Dominique

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Dominique.
O 2º conto de Matt Uchôa.

Sexta-feira, 23 de dezembro de 2112.

"Silêncio, uma calmaria que não se pode encontrar em nenhum lugar da Terra, talvez nas profundezas do Oceano Pacífico, mas com todas as explorações acho difícil continuar assim por muito tempo. A grande desvantagem de trabalhar aqui é que 'no espaço ninguém pode ouvir você gritar', eu vi essa frase em um filme bastante antigo, de 1979, ela ficou na minha cabeça durante muito tempo, não sei por qual motivo, talvez ela um dia faça sentido.

Enfim, meu nome é Dominique Florette, setor 11 da base lunar A-19, localizado próximo à cratera Clavius, a terceira maior cratera do lado visível da Lua. Estou vindo transferida da base A-17, setor 5, também localizada próxima à cratera Clavius.

Estou gravando esta mensagem como parte do protocolo".

Dominique deu uma breve pausa.

— Se me permite dizer senhorita Florette, acho que o isolamento e essa distância do seu planeta natal está lhe prejudicando — começou a dizer uma das ginoides que trabalhava em seu setor, Anya, que havia acabado de entrar na sala —, vou pedir para que você se encaminhe para a central e faça um diagnóstico de suas funções.

— Anya, eu estou bem, só estava pensando alto, e eu nem estava gravando.

— Você sempre faz essa preparação antes de gravar seus diários de bordo? — indagou Anya com certa curiosidade.

Dominique olhou para Anya com um olhar de reprovação.

— Senhorita Florette, você sabe que estou apenas caçoando com você não sabe?

Dominique então mudou rapidamente seu olhar de reprovação para uma expressão de surpresa e ficou um pouco envergonhada por não ter percebido seu tom sarcástico.

— Desculpa Anya, às vezes vocês androides me confundem, não sei quando vocês estão falando sério ou não, e outra coisa que eu vou lhe pedir, me chame de Dominique, já que vamos trabalhar juntas.

— Vocês androides?

— Olha, não leva para o lado pessoal — Dominique começou como se quisesse se desculpar.

— Que seja - falou Anya virando-se de costas indo em direção a porta —, e a propósito eu sou uma ginoide, e não um androide.

— Desculpa Anya! Não quis lhe ofender! — falou Dominique num tom de voz mais auto para que Anya pudesse ouvir de longe.

Dominique estava em uma sala com vários computadores de última geração, onde era utilizado para fazer os registros dos diários de bordo.

A base onde estava era uma das mais novas construídas na superfície lunar que ficava a mais ou menos 20 km de distância de uma das maiores crateras da Lua, Clavius. A jovem Florette foi designada a esta nova base para estudar um objeto misterioso encontrado próximo ao local, junto a equipe que descobriu o artefato misterioso.

Dominique finalmente desperta. Ela estava sonhando, um sonho em uma realidade em que ela era uma mulher adulta e trabalhava junto com uma ginoide em uma base lunar, mas o que não saía de sua cabeça era o que foi que descobriram na Lua, de que objeto misterioso se tratava, e além disso, o sonho dela retratava um medo constante que possuía, a solidão, o medo de ficar sozinha, além disso ela havia tratado um duplicato de forma rude, o que ela nunca faria na vida real.

Essa era Dominique, refletia sobre seus sonhos, e tentava entender o que eles significavam. Mas o motivo principal pelo o qual a pequena Dominique pensava demais em seus sonhos era porque achava que poderia ser uma ginoide.

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