O primeiro a quebrar o coração do outro (com reciprocidade)

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Sexta-feira era o meu dia favorito da semana porque sempre sabia que no final do dia eu teria o meu Jakey e o nosso quarto de hotel com filmes, lanches gordurosos e conversas bobas. Entretanto ultimamente quase não conseguimos nos ver, da última vez que saímos não foi só nós dois, mas sim nós e os amigos dele, sequer conversamos nesse dia.

Existe algo estranho com ele, só não tenho coragem o suficiente para perguntar o que seria. Um dos meus maiores medos de entrar em relacionamento era que começasse a dar errado para um lado só, o que aparentemente está acontecendo com ele, mesmo que seja a minha pessoa certa.

A questão que fica realmente é: existe a pessoa certa? Eu me sinto muito bem com ele, na verdade me sinto o homem mais feliz desse mundo inteiro quando estou com ele. Talvez eu não seja a dele. Ou talvez isso seja normal em relacionamentos, afinal é a primeira vez em toda minha vida que estou em um.

— Hoon?

Estávamos em uma chamada com os amigos dele, eles estavam jogando algum jogo que eu não perguntei o nome porque estava ocupado com um seminário que preciso apresentar na semana que vem. Talvez seja só a faculdade que esteja consumindo o nosso tempo.

— Oi...

— Eu irei me vestir agora, para ir te buscar. Tá tudo bem?

Talvez — não posso descartar essa opção —, talvez eu seja o problema.

— Certo, eu vou te esperar lá embaixo.

Ele disse apenas "ok" e eu me despedi de Heeseung e Nishimura. Talvez eu esteja pensando demais e não tenha nada acontecendo, afinal só parei para pensar nisso hoje, pode ser alguma paranoia que atribui do sonho que tive. Estou ficando maluco.

Tomei banho e vesti a camiseta que ele me deu no dia que me pediu em namoro, já faz quase um ano desse dia. Um ano e um mês que nos conhecemos e eu posso assegurar que foi o melhor ano de toda a minha vida, não entendo o porque que agora tá tudo tão diferente. A camisa já está ficando desgastada porque durmo com ela e ao lado da minha cama, onde costumava ter um pôster da Avril Lavigne agora tem várias polaroids de fotos nossas.

Não demorou muito para que ele chegasse e estivéssemos em seu carro, o lugar onde nos apaixonamos. Colocou alguma música da Taylor Swift para tocar, uma da nossa playlist colaborada que ele fez uns meses atrás com canções que lembra nós dois, ele é extremamente fofo.

— Ei, Park – falou ainda sem dar a partida. — Acho que precisamos conversar.

Talvez não seja paranoia, creio que minhas mãos estão suando tanto que posso derreter  a qualquer segundo.

— Sim, eu também acho.

— Pode começar.

— Por que você tá tão diferente esses dias?

Ele deu um longo suspiro e me encarou.

— Eu tenho que ir embora. Aconteceu algumas coisas na Austrália e eu preciso voltar, preciso sem ser uma escolha, sabe?

Concordei com a cabeça e continuei em silêncio.

— Eu te amo muito, Sunghoon. De todo esse tempo em que eu existi, a única coisa que eu tenho certeza é que eu amo muito você. Tu é alguém tão especial pra mim que não faz idéia do quanto me magoa isso tudo, por saber que vai magoar a ti também.

— Eu também te amo muito. Mas caramba, não podia ter dito isso quando descobriu? Eu teria entendido e não precisava deixar as coisas estranhas. Sempre fomos de conversar, Jaeyun.

— Desculpa – ele deu um sorriso de lado e abaixou a cabeça. — Eu não consegui, por amar você, acho que não consegui dizer que tenho que te deixar .

— Não podemos manter a distância?

— Desculpa, Hoon. A distância eu não conseguiria, não de novo. Além de não ser justo com você, você é incrível pra caralho, eu não irei te dar noventa e nove por cento quando você merece cem. Seria um risco para nós dois e eu não quero arriscar perder tudo porque tudo que eu tenho é você.

— E mesmo assim vai terminar comigo?

Ele estava chorando, eu não estava muito diferente. Não é como se ele também não merecesse um cem, não é justo para nenhum de nós. Nunca imaginei que isso poderia doer tanto quanto está doendo agora.

— Vou. Mas, me ouça, tá bem? Nós podemos ser amigos, eu não irei suportar não ter você na minha vida.

— Desculpa, eu não posso ser só seu amigo. Eu te amo e se quiser eu posso esperar por você, não precisamos estar em um relacionamento.

— Me desculpa.

— Tudo bem. Ainda temos essa noite, certo?

— Temos.

— Então vamos fazer com que seja a melhor noite das nossas vidas.

Nos abraçamos apertado enquanto choramos como crianças. Eu sabia que a minha intuição estava certa, mas se é algo que não posso mudar não tem muito o que fazer, apenas dar a esse homem a melhor das despedidas de todas, para que ele nunca esqueça que conseguiu sim ser a minha pessoa certa.

the very first nightOnde histórias criam vida. Descubra agora