Capítulo 1

6 1 0
                                    


O sol brilhava intensamente na praça Central de São Paulo, mas mesmo assim, a multidão estava cada vez mais fervorosa. Era o início da década de 60 e a cidade estava em ebulição, com a chegada de jovens idealistas que buscavam mudanças sociais e políticas profundas. Entre eles, estava a jovem Maria, uma garota comunista, decidida a lutar pelos seus ideais, ainda que isso significasse colocar sua vida em risco. Maria nascera em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, onde cresceu rodeada pelos ensinamentos de sua família sobre igualdade e justiça social. Quando se mudou para São Paulo, foi imediatamente atraída pela cena política fervorosa da época e se uniu a um grupo de jovens comunistas, decididos a mudar o país. Mas a luta não seria fácil. O Brasil estava em pleno regime militar e qualquer forma de dissente era duramente reprimida. Mesmo assim, Maria não se intimidou e seguiu lutando, participando de manifestações, distribuindo panfletos e usando sua voz para denunciar as injustiças que viam ao seu redor. Nesse dia, ela se juntou a multidão na praça, animada pela energia da multidão e pelo desejo de mudar o mundo. Mas, ao mesmo tempo, sabia que a jornada seria longa e perigosa. Ainda assim, ela não desistiria. Pois, para Maria, a luta pelos seus ideais era mais importante do que qualquer medo ou incerteza. Maria e André estavam sentados em um parque, descansando após uma longa jornada de manifestações e debates políticos. O sol começava a se pôr e o céu estava tingido de um lindo tom alaranjado.

Maria respirou fundo e olhou para André. Ela estava cercada por uma mistura de emoções: alegria pelo trabalho que tinham feito juntos, mas também medo pela incerteza do futuro. "André, eu estou com medo", ela disse, sua voz um pouco trêmula. "A repressão da polícia está cada vez mais intensa e eu tenho medo de que algo aconteça conosco." André colocou seu braço em volta dos ombros de Maria, confortando-a. "Eu entendo sua preocupação, Maria, mas não podemos deixar o medo nos paralisar. Nós temos que continuar lutando pelo que acreditamos, independentemente do risco." Maria concordou, mas ainda sentia uma pontada de ansiedade. "Eu sei, André, mas às vezes é difícil lidar com essa tensão constante. Parece que nunca podemos descansar."

André sorriu para ela. "Mas é justamente isso que nos mantém firmes e nos faz continuar lutando. Lembre-se, não estamos sozinhos nessa luta. Temos uma rede de apoio e, juntos, podemos mudar o mundo." Maria olhou para o amigo e sorriu, reconfortada pela sabedoria e coragem dele. Ela sabia que juntos eles poderiam superar qualquer desafio. Maria caminhava pelas ruas vazias, pensando nas palavras de conforto de seu amigo André. Quando chegou em casa, subiu até o quarto e se olhou no espelho. Ela observou seus traços, seu cabelo curto e castanho, sua pele morena e seus olhos castanhos intensos. Mas, de repente, ela notou algo diferente. As marcas de cansado e estresse eram claras em seu rosto e seus olhos pareciam mais cansados do que nunca. Ela pensou em como a luta pela justiça social e pela liberdade havia sido intensa e exigente, mas ao mesmo tempo gratificante. Maria suspirou, mas em seguida sorriu para si mesma no espelho. Ela sabia que essas marcas eram sinais de sua dedicação e coragem. Ela estava orgulhosa de ser uma garota comunista e estava determinada a continuar lutando pelos seus ideais, independentemente do preço. Ela sorriu novamente, desta vez com mais confiança e força, e saiu do quarto, preparada para enfrentar qualquer desafio que pudesse surgir.

Maria estava sentada à mesa da cozinha, jantando em silêncio com sua família. De repente, seu pai a interpelou: "Maria, o que você está fazendo nas ruas, participando dessas manifestações? Não entendo como você pode se envolver com essas pessoas perigosas e ideias loucas!" Maria engoliu em seco e tentou explicar: "Pai, eu acredito que é importante lutar pelos direitos das pessoas, pelo fim da opressão e pelo estabelecimento de uma sociedade justa e igualitária." Mas seu pai não queria ouvir. "Você está colocando nossa família em perigo! A polícia não brinca e você está correndo sérios riscos. Eu proibo que você continue com essa loucura!"

Maria sentiu sua raiva crescer. Ela sabia que seu pai não compreendia suas convicções, mas isso não significava que ela iria abandoná-las. Ela respondeu com firmeza: "Eu sei que isso é importante para mim, mesmo que você não concorde. Eu sou uma pessoa livre e vou continuar lutando pelos meus ideais." Seu pai bufou e saiu da cozinha, deixando Maria sozinha com seus pensamentos e sua determinação ainda mais fortalecida. Ela sabia que a luta não seria fácil, mas estava disposta a enfrentar qualquer desafio para defender o que acreditava. Maria subiu as escadas para o seu quarto, ainda sentindo a tensão da briga com o pai. Ela se sentou em sua cama e pegou o livro que tinha colocado na mesinha de cabeceira. Era um livro sobre luta popular e luta de classes, escrito por um pensador comunista. Ela começou a ler, mergulhando nas palavras e nas ideias que lhe inspiravam e a fortaleciam. A cada página, sentia seu coração se acelerar e sua determinação crescer. Ela se via nas páginas, lutando ao lado de outros como ela, unidos pelo sonho de uma sociedade justa. Maria sabia que a luta seria longa e difícil, mas estava mais do que nunca disposta a enfrentar todos os obstáculos. Ela fechou o livro e apagou a luz, adormecendo com uma sensação de paz e esperança em seu coração.

Maria acordou com o sol já brilhando forte, animada pelo dia que a aguardava. Ela se vestiu rapidamente e desceu as escadas para o café da manhã, seu coração ainda batendo forte por causa dos sonhos que tivera durante a noite. Depois de se alimentar, ela saiu de casa para a escola, caminhando pelas ruas animada pelo sol e pela brisa fresca. Quando chegou na escola, ela foi direto para a sua sala, mas, ao chegar, seu coração parou. Lá, sentado em sua carteira, estava Flávio, o garoto por quem ela era secretamente apaixonada. Ela ficou sem palavras, sem saber o que fazer. Flávio a olhou com um sorriso tímido e ela sentiu seu coração bater mais forte ainda. Ela caminhou lentamente até a sua carteira, sentindo os olhos de Flávio sobre ela, e sentou-se ao lado dele. Eles conversaram sobre o dever de casa e outros assuntos corriqueiros, mas, para Maria, o tempo pareceu voar e o resto da aula passou em um piscar de olhos.

Ela saiu da escola sentindo uma mistura de felicidade e confusão. Ela não sabia se devia contar para Flávio sobre seus sentimentos ou se devia guardá-los para si mesma. De uma coisa ela tinha certeza: esse seria um dia que ela nunca esqueceria.

Maria chegou em casa animada pelo encontro com Flávio, mas logo foi recebida com uma notícia triste. Seu pai lhe contou que a polícia havia prendido um grupo de comunistas naquela manhã e que estavam sendo acusados de subversão. Maria ficou horrorizada com a notícia, sentindo o peso da repressão ainda mais forte em seus ombros. Mas seu pai não parou por aí. Ele começou a gritar com ela, dizendo que suas ações eram perigosas e que ela estava se metendo em problemas que não eram seus. Maria tentou explicar que ela estava lutando pelos seus ideais, que ela acreditava que todos mereciam ter direitos iguais, mas seu pai não a ouviu. A briga continuou por horas, até que Maria finalmente foi para o seu quarto, exausta e triste. Ela não sabia o que fazer, estava cansada de ter que lutar tanto, mas sabia que não podia desistir de seus ideais. Ela pegou seu livro favorito e começou a ler, tentando esquecer a briga com seu pai e os problemas ao seu redor. Mas mesmo assim, o medo da repressão não a deixou em paz. Ela sabia que precisava continuar lutando, mas também sabia que não seria fácil.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 29, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Sangue VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora