06. SEGREDOS DE UM PASSADO ESQUECIDO

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Olhe só. Esse que você está a me entregar possui algo nunca visto nas bibliotecas astrais. Você saberá depois que eu contar. Porque eu quero. Só o que posso dizer é que Sr. Fuc perdeu suas memórias mais antigas em um acidente de carro.

"Eu quando pequeno vivia a correr pelo parque de diversões. Ele era estranho e assustador. Eu corria em direção a um carrinho de algodão doce e lá encontrei uma menininha que olhava os algodões como se fossem joias raras para os adultos mais sedentos de poder. Sem seguir ao que meu pai tivera dito, que era comprar pipoca e levar o troco, comprei dois algodões e dei um para aquela menininha de minha idade. Ela com uma meia listrada em tons avermelhados aos amarelados, seu vestidinho tinha nas bordas uns lacinhos vermelhos igual ao maior que ficava nas costas na região da cintura e formava uma camisetinha nos ombros, seu cabelo tinha duas chiquinhas. Ela não entendeu, mas depois pegou e com vergonha deu um beijo no meu rosto. Eu sou muito pequeno, fiquei parado de boca aberta e com a mão no lugar onde ela beijara. Logo ela sorriu e saiu correndo para sua mamãe.

Até então minha sensação era de que aquilo era real.

Mas de repente o cenário muda. Eu estou no ensino fundamental, oitava ou nona série creio eu. Me via como um moleque de nono que parecia. Eu só ficava sentado na minha carteira tentando pescar, já que era uma prova, mas sem perceber a professora ficou atrás de mim e eu continuei pescando na prova e ela perguntava:

- Tá esperando ele responder a terceira questão? – ela falou calmamente que nem percebi o que acontecia.

- Sim, ele é muito burro, demora tanto para responder.- olhei um pouquinho para trás e me arrepiei todo – Ai meu Deus...

A professora tomou minha prova e me levou para a sala de espera para ter uma conversa com a senhora diretora da escola, que era a diretora mais conhecida pela sua rigidez, mas era só uma velha.

Fiquei horas esperando até que a porta se abriu e vi a coisa mais linda que já tinha visto, uma garotinha que, pelo que vi, amava lacinhos. Tinha laço em todo lugar. Blusa, short, sandália e cabelo, bem no rabo de cavalo. Ela olhou para mim e quando iria dizer algo, sua mãe a chamou, ela sorriu e deu tchau e eu paradão nada disse nada mexi, até que a diretora me chamou e ainda olhei para fora perplexo. Andei como um zumbi até que a porta da sala fechasse.

Por enquanto tudo era bastante real. Mas tinha uma sensação de que estava assistindo tudo de fora

Mais uma vez na sala de aula. Numa prova. Vou parar de novo na diretoria, mas desta vez, eu estudava junto com a menina do outro dia, e enquanto esperava na pequena salinha de espera, chegou a menina com a professora que a deixou lá também, já que tinha pescado também, mas foi de propósito, ela queria ficar comigo, bem perto, a gente conversou, e em algumas semanas éramos namorados.

Já estou notando a irrealidade nas trocas de cenas. Parece um filme. Eu devo estar sonhando. Verei onde isto chega.

O cenário mudou mais uma vez. E eu estou sóbrio percebendo o sonho. Desta vez estou numa festa, não entendi nada de começo. Comecei a caminhar entre as pessoas, esbarrando, vendo muita bebida, vi uns caras que me chamavam, não me eram estranhos, mas eu disse depois com um movimento de mãos. Eu percebi que agora eu era mais personagem da trama do que um mero observador. Esbarro em alguém. E me dá um aperto no coração. É ela.

- Amor! Onde você estava? Você sumiu, tinha só ido buscar um pouco de cerveja pra gente! – a musica aumentou.

- Eu... Eu... – gaguejei sem saber o que dizer, afinal não tinha lido nenhum roteiro, aliás, não tinha roteiro porque eu estava me lembrando daquele dia de alguma forma. Acho que já vivi isso.

O Que Poderiamos Ter Vivido...Onde histórias criam vida. Descubra agora