[Notas da autora]
Aaaaa, já faz uns anos que eu escrevi isso... ela tava na minha lixeira da outra conta e eu quis resgatar. Não é a melhor coisa que eu escrevi na vida, mas até que eu gosto dela, não sei o que se passou na minha cabeça pra ter escrito isso lá atrás, mas enfim... espero que pelo menos valha uma leitura.
Eu não revisei :) mas eu vou, em breve...
Navegando além das estrelas, no céu opaco da via láctea, a última chuva que viu foi de asteroides, rezando em pensamento para não ser atingido. Sunghoon permanece aqui, dentro da cabine da pequena nave, admirando o grande espaço inabitado pelos humanos como ele. Quem sabe, alguma companhia flutue imperceptível a seus olhos, vagando sem rumo de planeta em planeta, apenas saboreando a própria existência, despretensiosamente.
Sunghoon preferia estar em casa.
Ele olha para baixo, através do capacete e do denso vidro da cabine onde está sentado diante da mesa de controle, vendo o grande ponto azul, o ponto que chama de lar. Há poucos dias desde que esteve ali, na Terra, mas já sente enormes saudades da umidade e do petricor — como alguns conhecem o cheiro da chuva.
Mas nem é só isso... Sunghoon tem alguém, uma pessoa com uma porção de outras fragrâncias e que o lembra do sabor dos dias molhados, da textura da água da chuva sobre a língua, da sensação do calor dele em sua boca.
Park Sunghoon lamenta não poder aspirar as laranjas nos cabelos recém lavados do namorado, sentir o pêssego do hidratante passado no corpo antes de dormir, farejar o suor de sua tez depois do sexo, absorver o aroma nos lábios que parece mudar a cada beijo, apreciar o cheiro de casa que tem nas coxas dele e tudo o mais que seu olfato possa alcançar. Ele sente falta de tudo, sem exceção.
No espaço, não existe a chuva como conhece, assim como não existia o calor que tanto anseia. São poucos os momentos dessas viagens interplanetárias para se estar acordado, mas, estando de olhos abertos e pensamento ligado, ele só consegue ter em mente uma coisa: Kim Sunoo.
Sunghoon é tão feliz quando lembra que, mesmo sendo esta sua terceira ida aos confins de Marte, Sunoo nunca o abandonou. Mas talvez seja hora de esquecer as viagens e pensar em algo mais importante: o futuro, o futuro compartilhado.
O desejo de não perder mais nenhum dia de chuva cresce em si, Sunghoon quer aproveitar cada momento chuvoso ao lado de Sunoo. Quer ele mesmo passar o shampoo de laranja nos cabelos ligeiramente grandes e sentir com os lábios cada pedaço da pele gostosa, descontar no amante toda a saudade que guarda no peito de astronauta, que se expande mais que o espaço.
Irá levá-lo para comer no restaurante favorito e, ao chegar em casa, após o jantar, dançar na sala, ao som das antigas baladas que adoram ouvir, mesmo que todos digam ser antiquado. Sentir o rosto dele na ponta dos dedos e afagar os cabelos sedosos e castanhos, como os olhos de Sunoo.
Sunghoon suspira pesadamente, precisa entrar logo no estado de hibernação programada. É hora de esquecer dessa dorzinha boa que relembrar o outro lhe causa.
[...]
Sunoo abaixa a tela de seu notebook, após ouvir as trancas da porta do apartamento dez mil e dois fazerem um barulho revelador, deixando-o ansioso. Alguém, em pouco tempo, passará pela entrada e Sunoo sabe que é seu namorado, Park Sunghoon, chegando de sua última viagem à Nova York — uma das quais ele faz esporadicamente junto da editora para a qual trabalha, a fim de acertar detalhes sobre algum design de capa de livros em processo.

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Petricor
FanficEntre beijos, histórias fictícias sobre astronautas e canecas de chá esquecidas, Park Sunghoon e Kim Sunoo matam a saudade um do outro.