O aroma das flores na rua gliten agracia as minhas narinas com bastante doçura. Eu adoro essa rua, ela é composta por duas fileiras de casas modestas porém bem cuidadas repletas de flores na frente e nas sacadas.A primavera contribuiu muito para esse espetáculo de cores e perfume natural.
Andando um pouco mais acabo passando em frente a doceria "florescer da terra", as vezes consigo vim escondida com Rose tomar um forte xyar. Uma bebida feita de frutas verdes misturadas com algumas ervas, tem um sabor refrescante.
Chego ao final da rua e viro a direita saindo em Muhver, o mercado das especiarias vindas de outros reinos. Levo a mão ao capuz da minha capa puxando-o mais para a frente com a intensão de me esconder melhor dos olhos maldosos.
Estava prestes a chegar ao final da rua quando um garotinho passou perto das minhas pernas trombando em mim me fazendo cair no chão.
Droga! Eu não consegui vê -lo até ser tarde demais.Me movo para me levantar, até que, ouvi alguém arfar de susto.
Ergo a vista e me deparo com uma senhora de olhos esbugalhados me fitando e é só ai que percebo estar com o capuz agora pendendo para detrás dos meus ombros.
- a filha do demônio _lhe dou as costas antes que ela retorne a pronunciar a frase agora em um tom mais alto.
Enquanto me afasto fugindo dos olhares de ódio, repulsa, tento ignorar os xingamentos.
Acelerando o passo puxo o capuz para cobrir novamente a minha cabeça enquanto tento ignorar o ódio dos demais que se deram conta de quem eu sou.Merda! É só ignorar - repito para mim até estar longe.
Enfim chego a minha rua. A construção imponente de pedras, madeira e vidro se ergue majestosa Diante dos meus olhos conforme caminho para ela. Passo pelo portão tendo o cuidado de remover minha capa colocando-a embolada embaixo do meu braço.
Dentro de casa tomo cuidado para que Rose não esteja a vista. Tenho que chegar até o meu quarto. Ela costuma passar a manhã até o horário de almoço trancada na biblioteca lendo quando Gertrudes esquece de obriga-la a estudar etiqueta até cansar.
A vida de uma lady se resumi a praticamente isso, estudar sobre etiqueta, organizar jantares, festas, bordados... apreender que deve dar filhos a um possível futuro marido. Ter filhos é essencial.
Essas "prioridades" já tínhamos conhecimento e aulas a respeito, porém, tudo se intensificou para Rose depois dela ter recebido a proposta de casamento de Lorde Carvalho Negro e o nosso pai ter se encontrado sem escolha a não ser aceitar depois que o nosso rei resolveu se intrometer no assunto. Infelizmente!
Estava prestes a cruzar o corredor até o meu quarto quando um pigarreo áspero soou atrás de mim. Droga! Hoje não estou tendo sorte.
Me viro lentamente. Rose está parada no começo do corredor com os braços cruzados me olhando.
- se o papai ficar sabendo...
- ele está ocupado e você não irá dizer nada. Certo? _pergunto com um sorriso.
Ela relaxa a expressão e descruza os braços.
- certo.
Retorno a andar agora sendo seguida por ela mais de perto.
- como deu falta da minha presença?
Já estamos dentro do meu quarto. Ela sentou-se na minha cama sem perguntar se podia. Mas isso não importa.
- primeiro, eu recebi uma carta e precisei te contar... na verdade, ainda preciso. Quando sai a sua procura e não a encontrei em lugar algum tive que interrogar a sua criada pessoal. Foi fácil.
- espera _paro no meio do quarto e me volto para ela. - eu fui descoberta por causa de uma carta?
- digamos que sim _suspirou. - mas agora falando serio. Não quero você saindo sozinha por essa cidade. É perigoso vinia. Não quero ter que deixa-la aqui com as suas imprudências.
- ah rose _me aproximo da cama e me sento ao seu lado. - me deixar? Óbvio que não, ainda sairemos muitas vezes juntas por ai.
- receio que não minha irmã _posso ver algo como tristeza nos seus olhos.
- por que não? Fazemos isso as vezes. Esqueceu da doceria florescer da terra?
Vejo ela soltar uma risadinha sem humor.
- mas é claro que não. E espero que você também não tenha se esquecido do meu noivado, pois é sobre isso que precisamos conversar.
Uma sensação fria, congelante se apossou do meu corpo. Isso acontece quando sinto que algo não será do meu agrado de maneira alguma.
~☆☆☆~
O meu pressentimento ruim de mais cedo estava completamente correto, eu não gostei nada do que ouvi.
Passamos o resto do dia arrumando nossas bagagens e desfrutando de alguns lanches até papai chegar.Depois do jantar eles se trancaram no escritório. Ela com certeza está contando sobre a carta.
Sei que a conversa deles não irá durar muito, eles sabem que não a como evitar a nossa partida. A carta estava clara e objetiva sobre a decisão do rei de pentis e o seu general. Não foi um pedido, é um últimato.
Eles querem a noiva presente para as preparações do casamento que acontecerá daqui há dois meses.
Rose já havia me dito que seria inevitável não partimos, afinal, eu e papai somos os únicos parentes dela. A família dela. É óbvio que devemos estar presentes.
Estou deitada na minha cama fitando o teto enquanto a madeira na lareira crepita. Ouço a porta ser aberta mais não me movo, e não demora muito até um corpo se acomodar ao meu lado.
- com medo? _sou a primeira a falar.
- só de deixar vocês depois do casamento.
- e porque não do general? _me viro para ficar de frente para ela. - pois te digo, eu estou com medo. Medo desse suposto futuro marido ser um babaca e trata-la mal. Eu nem sei o que pensar a respeito de tudo isso.
Respiro fundo. Isso é injusto. Eu não me preocupava a respeito, pois parecia estar tão longe, mas... mas agora... tudo parece tão perto.
- não se preocupe _um dos seus braços pousou sobre mim. - eu sou uma scar. Nos sempre sabemos o que fazer em situações ruins. Independente do que me espera em pentis eu acharei uma maneira de feliz. E me espere, pois irei vim visita-los. Ok?
Tento sorrir.
- agora devemos dormir, pois precisamos partir amanhã. Papai está falando com os criados que irão nos acompanhar. Ele quer que estejamos seguras o caminho todo já que só poderá partir daqui uma semana.
- ele não irá?
- irá sim _sua voz está dócil. - mas só daqui uma semana. Ele estará ocupado com alguns negócios da família... vamos prometer algo?
Espero ela prosseguir
- o que acha de prometermos aproveitar o máximo possível a nossa estadia juntas em pentis para conhecermos tudo daquele reino, hum?
Finjo pensar e acabo sorrindo
- pode ser.
E de qualquer maneira dois meses é muito tempo para que alguma tragédia possa acontecer. Ninguém sabe, né? Algo ruim... sei lá. Um velório talvez.
Rose é a minha única irmã, ninguem pode me culpar de desejar que esse "noivo" acabe desaparecendo misteriosamente.
Por favor comentem para eu saber o que acharam.
VOCÊ ESTÁ LENDO
AMOR E FOGO
FantasyLavínia Scar Pearson, uma jovem de dezessete anos que possui uma vida monótona na medida do possível. Do possível até onde o seu pai sabe, ela acredita que ele não precisa saber sobre todos os seus passos até porque ficaria imensamente preocupado e...