stay - minsung

capítulo 3

Passei a tarde vasculhando meu apartamento, tentando encontrar qualquer coisa que pudesse me trazer alguma lembrança, qualquer coisa que me fizesse lembrar quem eu era.

Acabei descobrindo que tenho gatos por conta caixas de areia espalhadas e os arranhadores por aí, mas nem sei onde estão agora.

Tomando um remédio pra dor de cabeça, porque afinal, eu estava exausto, ouço minha campainha tocar.
Era fim de tarde, eu não esperava ninguém, óbvio.

Eu me deparo com um garoto.

Ele aparenta ter a mesma idade que eu mas... um pouco mais baixo.
As bochechas gordinhas e os lábios bem rosados chamaram minha atenção.

"Minho? Ta tudo bem?" — O garoto fala fazendo eu sair do meu transe que consistia em analisar cada detalhe da pessoa em minha frente.
"Desculpa, quem é você?"
"Sério Lino? Essa sua brincadeira não tem mais graça não." — ele fala enquanto já ia entrando em meu apartamento sem permissão alguma.
Eu o seguro pelo ombro, o impedindo de continuar entrando no interior do meu apartamento.
"Que brincadeira? Eu não sei quem é você."
"Lee Minho! Eu sei que não nos vimos faz um tempo e você passou pelo coma do hospital... desculpa se eu não pude te ver, você sabe que é por causa da faculdade né? Mas não precisa me tratar assim, não tô achando legal."

Eu paro e penso por um momento. Ele me conhece, eu não o conheço, isso é realmente assustador. Mas como poderia culpá-lo? Ele não sabe o que aconteceu.

"Como você sabe do coma?" — eu afasto meu braço dele e me sento no sofá, ele me segue e faz o mesmo.
"O hospital me mandou um e-mail no dia do acidente, e como te disse por telefone, me mandaram outro e-mail falando que você saiu, mas nunca tive nenhum detalhe."

Agora faz mais sentido.

"Espera, você é o hannie?"
"Sim, ué, você ficou meio doido né."
"Não é isso, aparentemente eu sofri perda de memória com o acidente, eu... simplesmente não lembro de nada."

De repente seus olhos se arregalam, posso vê-los se enchendo de água.
Se ele é a mesma pessoa que falei no telefone, é quem tinha um coração no nome. Isso me deixa curioso sobre ele.

"Meu deus... me desculpa"
"Você não sabia..."

Eu e o menino que praticamente invadiu meu apartamento estávamos nos encarando a alguns longos minutos após eu o ter falado a verdade, minutos que pareceram anos.

Agora ele não estava tão animado quanto antes, estava cabisbaixo, e posso ver uma lágrima solitária escorrendo pelo seu rosto.

"Porque você está chorando?" — eu falo e sem pensar apoio minha mão sobre seu joelho. Seus olhos brilhantes de lágrimas se levantam e nosso olhar se encontra.

"Eu não vim te ver antes... não nos falamos a tanto tempo, eu me sinto culpado. Agora você não lembra de nada"

Uma pontada de culpa incomoda meu interior. Eu queria poder me lembrar.
Sinto meus olhos também se enxerem de água, mesmo sem nem entender o porque de eu estar chorando.

"Ei, Minho! Não chora, por favor não chora" — suas pequenas mãos quentes limpas as lágrimas em minhas bochechas.
Ele força um sorriso fechado, mesmo também estando chateado ele se esforça o máximo possível para sorrir.
Como se fosse um instinto, eu também sorrio.

"Vamos nos conhecer de novo."