único

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❝ — Essa não sou eu te mandando embora, ou desistindo de você. Essa sou eu decidindo que eu estou tentando, por mim, parar de amar você. ❞

...

LILIANA CRESCEU SABENDO que tinha problemas com homens, afinal nem poderia ser diferente vindo de um ambiente tão opressor quanto o que viera crescido. Mas ninguém jamais tinha lhe dito que isso a afetaria tanto nas suas relações com o sexo oposto conforme crescia, não a entenda de modo errado, ela sempre tivera noção de que seu pai fora um abusador, e se tinha algo que sua mãe tinha tentado era construir paredes onde a filha se sentisse segura para sair dessa bolha de violência.

Tivera quem diga que os filhos aprendem a se relacionar com pessoas que lembrem seus pais, mas se tinha algo que Liliana acreditava era que ela jamais se deixaria cair nas garras de alguém que a levasse para o limite mais turbulento e assustador da sua mente, que a deixasse na beira do precipício com a escolha de cair ou voltar para tudo aquilo, sem ver um verdadeiro futuro longe de si.

Mas o problema não era ela, como poderia ser se ela sequer tinha uma estabilidade sequer formada de como uma relação saudável e respeitosa poderia se formar?

Ela jamais vira Isaac como o grande vilão da sua história, ou o grande monstro a ser destruído, ela jamais poderia, ela não queria ser apenas a vítima, a pessoa que todos viam como uma santa quando se escondia pelas suas barreiras. Apesar de tudo aquela era Liliana quebrando o ciclo, era Liliana destruindo suas barreiras, era Liliana tentando.

Tem sido difícil me ajustar
Eu tinha as rodas mais brilhantes, agora elas estão enferrujando
Eu não sabia se você iria se importar se eu voltasse
Eu me arrependo bastante disso
Estacionei o carro na estrada para o mirante
Poderia ter seguido meus medos até o fim do caminho
E talvez eu não saiba exatamente o que dizer
Mas eu estou aqui na sua porta

Liliana arrumou os cabelos cacheados, ela estava nervosa, o que não era uma grande novidade, ela nunca fora muito popular. Sempre foi bonita, pequena o nariz redondo as bochechas gordinhas, os cabelos cacheados longos e um sorriso que iluminava até as mais escuras das salas, mas ainda sim ela jamais se vira como bonita, por mais que incessantemente tivesse tentado.

Ninguém nunca a visto daquela maneira, ou claro, era o que ela achava, mas então viera Isaac, e como uma chuva curta em um dia qualquer, alguém tinha a notado, ele era bonito, talvez mais do que ela sequer pudesse esperar, mas de mesma maneira ele era, inconsistente.

Ele tinha seus momentos que a tratava como uma princesa, mas ainda sim tinha seus momentos que precisava que o louvassem, que o mundo caísse em seus pés, e ela pensara que talvez o problema fosse ela, que não era suficiente, que não tinha mais o "brilho" do começo da relação.

Ela suspirou, e decidiu pegar a escova, Isaac sempre a olhava diferente quando ela tinha os cabelos lisos, e talvez fosse aquilo que ela precisava, estar diferente, melhor.

Quando menos esperava, saiu pela porta e andou até a casa dele, a grande porta escura se abriu, e então era viu o brilho nos olhos dela, e céus, ela queria ver aquele brilho por todo o tempo que conseguisse.

A festa era sem graça alguma, não  muito diferente de todas que ele já tinha a levado. Eram apenas adolescentes bêbados rindo e dançando, falando merda como se fossem os donos da porra do mundo, que não eram absolutamente nada.

E Liliana sentiu, quando a postura dele mudou, o sorriso antes doce se tornou frio, as mãos carinhosas agora pareciam grosseiras e possesivas demais enquanto todos falavam o quão feliz estavam pela volta deles, enquanto Lili falava o quão certa era aquilo e que não se via sem Isaac.

THIS IS ME TRYING, originalOnde histórias criam vida. Descubra agora