No one noticed

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Quando Alice tinha quatro anos, seus pais do nada acordaram ela e seus irmãos durante a madrugada.
Seu pai explicou que seu tio Carlos havia morrido e que tinham que ir no funeral.

A garotinha, que apesar de esperta, não entendeu bem, ela nunca mais veria o tio Carlos?
Ela gostava tanto dele.

Foram ao funeral, que iria acontecer em Monterrey.
A pobre Alice estava confusa, então se aproximou do irmão
-Marco, o que aconteceu com o nosso tio?

Marco, seu irmão, era três anos mais velho que a garotinha, e ele havia entendido melhor sobre o que houve então explicou para ela.
Explicou que eles nunca mais veriam o tio Carlos, porque ele mesmo tinha tirado sua vida, e que quando as pessoas morrem não podemos mais ver elas.

-Mas eu amo muito o tio Carlos.
Murmurou ela chorosa

-Eu sei Lice, mas você ainda vai ter ele aqui- colocou a mão sob o peito dela- em seu coração.

Alice também não havia entendido o por quê de seu tio ter tirado sua própria vida, mas na época acabou não perguntando.
Agora quase dezoito anos depois, ela entendia bem.

O recepcionista havia recebido a ligação que um trauma chegaria em breve, que era uma mulher jovem que tinha tentando se matar.

Ela esperou junto com os médicos a ambulância no estacionamento.
A ambulância chegou e tiraram a maca com a mulher de lá, ela logo a reconheceu, era a enfermeira que havia ajudado ela no trauma hoje mais cedo.

Um calafrio correu por sua espinha, lembrou do seu tio, e de como ninguém percebeu que ele não estava bem, se sentiu mal, porque cometeu o mesmo erro com a enfermeira.

-Mulher, vinte e nove anos, tentativa de suicídio por remédios controlados, pressão 6/8 batimentos 40.

-Meu Deus, Carol.
Exclamou o Dr.Ross chocado e desesperado.

Entraram correndo no hospital, alguns outros médicos e algumas outras enfermeiras foram ajudar eles no trauma.
Dessa vez nem pediram pra ela tentar entubar, era uma deles, não poderiam arriscar deixando uma coisa dessas nas mãos de uma estudante, mesmo que fosse por fins acadêmicos.

Fizeram todo o procedimento, tudo que podiam.
Carol estava em coma, e se não acordasse pela manhã seguinte é provável que nunca mais acordasse.

Eles sairam da sala de trauma exaustos, ela e John foram até a sala de descanso dos médicos verem se tinha café.

Serviram café e se sentaram no sofá que tinha ali.

-Acha que ela vai ficar bem?
-Não sei.
-Ela foi legal comigo quando eu cheguei aqui.
-Ela me ajudou num trauma e dedurou um dos médicos que havia simplesmente me deixado lá com uma intubação pra fazer sem supervisão.
-Estão falando que ela pegou os remédios daqui.
-E ninguém percebeu.
-Ninguém.

Ela se escorou no ombro de John e fechou os olhos, relaxando por alguns segundos.
Estava exausta, esgotada fisicamente e emocionalmente.

A porta se abre e é Benton quem aparece
-Vocês dois, voltem ao trabalho agora.

Eles reviram os olhos e se levantam, deixando as xícaras na pia e saindo da sala.

Peter entrega prontuários pra eles, e manda eles atenderem pacientes e determinarem se eles precisam de cirurgia ou não.

Alice termina todos os seus pacientes e vai até a recepção e começa a fofocar com as enfermeiras que havia feito amizade durante o dia.

-Depois que ela terminou com o Doug, nunca mais foi a mesma.
-É verdade, os dois ficaram diferentes.
-Espera, quem é Doug?
Pergunta a estudante para Halle, Malik e Shuny
-O dr.Ross, ele é bem mulherengo sabe e começaram a sair logo quando chegaram ao hospital, Carol havia recém se formado na faculdade e Doug também, mas acabou dando errado.
-Por que?
-Dizem que ele traiu ela, outros dizem que os dois eram meio imaturos e brigavam por tudo e terminaram por nada, mas ninguém sabe direito.
Responde Malik.

-Não sabia que aqui era clube de fofoca, não tem mais o que fazerem não?
Diz Peter espantando os enfermeiros.

-Ele sempre foi assim?
Pergunta brincalhona a Susan, que era residente e havia feito amizade com a garota
-Chato? Desde sempre.

-Eu to escutando.
-Era exatamente nossa intenção.
Diz Alice e Susan se despede dela indo atender um paciente.

-Quer comer algo?
Pergunta Benton, o que faz os olhos da estudante brilharem, era mais de duas da manhã e estava lá desde das sete da manhã e não havia feito pausa pra nada, naquele hospital a novidade era quando o dia era tranquilo sem traumas.

-Deus ouviu minhas orações.
Fala espontânea o que arranca uma risada do médico.
-Vamos chamar mais alguém?
-Vamos só nós dois.
A garota assente confusa e ela e o médico saem do hospital após avisarem que logo voltariam e que trariam café para todos.

Eles atravessam a rua e entram numa lanchonete que tem na frente do hospital.

-O que vai querer?
-Um hambúrguer com fritas.

Ele vai até o balcão pedir e a garota se senta numa mesa do lado da porta, ele logo pede e senta de frente pra ela.

-Então é...como você tá? Hoje foi difícil.
-É, mas eu to bem eu acho.
-Juro que tem dias tranquilos aqui.
-Vou confiar em você.
Ele sorri pra ela e acaricia rapidamente sua mão, que estava posta sob a mesa.
A comida dos dois chega e eles começam a comer.

-Acha que ela vai ficar bem?
-É a Carol, nunca vi gente mais teimosa, então se ela quiser ela vai acordar amanhã de manhã, o difícil é que ela que fez isso com ela, então talvez ela não queira.
-Espero que ela queira ficar bem.

-Posso te fazer uma pergunta Alice?
-Contando com essa já fez uma.
Ele revira os olhos e ela da risada
-Pode sim Peter.
-Por que se mudou do México pra cá?
Ela olha pra ele e suspira, não é que não queria dizer a ele, mas era simplesmente uma pergunta difícil de responder.
-Minha mãe e meu padrasto conseguiram um emprego aqui com a ajuda de um primo dele, e viemos já que ganhariam muito mais que lá e seria melhor pra nós.
Disse simplificando e cortando partes importantes da história, talvez algum dia ela contaria, até lá John e Mark seriam oa únicos a saberem.

-Entendi.

Continuou a comer, até escutar seu telefone tocar, ela pega e atende e logo revira os olhos irritada deixando o cirurgião confuso.

-Por Dios Marcos! Estoy ocupada aqui
Ela faz uma pausa e continua
¡Entiendo, entiendo, entiendo!
Yo también te amo, adiós.

Ela desliga e volta sua atenção a Peter.
-Era o idiota do meu irmão, acho que ele esquece que eu não sou mais adolescente.
-Irmãos são sempre assim.
-Você tem irmãos?
-Uma mais velha e uma mais nova, então sei como é mandar e ser mandado.

A garota para e olha para baixo pensando, estava se lembrando, se lembrando de coisas que ela gostaria de esquecer.

-O que foi?
Questiona Peter preocupado e ela apenas nega com a cabeça indicando que estava tudo bem.
Ele pega em sua mão novamente, mas desta vez não solta rápido
-É que, minha irmã morreu há dois atrás e eu sou mais velha, e sinto constantemente que deveria ter protegido ela.
-O que aconteceu com ela?
-O namorado dela era bem agressivo e ela acabou engravidando dela, com apenas dezesseis anos, ai ela terminou com ele porque ficou com medo dele fazer algo com ela. E ela conseguiu esconder isso dele, mas quando ele descobriu ela já estava de oito meses e ele deu uma surra nela, e fez tudo de ruim que você pode imaginar, ela não resistiu, teve muitos machucados, mas conseguiram fazer uma cesárea de emergência nela e a bebê ficou bem.
-Eu sinto muito de verdade.
Como ficou a bebê?
-Meu irmão já tinha se formado e tinha conseguido um emprego, então ele e o noivo conseguiram a guarda e criam ela.

Ele assentiu e murmurou um que bom, e Alice ficou feliz com o fato que ele não foi preconceituoso com o irmão dela, aquilo acrescenteu mais uns dez pontos a favor dele.

-Baixou o clima né?
-Eu que quis saber então a culpa é minha.

Os dois riem, mesmo não tendo nada engraçado acontecido.
Eles decidem ir embora e compram os cafés prometidos aos outros médicos e enfermeiras.

Um novo sentimento estava surgindo no coração cheio de marcas dos dois.
E eles não sabiam se gostavam ou não.












Espero que tenham gostado!!

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Obggg ❤❤❤

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