Cor preta - Vazio.

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Incrível como as crianças conseguem ser felizes. Estou agora sentado em um banco de um parque no centro da cidade de Austin no Texas, muito conhecido e bem movimentado. Elas brincam nos balanços, escorregam nos escorregadores, divertem-se na gangorra e fazem castelinhos de areia.

Queria eu ter toda essa alegria e esquecer os problemas do mundo, vivendo o agora sem me preocupar com nada. Mas infelizmente não posso, afinal, sou um adulto de 28 anos. Jovem, mas com responsabilidades e não posso simplesmente esquecer tudo e todos apenas para viver minha vida.

Olho meu relógio de pulso de cor preta com ponteiros mostrando-me meu quase horário de trabalho. Levanto-me suspirando e começo a me afastar do parque andando em direção ao meu local de trabalho. Eu trabalho em um pequeno escritório de advocacia, mas cheio de profissionais competentes.

Chegando lá me depresso com o ambiente. Aquele branco desbotado das paredes com o preto dos ternos dos funcionários se misturando com o barulho ensurdecedor dos discar das teclas. Não que eu não goste de trabalhar aqui, afinal eu ganho muito dinheiro.

Sento-me na minha cadeira e me junto aos outros no serviço. Estava tão imerso que nem percebi a hora passar, foi quando meu chefe chamou meu nome:

- Senhor Dolph, por favor venha ao meu escritório. - Deu o comando em frente a porta de sua sala, logo adentrando de volta.

- Sim senhor. - O respondi levantando-me da minha cadeira e indo em direção à sala do chefe.

Bati na porta, logo em seguida entrei. O vi lendo e remexendo em alguns papéis sorrindo antes de ter sua atenção voltada para mim.

- Depois de tantos anos, iremos ter uma nova funcionária. Quero que você a aconselhe e a guie no que ela precisar dentro do escritório. - Afirmou, sem ao menos me consultar antes. - É repentino, mas sei que será competente nesse favor. Confio em você, senhor Dolph.

-  Tudo bem, fico feliz em ser útil. - Falei dando um sorriso miúdo.

Fico mesmo feliz?

- Ótimo! Ela chegará hoje às 11:00. Conto com você.

Afirmei com a cabeça e sai da sala. Mas antes disso, meu chefe entregou-me a ficha da novata. Claro que ele estava feliz com a novidade, ele é um predador sexual ambulante e ninguém tem coragem de confrontá-lo. Tenho nojo dele.

Retornei à minha mesa e abri a ficha da mulher que trabalhará conosco.

O nome dela é Bella Green, uma jovem bonita com cabelos castanhos escuros, olhos verdes, bem vestida e de origem inglesa; ela também estudou na faculdades de Harvard. Um perfil incomum para nosso escritório. "Aposto que essa foi uma das coisas que deixou aquele merda feliz", pensei e encarei a imagem de Bella.

Apesar de eu não gostar muito do meu chefe, ele faz um bom trabalho. Uma pessoa com um perfil como o dela e com um currículo daqueles não se encontra todo dia. Ainda mais onde trabalho, que é um lugar pouco conhecido.

- Com licença? - Uma voz feminina me chama atenção. Estava tão no modo automático que nem havia percebido a presença da mesma. - Você por acaso seria o Matteo?

Era ela.

- Ah sim, me desculpe por não atendê-la antes. - Falei me levantando e cumprimentando-a. Olhei de relance para o relógio de parede que se encontrava na parede atrás da moça, marcada 11:15.

- Sem problemas. Podemos começar?

Bella usava um vestido branco florado a cima dos joelhos, seu cabelo estava amarrado com a franja solta dando um charme para seu rosto.

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