Love You For a Long Time ✦ (l.s)

Capítulo 1

No início da tarde Harry tinha terminado de arrumar a maior parte da casa, era uma grande propriedade e não recebia uma limpeza há um mês, ele tinha encaixotado parte das roupas de Gemma, deixando algumas peças para trás, para que Lila também fizesse parte disso, talvez fosse saudável, Harry não sabia na verdade, eles não poderiam manter todas as roupas, uma boa parte delas seria doada mas sua sobrinha poderia querer ficar com algo, ter alguma lembrança física de sua mãe, sentir o cheiro dela nos tecidos o quanto durasse. Ele vagou pela casa, conhecendo cada canto dela, se sentindo perdido ali dentro não apenas pela situação, procurando materiais de limpeza, abrindo portas de armários, procurando na garagem, nos cômodos dos fundos, até no sótão debaixo da casa, mas depois de horas o ambiente estava limpo e Harry cansado.

Perto das seis horas a tensão voltou a se apoderar de Harry, quando a campainha tocou e o inevitável bateu em sua - nova - porta, era o senhor e senhora Thomas, os vizinhos que se prontificaram a cuidar de Lila naquelas duas semanas. Depois do enterro de Gemma, Harry ainda não tinha visto a sobrinha, sabia que ela estava se recuperando bem pelos telefones rápidos com a senhora Thomas fazia ao amanhecer, mas Lila estava calada, e comia pouco. Quando a campainha soou pela segunda vez, Harry esfregou as pernas para ter coragem, respirando fundo, não tinha mais como negar, aquela era sua nova vida e Lila fazia parte dela por tempo indeterminado. Então ele se levantou do sofá, andando em direção a porta para recebe-los, forçando um sorriso gentil no rosto, mesmo com os olhos escuros e inchados de cansaço e tristeza.

"Boa tarde, senhor e senhora Thomas." Harry disse, saudando os adultos, ambos parados ao redor de Lila, que segurava suas mochilas e uma bolsa xadrez rosa com tela que o alfa não conseguiu prestar atenção para identificar o animal dentro, os curativos no rosto tinham ido embora, agora ela tinha apenas a pele rosada nos machucados e pontos, além do mais, ela também tinha olhos cansados, olhos tipicamente Styles, inchados e arroxeados. Antes que Harry pudesse saudar a sobrinha, ela passou por ele, batendo suas tralhas contra ele, entrando na casa que lhe pertencia, sem dizer uma palavra, um pouco mal educada mas os outros dois adultos compreendiam, sabiam como Lila era antes daquela tragédia.

"Tchau Lila, pode aparecer sempre que quiser querida." A senhora Thomas disse, e Harry apertou os lábios, não ouvindo uma resposta da sobrinha, vendo a mulher sorrir de lado, encarando o marido preocupada, forçando um sorriso e abraçando os próprios braços, sendo reconfortada pelo marido, todos se preocupavam, eram uma comunidade unida, Gemma era querida, Lila também. "Precisa fazê-la comer, nós tentamos por dias, ela só faz uma refeição, minha filha mais velha é dois anos mais velha, Lila estava dormindo no quarto dela, e ela me disse que escutava Lila chorar de noite." Disse, mexendo a garganta, e Harry abaixou os olhos ouvindo aquilo, não sabendo o que a senhora Thomas esperava que ele fizesse a respeito do sofrimento da sobrinha, quem sabe encontrar uma psicóloga.

"Eu vou cuidar disso! Muito obrigado por cuidarem dela nessas duas semanas." Harry disse, esticando os cantos da boca para cima, não era propriamente um sorriso, apenas um gesto agradecido, o senhor Thomas balançou a cabeça, abraçando a esposa que piscava os olhos claros, como se pudesse chorar olhando para Harry. Aquilo era o pior, o que dava mais raiva nele, os olhares de pena, palavras como "meus pêsames" ou "Gemma era muito querida" o tempo todo em suas orelhas, Harry estava farto.

"Pode nos procurar se precisar, Harry. Estaremos de portas abertas para você e Lila quando quiserem, apareçam para o jantar." Foi a vez do senhor Thomas dizer, e Harry abriu suas narinas, mexendo a cabeça devagar, ainda agradecendo, pela gentileza e preocupação, no entanto, era visível que os Thomas não acreditavam que ele era capaz de cuidar de Lila, mas honestamente, o alfa não estava julgando, ele também não acreditava ser capaz, eram obrigações demais, um peso em suas costas, contas, uma casa, sem um emprego, com uma adolescente que se recusava a dizer uma palavra sequer.