Capítulo 10

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No dia seguinte, Janja  acordou cedo para ajudar o homem a se preparar. Os dois preferiram deixar Luisa descansando por mais tempo

_ Eu quase não dormi.

_ Ela estava bem agitada

Lula falou enquanto continuava a se vestir

_ Não foi por isso. Eu vou sentir falta dos seus abraços

_ Eu também vou. Me ajuda aqui com essa gravata por favor minha vida, eu odeio fazer isso

O homem lançou um sorriso de lado e a mulher se levantou indo ajudá-lo

Poucos minutos depois , a garota levantou indo até a sala às pressas.

_ Pensei que já tivessem ido

A menina falou enquanto se sentava a mesa

_ Não sem você . E então, como eu estou?

_ Com a cara de quem vai ser o próximo presidente do Brasil. Tá gato

_ A nossa filha tem razão, você tá gato amor.

_ Só vocês duas viu..filha, termina de comer e vai se trocar. Temos pouco tempo e seus tios já estão vindo

Luisa assentiu e logo correu para o quarto. A menina voltou vestindo uma blusa vermelha Babylook com uma calça jeans, seu All Star preto e seu inseparável boné preto e vermelho da CPX

_ Essa aí não nega né

_ Jamais Mamãe.

Após tirarem uma última foto, os três saíram do apartamento.

[...]

_ Não fale com ninguém . Por agora , você não poderá receber visitas íntimas, apenas de seu advogado. Mas vamos trabalhar para driblar isso

_ Eu vou ficar bem Gleise

O homem sorriu

_ Hora do show

Marcos falou e abriu a porta saindo do carro e se deparando com diversos Flashs. Luisa saiu pelo outro lado junto com Fábio e Sandro e logo atrás vinham Janja, Lula e Lurian

As pessoas gritavam, os repórteres queriam declarações . Lula subiu até o palanque montado e começou a discursar

Filhos e Namorada permaneciam em sua retaguarda.

_ Eu não tenho medo deles. Eu até já falei que gostaria de fazer um debate com o Moro sobre a denúncia que ele fez contra mim. Eu gostaria que ele me mostrasse alguma coisa de prova.

As pessoas que acompanhavam o discurso , gritavam "LULA LIVRE" "MORO NA CADEIA" e isso emocionava os familiares que ali estavam. Janja apertava a mão de Lurian , enquanto Luiza abraçava Marcos

_ às vezes, tenho a impressão -  porque eu sou um construtor de sonhos. Eu há muito tempo atrás sonhei que era possível governar esse país envolvendo milhões e milhões de pessoas pobres na economia, envolvendo milhões de pessoas nas universidades, criando milhões e milhões de empregos nesse país. Eu sonhei, que era possível um metalúrgico, sem diploma universitário, cuidar mais da educação que os diplomados e concursados que governaram esse país. Que era possível diminuir a mortalidade infantil levando comida para que as crianças pudessem se alimentar. Eu sonhei que era possível pegar os estudantes da periferia e colocá-los nas melhores universidades desse país. Daqui a pouco vamos ter juízes e procuradores nascidos na favela de Heliópolis, nascidos em Itaquera, nascidos na periferia. Nós vamos ter muita gente dos Sem Terra, do MTST, da CUT formados.

Marcos chorava emocionado. Ele e seus irmãos viram de perto toda a luta travada pelo ex-metalúrgico ao longo dos dois mandatos

_ Eu cometi esse crime e eles não querem que eu cometa mais. É por conta desse crime que já tem uns dez processos contra mim. E se for por esses crimes, de colocar pobre na universidade, negro na universidade, pobre comer carne, pobre comprar carro, pobre viajar de avião, pobre fazer sua pequena agricultura, ser microempreendedor, ter sua casa própria. Se esse é o crime que eu cometi eu quero dizer que vou continuar sendo criminoso nesse país porque vou fazer muito mais.

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