Seguro a mão de Abby mais forte que posso, com a outra mão levo uma sacola grande, tudo que temos está aqui. Estamos andando a muito tempo, e o sol, está machucando hoje, Abby é uma boa garota e anda sem reclamar, de qualquer jeito seria difícil carrega-la.
Entramos no primeiro ônibus que leva para o qualquer lugar, acho que o destino não importa, só o mais longe possível daqui, já está bom. Entramos no ônibus e sentamos nos últimos bancos da parte de trás, Abby se enrosca no meu braço e deita a cabeça perto de mim, ela está cansada, eu também estou, nunca viajei antes, e a barriga pesa, mas eu sei que estaremos melhor depois que chegarmos. Perto da tarde, o ônibus começa a lotar, coloco Abigail dormindo no meu colo, ela se aconchega na minha barriga e volta a dormir. Ela parece um anjinho dormindo, passo a mão nas suas costas e faço carinho nos seus cabelos. Ela não se parece nada comigo, ela parece com ele, nós não parecemos mãe e filha, mas ela foi a minha única companheira desde que esse inferno começou. Ela foi uma das coisas boas que ele me deu, não que sejam muitas, na verdade eu acho que foram e Abby e meu outro bebê, só isso, o resto foi dor e sofrimento. Mas não tento pensar nisso agora, coloco uma manta rosa claro, encima de Abby e arrumo ela perto do meu corpo, estou cansada e com sono, mas o ônibus está cheio e tenho medo de alguém mexer com ela.
Quando acordo está no meio da noite, uma moça com uma criança dorme ao meu lado, olho Abby e vejo seu corpinho subir e descer devagar, arrumo a manta e a abraço forte. Durmo de novo. Quando acordo, balanço Abby devagar para ela também acordar.
Ela se levanta e senta no meu colo.
-Dormiu bem, meu amor?
Ela me olha e sorri, acho que não foi muito confortável, mas pelo menos não tínhamos o medo de ninguém nos acordar a noite e nos machucar, esses dias acabaram.
A moça do meu lado nos olha e sorri, ela também acorda o seu filho, ele se levanta mas resmunga baixinho, acho que não está feliz em acordar. Ela coloca ele no banco ao lado, pega uma bolsa e tira de lá, uma vasilha pequena, com biscoitos, ela coloca alguns deles na mão do menino e ele come devagar sem vontade.
Abby olha o garoto comendo e se enrosca em mim, ela está com fome e eu também, não me lembro da ultima vez que nos comemos, ela olha ele mais um pouco e depois se arruma e olha para o outro lado. Amo muito ela, tão pequena e tão madura, seguro nos seus braços e balanco devagar, queria poder amamentar ela, mas me causa uma dor grande e é muito difícil por causa da barriga. Queria poder comprar alguma coisa para nós mas o tenho é o suficiente para mais algumas passagens, e nada mais. A mulher do nosso lado briga baixinho com o filho e diz para não brincar com a comida, ela se vira para nos e aproxima a vasilha.
-Quer um mocinha?
Abby levanta o rosto como se pedisse permissão, eu sorrio para ela, e ela pega um biscoito da vasilha e coloca um pedaço na boca. Ela sorri e fecha os olhinhos, ela está gostando, nunca comeu um doce como esse, ela come outro pedaço e depois para e me olha, ela pega o outro pedaço que sobrou aproxima da minha boca, e me olha.
-Não quero, pode comer.
Ela continua com o biscoito perto da minha boca, eu pego o biscoito e coloco na boca dela, ela sorri e come feliz. Sinto vontade de chorar, ela desistiu da sua comida por mim, meus olhos ardem um pouco, e uma lágrima desce pelo meu rosto. A moça me olha e dá outro biscoito para Abby que aceita e come devagar.
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Me and Abby
RomanceEu era uma criança. Ele disse que ia cuidar de mim. Eu tive outra criança. Ele disse que eu ia ficar bem. Eu ia ter outra criança. Ele não cuidou de mim. Eu não fiquei bem. Ele queria fazer mal para minha criança. Eu não poderia deixar. Ele disse qu...