Capitulo 23

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Aviso da autora: esse capítulo contém alguns gatilhos sobre violência doméstica.
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Narrado por Regina Joe

O que uma mulher sente na noite antes do seu casamento? Ansiedade? Euforia? Felicidade? Desejo? Dúvida?

Acredito que uma mistura de tudo isso.

Eu já sinto algo um pouco diferente...
Ódio
Rancor
Desejo de vingança

Vingança... é por isso que eu estou fazendo tudo isso.

Meu vestido está pronto
Os convites já foram mandados a semanas
Mas até agora não parece muito real.
Afinal, eu nunca imaginaria que eu teria que fazer isso antes do último ano.

Eu meio que imaginava que seria difícil ter a coroa ma minha cabeça... mas me casar com Miles...

aquele imundo.

Quando éramos crianças todos pensávamos que éramos irmãos, o mesmo cabelo loiro esbranquiçado , os mesmos olhos, a mesma ambição (só que de maneiras diferentes)

Eu quero a coroa para poder melhorar isso que eles chamam de reino.

Ele quer ser rei, apenas para ser chamado de "majestade" .

No momento estou terminado de costurar o vestido que fiz para Melina, percebi que preciso que mais linha.

Sai do quarto e chamei um criado.

Ele fingiu não escutar.

Fui até ele

- caso não tenha percebido eu estava te chamando. - eu disse -

- sinto muito senhora, mas só recebo ordem do rei e do príncipe Miles. - ele respondeu -

Eu olhei para ele
Alto
Magro
Aparenta ter uns 25 anos... talvez 20?

- primeiramente, é ALTEZA. Mas fique tranquilo que logo logo se tornará majestade. E se você não me respeitar, vou garantir que sua cabeça esteja na estante do meu escritorio. Fui clara? Acho que sim. Agora vá comprar linha para mim.

Ele ficou parado

-AGORA! - gritei -

Ele saiu correndo.

Voltei para o meu quarto e deitei na cama.

Meu corpo estava cansado mas minha mente não.

E eu não queria dormir, pois se eu fizesse isso o dia de amanhã vai chegar mais rápido

Então resolvo pegar um livro e começar a ler.

E fiz isso até alguém bater na porta.

- Quem é? - perguntei -

- Sou eu filha - minha mãe responde

- entre.

Ela entra e tranca a porta.

- você não pode fazer isso - ele diz -

- fazer o que?

- se casar com ele. Você não pode.

- não estou te entendendo.

- eu não posso deixar... não posso deixar que acabe com a sua vida dessa maneira. Não posso deixar que aconteça com você o que aconteceu comigo, minha filha. - ela pega no meu rosto - você ainda tem como escapar, faça isso.

Ela me entrega um papel

- aí está escrito um endereço, eles vão cuidar de você. - ela disse - acho melhor você sair antes do amanhecer.

Eu devolvi o papel para ela

- vou me casar com Miles. Já está decidido.

- você não sabe o que está fazendo.

- eu sei exatamente o que eu estou fazendo.

Ela ficou olhando para o chão uns minutos depois olhou para mim, dava para ver as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

- Miles é igual a seu pai. Mas você não é igual a mim, então faça diferente, vá embora desse castelo. Seja corajosa Regina e vá embora. Antes que seja tarde.

- mãe - eu me aproximei dela - eu juro que sei o que estou fazendo. Eu não vou... eu não... não vou passar pelo o que você passou.

Ela se levantou

- você não vai se casar com ele. - ela exclamou- eu como sua mãe eu á proíbo.

Eu me levantei

- eu não sou mais uma criança, sei o que estou fazendo.

- você diz que sabe. Mas não faz ideia. E eu não posso deixar você passar pelo o que eu passei.

- eu sei que eles são monstros, mãe.  Mas eu posso me tornar pior do que eles.

- o que você quer dizer?

- quero dizer para confiar em mim.

- eu confio em você, mas não confio em Miles.

- ele não vai me machucar, está apaixonado por mim. Eu te garanto.

Ela segurou na minha mão

- filha, pessoas como ele não ligam para quem elas machucam, e sim o que elas vão ganhar com isso.

- mas o amor que ele tem por mim é diferente... eu não...

Ela me calou com um olhar.

- você o enfeitiçou? Como conseguiu fazer isso?

- eu não...

- diga, Regina!  Como você o enfeitiçou?

Olhei para ela.

- eu não o enfeiticei! - minto - ele me ama mãe! E eu o amo - minto de novo - e vou me casar com ele. Ponto final. Agora saia do meu quarto, tenho que descansar para o grande dia.

Ela me olhou com um olhar de piedade

- eu sinto muito, minha filha. - disse antes de sair do quarto -

Você consegue, Regina. Vai ficar tudo bem. Logo  isso vai passar.

Tentei controlar minha respiração. E voltei para cama.

Só o que eu conseguia pensar naquele momento eram nos gritos que eu escutava quando meu pai agredia minha mãe.

Ela saia do escritório dele sangrando e com o olho roxo só porque errava algo no protocolo ou não concordava com algo que ele falava.

E ela sempre se culpava

"Se eu não tivesse feito..."
"Mas se eu não..."
"Eu deveria ser uma esposa melhor..."
"Que sirva de lição para eu aprender dessa vez"

Cada vez que eu ouvia aquelas frases... me dava vontade de brigar.... Brigar com ela por ainda estar com ele.

Que idiota da minha parte.
Como se fosse fácil para ela ir embora.

Uma vez eu perguntei para ela se ela o ama

" seu pai vai ser sempre o meu passado, presente e futuro"

Foi o que ela respondeu
Ate hoje não entendo aquela frase.



Entre lobos, serpentes e bruxas - por suzzana Jayme Onde histórias criam vida. Descubra agora