Capítulo 6

10 0 0
                                    


Eu definitivamente não queria me casar, não com Anton pelo menos...Sei que a escolha de aceitar foi minha mas eu não imaginava que seria assim
Bet estava ao telefone com a maior equipe de Buffet de Nova York tentando convence-los de pegar o trabalho com a desculpa de que a última equipe desistiu de última hora.
Eu estava escolhendo as flores que a floricultura nos enviou e provando o bolo e os doces da mesa que decidimos comprar separado.

Bet se jogou ao meu lado no sofá: — Fala sério esse povo adora uma fofoca, vão nos enviar três modelos de cardápio até às cinco da tarde para escolhermos. E aí já decidiu qual vai ser o sabor do bolo?

— Estou pensando no de nozes com doce de leite e chocolate.

— Amei, qualquer doce com nozes é o preferido de Anton, ele vai gostar também.

— Ótimo, sem querer escolhi algo que vai agradar ele.- Me joguei pra trás com a ironia do destino.

Ela riu e continuamos resolvendo as coisas. Parecia que Bet  já tinha feito isso umas vinte vezes antes, ela me ajudou a escolher todos os doces e as flores, mas sempre me deixava decidir qual ficaria no final, ela disse que querendo ou não era o meu casamento e devia ser do jeito que eu sempre quis.

Na sexta já havíamos fechado todos os contratos e só ficou faltando o vestido que sairíamos na segunda para procurar, Bet estava animada com isso e eu, bom eu não estava nem um pouco feliz.
(...)
Todo mundo parece estar lidando muito bem com tudo isso, menos eu, não vejo o Anton ou o Vincent dês de segunda e também não tenho falado com eles, acho que Bet pediu para que me deixassem um pouco sozinha.
Hoje é sábado então não tenho nada para fazer, sempre imaginei que a esta altura do campeoanato a minha vida estaria mais movimentada, como eu estava errada, nesse momento eu estou na cozinha terminando de preparar o almoço enquanto escuto música e danço desajeitadamente de pijama.
A campainha toca e eu acabo levando um susto e derrubando a vasilha de salada que estava em minhas mãos.
Revirei os olhos e corri para porta, afinal como tem alguém na minha porta se o porteiro não anunciou? Bet é a única que tem a chave da portaria, será que ela esqueceu alguma coisa?
Ao abrir a porta dou de cara com Anton, ele estava de jeans e blusa casual, apesar de todos esses anos jamais havia visto ele vestido assim.

— Espero que não se importe, mas Bet me emprestou a chave da portaria.

— Na verdade eu me importo sim, o que faz aqui?- Fui grossa, não é porque vamos nos casar que vou tratar ele bem.

— Precisamos conversar.- ele nem esperou eu responder e invadiu meu apartamento.

Eu fechei a porta ainda incrédula com a  atitude dele, afinal quem ele pensa que é para invadir a minha casa assim?
Ele estava de pé na sala ainda olhando pra mim, mas agora a expressão era diferente, nos seus olhos parecia haver um toque de luxúria e eu não entendia o porquê disso, ele me olhava dos pés a cabeça, então olhei para meu corpo então entendi o motivo daquilo, eu estava de pijama, mas não um pijama qualquer, um pijama de seda e renda azul claro que consistia em um short e uma top de alça fina todo transparente, basicamente eu estava completamente exposta a ele, rapidamente eu cobri meus seios com os braços e certeza que agora eu estava roxa de vergonha, corri para o quarto e me tranquei lá esperando morrer e não ter que encara-lo nunca mais.
Troquei de roupa e voltei para sala e agora ele estava na minha cozinha e havia recolhido toda a salada que estava espalhada pelo chão.
Sentei em um dos banquinhos do balcão e então esperei em silêncio até ele começar a falar.

— Resolvi aparecer de surpresa pois sei que se eu tivesse ligado você teria inventado alguma desculpa para não ter nenhum contato comigo até o casamento.-  ele não me olhava e eu agradeci por isso, ele sentou ao meu lado e ficou olhando para frente sem nem se quer se mover, parecia estar com medo. - Não nos conhecemos e precisaremos fazer os votos, então seria bom sabermos um pouco mais um do outro.

— Não precisava ter vindo aqui, eu podia ter feito uma lista dos pontos mais relevantes da minha vida.

— Poderia ser assim, porém vamos ter que  nos encarar em frente ao juiz e jurar nosso amor um pelo outro e nós sabemos que o que sentimos não dá pra ser chama de amor, está mais para o oposto.

— De quem será a culpa não é mesmo?-levantei e fui para a sala, me jogando no sofá em seguida.-  oque você quer saber? Eu não sou lá interessante.

— O básico pelo menos.

—Eu sou Órfã, tenho certeza de que se meu pai estivesse vivo ele estaria morrendo de vergonha da minha decisão de casar com você tão rápido assim, em parte fico feliz dele não ter que presenciar isso. Minha cor favorita é azul mas não qualquer azul, azul caneta. -enquanto eu falava ele anotava em seu telefone, se quer olhava para mim.- Odeio atividade fisica, mas amo caminhar no parque, me perco por horas lendo um bom livro, principalmente se for HP, adoro passar tempo indo em diversos restaurantes e conhecendo novas culinárias, porém a que mais me conquistou foi a cozinha italiana, não  há nada que eu não faça por um bom prato de lasanha, gosto de ir até o último andar de um prédio e sentir o ar gelado em meu rosto. Gosto de sair livre por aí na companhia  de Bet só pra papear e esquecer dos problemas que enfrento dia após dia. Sonho em conhecer a Grécia ou então  ir há algum show da Taylor Swift e aí acredito que vou ter zerado a vida. Acho que é isso.

— Pra quem disse que não é interessante há bastante caracteristicas que eu não atribuiria a você.- ele finalmente se levantou e veio sentar ao meu lado.- Vou tentar ser breve, de primeira já temos duas coisas em comum, eu também sou Órfão.- como se eu não soubesse.- Minha cor favorita também é azul mas diferente da sua é azul marinho, diferente de você  gosto de me exercitar, só o suficiente pra continuar em forma, gosto de pegar a estrada de moto ouvindo uma boa música e esquecer de tudo o que deixo para trás, incluindo a empresa. Gosto de viajar para lugares frios e desérticos, gosto de nadar a noite e me perder nos pensamentos, acredito que eu não tenha uma culinária favorita mas um prato que eu sempre gostei de comer é lagosta. Meu hobie favorito é  Perturbar o Vince, ele é a pessoa mais importante  da minha vida, sem ele acho que hoje eu não seria nada e acredito que depois de tudo o que nos dois conquistamos juntos não  há mais nada além de manter a empresa aberta que me motive.- Eu havia anotado o que achei de mais importante no bloquinho que estava na mesinha de centro.- Acredito que isso seja tudo.

— Bom, então acho que agora você já pode ir.-  ele se levantou olhando para mim.

— Antes de ir fiquei com uma duvida, oque é HP?- automaticamente eu ri.

— Vamos nos casar e você não sabe o que é Harry Potter?

— Era isso? Nunca me interessei nem em assistir e muito menos em ler, não faz o meu gênero.

— Vamos ter que corrigir isso.- Ele fez uma cara como se estivesse com dor e eu ri.- Acha que vai dar certo? Isso que estamos fazendo?

— Acho que ninguém tem a resposta pra isso, mas espero que dê, dependemos do sucesso deste plano.

— Acho que é a primeira vez que temos uma conversa descente.

— Não vamos chegar a ser melhores amigos, mas temos que nos suportar pelo menos.

— A maneira como nos tratamos é culpa sua, você começou com esse seu jeito, se continuar me tratando como sempre, isso, nós, esse plano, não vai chegar a lugar algum.

Ele ficou em silêncio e não disse mais nada, apenas caminhou em direção a porta e eu o acompanhei apenas com o olhar, ele abriu a porta e direcionou o corpo para fora do apartamento mas antes de fecha-la ele olhou pra mim e proferiu as seguintes palavras:— Até o altar Preston.- e então se foi.

(...)

Quando era mais nova eu sonhava com o casamento perfeito, o vestido, a entrada até ao altar, tudo minimamente planejado,eu imaginei isso tantas vezes e agora que isso está prestes a acontecer eu não me sinto como aquela garota, tão esperançosa  que sonhava em se casar com o homem que ama, agora a realidade era completamente diferente, tudo não passava de um contrato, um acordo entre duas pessoas que se odeiam, mas buscam pelo sucesso de uma mesma coisa. O casamento seria em dois  dias e agora com tudo pronto o desejo de me atirar de uma ponte aumentava cada vez mais, quanto mais perto chegava, mais infeliz eu ficava, queria poder voltar atrás, mas já é  tarde demais e há muita coisa em jogo.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 05, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

ScarletOnde histórias criam vida. Descubra agora