IRMANDADE

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*Dom*

Lia adormeceu em meus braços depois de chorar a noite inteira, eu sabia que ela tinha pesadelos com a morte de nosso pai, mas aquela noite foi pior, eu prometi a ela que ficaria ali, até que ela dormisse.

Me lembrava de quando a levei para a oficina, ela devia ter uns 5 anos, uma menina pequena e com os cachos soltinhos todos bagunçados, ela queria fazer uma surpresa, tinha um desenho em suas mãos, aos olhos de outras pessoas seria um desenho feio, mas pra mim, era a coisa mais preciosa do mundo.

*Passado*

Nós aguardamos ele por mais ou menos meia hora, ele pegou a garotinha nos braços e analisou o desenho com ternura.

Logo tudo aquilo foi cortado por uma batida forte na porta de metal que fechava a oficina, ele me olhou assustado, e eu sabia que eram os capangas de um agiota que meu pai devia, peguei Lia de seus braços e a segurei.

- Esconda-se com ela, Dom!- ele ordenou assustado.

- Papai, o que tá acontecendo?- Lia perguntou com o rosto encostado em meu ombro.- Tô com medo...

- Tá tudo bem, meu amor, fica com o seu irmão.

Fui para atrás de um carro que estava na oficina, e a abraçei com força, escutei quando um deles entrou, antes mesmo que meu pai pudesse falar, ele foi parado com um soco em seu rosto.
Mesmo pequena, Lia sabia o que estava acontecendo, e quase gritou, tapei sua boca rapidamente, pessoas como aqueles homens eram cruéis, se soubessem que estávamos ali, Lia se tornaria alvo fácil.

- Os monstros já vão, eles não vão pegar você, o maninho tá aqui...- balbuciei enquanto cobria seu rosto.

As lágrimas escorriam em minhas mãos, enquanto escutavámos os gemidos de meu pai, sendo espancado, quando foram embora, eu escondi o rosto de Lia para que ela não o visse daquele jeito, mas foi impossível, a garotinha pulou de meus braços e foi direto para o seu pai jogado no chão. Ver suas mãoszinhas tão pequenas sujas de sangue me partiu o coração.

- Lia, deixa eu ajudar o papai, meu amor.- pedi pegando ela nos braços, liguei para Mia buscá-la, e fiquei ajudando o meu pai.

*Presente*

- Eu nunca vou soltar você pequena.- sussurrei enquanto passava as mãos no cabelo cacheado.

- Ela não é mais tão pequena, Dom.- Letty entrou no quarto de Lia, parando na porta.- Pesadelos de novo?

- Eu passei pela porta e a escutei gritar,
n

ão é novidade, amanhã seria o aniversário de morte dele, então...

- Dom, não pode protegê-la de tudo, uma hora ou outra ela vai chorar, e você não vai poder ajudá-la.

- Eu sei, mas eu sou tudo que ela tem, Letty.- deixei Lia sob o travesseiro e saí do quarto acompanhado de Letty.

Ela tinha razão, eu nem sempre poderia protegê-la, mas eu tentaria afastar qualquer mal que tentasse acabar com a vida da minha irmã.

*****

Lia estava na pista mais uma vez, era lá que ela ficava sempre que lembrava do nosso pai, tinha medo do que ela poderia fazer, e foi aí que meu problema começou.

Fast and Furious: Blood and LiesOnde histórias criam vida. Descubra agora