que, às vezes, Alberto pudesse ser extremamente irritante).

Além disso, Giulia também tinha alguém para dividir o trem esse ano; Luca também voltaria para a Itália junto da ruiva. O garoto passou a viagem inteira falando sobre tudo o que faria quando estivesse em casa novamente... Sentia falta de seus pais, dos ares e da comida italiana, mas sentia falta de algo em especial: Alberto.

Sabia que haviam se passado apenas alguns meses, mas Luca sentia frequentemente que aqueles meses pareciam não terminar nunca. Sentia falta do melhor amigo... Queria nadar junto dele novamente, ouvir sua voz alta e escandalosa e rir de suas histórias e aventuras as quais Alberto sempre se metia e relatava nas cartas que enviava.

Mas não era como se o novo membro da família Marcovaldo estivesse diferente; Alberto pensava em Luca quase todos os dias. Guardava todas as cartas que o garoto lhe enviava com todo o carinho e tornava a lê-las dezenas de vezes quando a saudade apertava. Era óbvio que contaria os dias até as próximas férias, e esperaria ansiosamente pelo Paguro até finalmente se reverem e poderem matar uma parte da saudade que tanto lhes tirava o sono.

De acordo com a última carta que Luca lhe enviara, ele e Giulia deveriam estar de volta à Itália na próxima segunda-feira, mas aparentemente uma ligação que Massimo recebeu de sua filha tinha outros planos...

Era óbvio que ele não contaria a Alberto sobre a chegada antecipada dos dois; Massimo imaginou que seu filho fosse gostar daquela pequena surpresa... Só foram necessários alguns cuidados para que o garoto não desconfiasse de nada, mas Alberto era um pouco... "lerdo", vamos dizer assim, para certas coisas... De onde é possível concluir que ele não desconfiara de nada em nenhum momento; a ficha só caiu na manhã de sábado.

Alberto ainda estava dormindo, todo esparramado pela cama, babando nos lençóis e roncando baixinho nos momentos em que sua respiração não se encontrava tão estável. Já deviam ser quase 10 horas da manhã, mas Massimo deixava que o garoto dormisse até tarde nos finais de semana, já que acordavam bem cedo na maior parte dos dias úteis.

Nem o cheiro de café da manhã sendo feito conseguiu fazer com que Alberto acordasse. A única coisa que lhe fez abrir os olhos naquela manhã fora uma sequência de passos apressados e gritos de duas vozes das quais o garoto morria de saudade.

- Alberto!! - o rapaz sonolento ouvia o som se tornar cada vez mais alto conforme se aproximava. - Alberto, acorda!!

O garoto abriu os olhos, ainda deitado na cama. Aquela voz tão familiar... Seria ela a voz do..? Não... Não poderia ser... Luca e Giulia só voltariam de Gênova na segunda-feira... Então o que eram aqueles sons? Seriam eles algum tipo de sonho?

Alberto abriu os olhos e se sentou na cama, observando o próprio quarto ligeiramente bagunçado, tentando ter certeza de que estava mesmo acordado. Mas sua dúvida pareceu ter sido sanada no instante em que a porta de seu quarto se abrira às pressas, batendo contra a parede e produzindo um certo barulho em função do impacto. Uma vez a porta aberta, seu quarto foi invadido por um garoto de cabelos curtos e encaracolados, shorts azuis e uma camiseta de mangas curtas em tom azul mais claro. Alberto nem acreditou no que estava vendo.