𝓔𝓼𝓯𝓸𝓻𝓬̧𝓸 ~ 𝓓𝓮𝓴𝓾𝓑𝓪𝓴𝓾 ~

¢αριтυℓσ |5| ~άɠυα ƈσɾɾҽ ʋҽɾɱҽʅԋα~

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Automutilação

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Não havia nenhuma razão real para Bakugou se automutilar. Tudo o que sabia era que a dor ardente o fazia se sentir vivo. Bakugou frequentemente se sentia zangado e entorpecido, mas a dor o fazia sentir algo diferente disso.

Ninguém nunca notou como ele mancava a caminho da aula de manhã ou como segurava suas calças pretas largas de forma que não tocassem sua coxa durante a aula. Ninguém nunca notou ou pareceu se importar que Bakugou estava agindo de forma tão diferente de si mesmo.

Bakugou ficou bom em desculpas quando alguém notou. Era fácil para as mentiras escaparem de sua boca. Ele teve anos de prática. Claro que alguns dias são um pouco mais difíceis quando ele tem que lutar contra as lágrimas, mas ele ainda pode fazer com que comam suas mentiras.

Midoriya era diferente, porém, ele sempre franzia a testa e balançava a cabeça. Bakugou detestou que a primeira vez que Midoriya viu algo errado.

Midoriya o arrastou para um armário e começou a fazer inúmeras perguntas. As perguntas eram simples, mas incomuns, Bakugou sabia que Midoriya fazia muitas pesquisas quando estava entediado, mas não sabia que fazia tanto.

Midoriya adorava ler, era uma de suas formas favoritas de passar o tempo. O que ele costumava ler era sobre o corpo humano ou coisas relacionadas a ele. Quando Midoriya era mais jovem, sua mãe caiu em depressão devido ao fato de seu pai ter abandonado os dois. Ele queria ajudar sua mãe, então começou a ler sobre depressão. Claro que Midoriya não será capaz de entender completamente o que sua mãe passou, mas ele conhece os sintomas e muitas outras coisas relacionadas à depressão.

"Ei Kaachan, como estão seus hábitos de sono? Eu sei que você sempre vai para a cama cedo, mas tem certeza de que vai dormir quando diz que vai?

"Você tem comido o suficiente? Você realmente deveria comer mais, você tem que ficar grande e forte."

"Tem certeza que está bem Kaachan? Você sabe que é bom falar sobre como você se sente, é bom para sua saúde mental."

"Você está tendo problemas para se concentrar? Você parecia distraído na aula, então eu só estava pensando.

"Estou sempre aqui se você precisar de alguém para conversar."

Bakugou odiava que aquecesse seu coração que Midoriya notasse essas pequenas coisas. Ele odiava que Midoriya ainda se importasse com ele. Ele nunca entendeu por que Midoriya ainda se importava com ele, Bakugou era um idiota completo para Midoriya, mas ele ainda ficava por perto, não importa o quão rude ou zangado ele agisse com o homem de cabelos verdes, isso nunca fazia Midoriya ir embora.

Claro que Bakugou queria Midoriya por perto, ele morreria antes de dizer isso em voz alta, mas ele também queria ficar sozinho. Bakugou se sentiu culpado pelas coisas que fez a Midoriya, ele queria sofrer assim como Midorya sofreu.

Bakugou cravou suas unhas opacas na pele irregular e áspera de sua coxa. A pele estava ligeiramente inchada e tinha um tom roxo-avermelhado. Isso trouxe um conforto estranho para Bakugou quando ele olhou para as marcas de queimadura. Ele nunca entendeu porque gostava de se machucar, era estranho para ele.

Bakugou fez uma pequena pesquisa depois de quase pegar uma infecção em uma das queimaduras. Bakugou estava bem com a dor, mas ele odiava mais a dor de uma infecção. Não era como se ele limpasse cada queimadura depois de terminar, ele se contentava com banhos e uma rápida esfoliação nas coxas.

Os padrões em sua pele eram feios, não se pareciam em nada com os ferimentos que ele recebia quando estava no campo. Ninguém nunca notou, então Bakugou nunca se preocupou em tentar torná-los menos perceptíveis ou se certificar de que não fossem muito grandes. Bakugou passa a mão sobre a pele irregular com um suspiro.

Bakugou estava mais uma vez no chão de seu banheiro. Ele não estava triste, Bakugou apenas se sentia entorpecido, ele queria pelo menos sentir algo diferente de não sentir nada.

A dor foi a próxima sensação, a queimação de sua pele quando se acendeu com sua peculiaridade. Sua pele ardia, trazia agonia, dava-lhe satisfação.

Ele solta um suspiro aliviado enquanto deixa sua cabeça descansar contra a parede fria de seu banheiro. A dor deu-lhe conforto, deu-lhe algo para se agarrar. Seus olhos arderam com a súbita onda de lágrimas, ele não queria chorar, mas sabia que se o fizesse, poderia se sentir menos como uma merda.

Bakugou manteve suas emoções sob controle, ele só chorou quando estava sozinho em seu banheiro à meia-noite. Ele apenas se permitiu ouvir os soluços sufocados que saíam de seus lábios. Ele foi o único que sentiu as lágrimas escorrerem pelo rosto.

Bakugou se sentiu sozinho, ele não tinha certeza de quanto tempo mais ele poderia segurar seu ato. Esse ato de ser forte e não fraco, ele só queria gritar e nunca mais respirar.