Sunoo sentia sua cabeça latejar. Estava já em seu apartamento, no mesmo dia em que descobriu todas aquelas coisas. Pensou bem se conversava com Sunghoon a respeito ou não, mas sentia que acabaria carregando um fardo e seria extremamente desonesto e egoísta, guardando pra si e omitindo do namorado. Ao mesmo tempo, pensava se Sunghoon gostaria de saber de algo assim, ou se simplesmente rejeitará a informação. Em todo o caso, só saberia se tentasse, não é mesmo?
Niki escolheu ficar em casa ainda, mesmo com os convites de Sunoo para ir passar algum tempo no seu apartamento. O mais velho dentre os dois estava genuinamente preocupado, se Yuta sumiu no silêncio de forma incompreensível, sentiu um receio de algo acontecer com Niki. Este que por sua vez insistiu em ficar, alegando que se a casa ficasse sem ninguém, as chances de alguma coisa acontecer, uma invasão ou algo assim, seria pior. O Kim não concordou com aquilo, mas não conseguiu convencer o irmão. Garantiu ao menos que Niki tomaria o máximo de cuidado possível, quando estivesse sozinho sem um amigo, trancasse todas as entradas e saídas da casa, com o telefone sempre próximo de si, qualquer coisa falaria com Sunoo.
Ainda faltava um bom tempo pra Sunghoon chegar, não haviam trocado mais mensagens desde que o Park avisou que ia falar com Rosé. Então, Sunoo focou na sua rotina de sempre, foi tomar um bom banho relaxante, deixou comida para Sunghoon, enquanto fez um milkshake pra si mesmo, de morango. Até se lembrar que trouxe consigo algo que tinha tempo para analisar: o diário de Yuta. Um lado seu gritava que seria uma baita exposição do irmão mais velho e que isso era contra a ética e a privacidade, mas caramba, Yuta estava desaparecido! E não importava mais a raiva ou se estava chateado com ele, talvez aquele diário pudesse dar algum mínimo rastro sequer. Caso não fosse um rastro, poderia talvez explicar algumas das coisas.
Pegou a caderneta de couro preta e foi até o seu quarto, seu quarto de casal com Sunghoon, se jogando na cama de barriga para baixo. Após estar confortável, finalmente abriu, começando a folhear aquelas páginas. No início, não parecia ser um diário e sim aquelas agendas de anotações aleatórias, pois achou coisas das mais variadas. Até uma certa página, que parecia ser antiga, achar a primeira escrita.
"Querido diário:
Não acredito que estou a fazer isso. Me senti uma criança de novo agora, mas a minha psicóloga recomendou que eu fizesse isso, talvez me ajudasse em algumas das crises ou quando eu fico mal, ou só quando estou sozinho e não há ninguém para compartilhar alguma coisa. Acho que posso tentar, então, oi. :)
Ass.: Y.N"Soltou uma risada soprada, antes de continuar. Yuta não contava muito sobre si, pelo menos a respeito de problemas pessoais e o que sentia, então aquilo era algo novo para Sunoo. Ainda mais com aquela assinatura no final de cada anotação, como se fosse uma carta direcionada a alguém.
O restante das páginas parecia algo mais cotidiano, havia as vezes um bom espaço de tempo entre as anotações, e havia dias em que ele chegou a escrever mais que uma página. O loirinho sentiu seu coração apertar um pouco, seria... Culpa? Por ter ficado tanto tempo ressentido com o irmão mais velho. Estava errado em não desejar falar mais com ele? Mesmo que ele nunca tenha pedido desculpas pelo o que fez todo esse tempo? Nessa história, alguém sairia machucado mesmo, mas não sabia quem seria mais. Em algumas, Yuta realmente falou sobre os "produtos", um dia era como se estivesse totalmente viciado e só falava sobre usar mais, e em outro dia desejava nunca ter adentrado naquele mundo. Uma confusão completa, de acordo com suas próprias palavras.
Até parar em uma que fez Sunoo prender novamente a respiração, por alguns segundos, enquanto lia.
"Querido diário:
Hoje eu fiz uma besteira muito grande. Uma grande imbecilidade. Fui à praia, descobri o que Sunoo estava a fazer nesse meio tempo que sumiu. Eu explodi, diário, só consegui sentir uma fúria que me assustou... Eu não sou assim! Eu sei que eu não sou... Na verdade eu não sei mais de nada. Eu tenho medo de mim, eu sou tão perigoso assim?
Bem, o ponto é que eu surtei, e falei muita merda. Eu abri o jogo pra ele sobre nossa mãe... Quer dizer, não sobre exatamente tudo. Mas que ela mandava dinheiro para eu impedir que nosso pai tentasse falar com ele, e com o Niki. Eu nunca entendi bem, mas eu precisei do dinheiro pra viver e pra comprar mais drogas... A mamãe estava metida nisso desde sempre, e acabou me chamando para ajudar ela, só que foi uma das piores decisões que eu pude tomar. Sou viciado, e meus irmãos não fazem a menor ideia disso. Mas é tarde demais..."
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Garoto das Borboletas 🦋 | SunSun
FanfictionSunghoon é intrigado pelo novato misterioso de sua turma na faculdade, um rapaz silencioso com cabelos loiros e uma bolsa amarela crossbody da qual nunca se separa. Mesmo sem nunca ter ouvido sua voz ou entendido o porquê de sua pressa para fugir qu...