Capítulo Dezoito
— Meu Deus. Acho que vou vomitar.
Ryle põe o polegar debaixo de meu queixo e inclina meu rosto na direção do seu. Sorri para mim. — Você vai ficar bem. Pare de surtar.
Balanço as mãos e dou um pulo dentro do elevador.
— Não consigo — digo. — Tudo o que você e Allysa me contaram sobre sua mãe me deixa muito
nervosa. — Arregalo os olhos e levo a mão à boca. — Meu Deus, Ryle. E se ela me perguntar sobre Jesus? Eu não vou à igreja. Quero dizer, li a Bíblia quando era mais nova, mas não sei responder nenhuma pergunta.
Agora Ryle está rindo de verdade. Ele me puxa para perto e beija minha têmpora.
— Ela não vai falar sobre Jesus. Minha mãe já te ama por causa das coisas que contei a ela. Você só precisa ser você mesma, Lily.
Concordo com a cabeça.
— Ser eu mesma. Ok. Acho que consigo fingir ser eu mesma por uma noite. Não é?
As portas se abrem, ele sai do elevador comigo, e seguimos na direção do apartamento de Allysa. É
engraçado o ver batendo à porta, porque acho que tecnicamente não mora mais aqui. Nos últimos meses, ele foi aos poucos passando cada vez mais tempo em minha casa. Todas as suas roupas estão em meu apartamento. Seus itens de higiene pessoal. Na semana passada, ele até pendurou aquela foto minha ridícula e desfocada em nosso quarto, e realmente pareceu algo oficial a partir de então.
— Ela sabe que moramos juntos? — pergunto. — Ela vê algum problema nisso? Quero dizer, não somos casados. E ela vai à igreja todo domingo. Ah, não, Ryle! E se sua mãe achar que sou uma vagabunda blasfema?
Ryle aponta a cabeça para o apartamento, e, quando me viro, vejo sua mãe parada na porta, chocada. — Mãe — diz Ryle. — Esta é Lily. Minha vagabunda blasfema.
Ai, meu Deus.
A mãe de Ryle estende a mão e me puxa para um abraço, e sua risada é tudo de que preciso para
sobreviver ao momento.
— Lily! — exclama ela, me afastando um pouco para poder me olhar. — Querida, não acho que
você seja uma vagabunda blasfema. Você é o anjo que há dez anos peço a Deus para cair no colo de Ryle! Ela nos acompanha para dentro do apartamento. O pai de Ryle é o próximo a me cumprimentar com
um abraço.
— Não, não é de jeito algum uma vagabunda blasfema — diz ele. — Bem diferente do Marshall
aqui, que colocou suas garras em minha garotinha quando ela só tinha 17 anos.
Ele lança um olhar fulminante para o genro, que está sentado no sofá.
Marshall ri.
— Está enganado, Dr. Kincaid, porque foi Allysa que colocou as garras em mim primeiro. Minhas
garras estavam em outra garota que tinha gosto de Cheetos e...
Marshall se curva para a frente quando Allysa lhe dá uma cotovelada na lateral do corpo.
E, como mágica, todos os meus medos desaparecem. Eles são perfeitos. Normais. Dizem vagabunda
e riem das piadas de Marshall.Impossível querer algo melhor que isso.
Três horas depois, estou deitada na cama de Allysa com ela. Seus pais foram dormir cedo, culpando o fuso horário. Ryle e Marshall estão na sala, assistindo a algum jogo. Estou com a mão na barriga de Allysa, esperando sentir o bebê chutar.
— Os pés estão bem aqui — diz, movendo minha mão alguns centímetros. — É só esperar alguns segundos. Ela está bem agitada hoje à noite.
Ficamos em silêncio enquanto esperamos a bebê chutar. Quando acontece, dou um gritinho e rio. — Meu Deus! Parece um alienígena!
Allysa entrelaça as mãos em cima da barriga, sorrindo.
— Estas últimas dez semanas vão ser um inferno — diz ela. — Já estou pronta para conhecê-la. — Eu também. Não vejo a hora de ser tia.
— E eu não vejo a hora de você e Ryle terem um bebê — diz ela.
Eu me deito e ponho as mãos atrás da cabeça.
— Não sei se ele quer ter filhos. Nunca conversamos sobre isso.
— Não importa se ele quer ou não — retruca ela. — Ele vai ter. Ryle nem queria se relacionar com
alguém antes de você. Não queria se casar antes de você, e sinto que um pedido de casamento deve acontecer em breve.
Apoio a cabeça na mão e me viro para ela.
— Faz só seis meses que estamos juntos. Tenho certeza de que ele quer esperar bem mais que isso. Não pressiono Ryle a acelerar nosso relacionamento. Nossas vidas estão perfeitas como estão. E, de
todo jeito, estamos ocupados demais para organizar um casamento, então não me importo se ele quiser esperar mais tempo.
— E você? — insiste Allysa. — Aceitaria se ele te pedisse em casamento?
Eu rio.
— Está brincando? Claro que sim. Eu me casaria com ele hoje mesmo.
Allysa olha por cima de meu ombro para a porta do quarto. Ela comprime os lábios e tenta conter o
sorriso.
— Ele está parado na porta, não é?
Ela assente.
— Ele escutou o que eu disse, não foi?
Ela faz que sim de novo.
Eu me deito na cama e olho para Ryle, apoiado no batente da porta com os braços cruzados. Não sei
o que está pensando depois de ouvir o que eu disse. Exibe uma expressão tensa; maxilar cerrado, os olhos semiabertos focados em mim.
— Lily — começa ele, firme. — Eu me casaria com você agora.
Suas palavras me fazem abrir o maior sorriso envergonhado, em seguida escondo o rosto com um travesseiro.
— Puxa, obrigada, Ryle — digo, minhas palavras abafadas pelo travesseiro. — Que meigo — comenta Allysa. — Meu irmão é mesmo um fofo.
O travesseiro é puxado de mim, e Ryle está parado a meu lado, segurando-o. — Então vamos.
Meu coração se acelera.
— Agora?
Ele faz que sim.
— Tirei o fim de semana de folga porque meus pais estão aqui. Seus funcionários podem cuidar da
loja. Vamos para Las Vegas nos casar. Allysa se senta na cama.