Único.

207 32 32
                                    

"Só não te dou o mundo porquê ele pertence à classe trabalhadora"

Faculdade. É, eu estava na faculdade. Ainda parecia irreal o suficiente, aquela sensação de que a ficha ainda não tinha caído, sabe?

Parece um sonho no começo, dá um alívio enorme saber que a nota do vestibular foi suficiente pra entrar em curso que você tanto queria fazer. Pelo menos eu me senti exatamente dessa forma.

Mal sabia que eu que iria me deparar com um novo universo social, onde eu teria que lidar com problemas, ler, estudar, assistir aulas entediantes e odiar ou amar professores. Não parece muito diferente da escola, não é?

"Não pode ser tão ruim" era a frase que eu repetia constantemente para mim mesmo no primeiro dia de aula. Quando cheguei na sala, lembro de ver jovens mas também ver pessoas mais velhas, esqueci que nem todo mundo teria minha idade, devo admitir que isso me assustou muito na época.

Agora eu estou aqui, há dois anos. Cursando história. É, pois é, história. Universidade federal.

Cursar história me deixava orgulhoso, principalmente quando surgiam os típicos debates políticos nos almoços de família, me sentia um gênio. O máximo de argumentos que tinham era "você deveria ter escolhido outro curso!", enquanto isso eu só sentia vontade de rir.

Mesmo já estando dois anos cursando história, eu ainda me sentia um adolescente. Na minha cabeça vinte anos ainda não era considerado vida adulta. Ok, eu tenho uma certa independência, mas não me sinto um adulto em nenhum dos aspectos da minha vida. Isso ainda é algo que me deixa inseguro. Todos parecem maduros e experientes enquanto eu sou só um menino de humanas que acabou de sair do ensino médio - mesmo que tenha sido a dois anos -.



— Olha só, se você não quiser fazer nada do trabalho, é só avisar. É bom que o professor não gasta tempo te dando nota

A atmosfera da biblioteca naquela tarde certamente não era das melhores. Jisung estava reunido com seu grupo, a fim de se organizarem para um trabalho que precisava ser apresentado na semana seguinte. A frase de tom estressado e que fora pronunciada mais alta do que deveria ter sido, foi dita por Lee Minho, o suposto líder do grupo estava tendo problemas com um dos membros.

Jisung recuou em seu assento quando ouviu a voz do mais velho, que não mentiu em suas palavras.

Mingi era, sem dúvida, o membro mais irresponsável do grupo. Ele nem sequer parecia que gostava de história. O homem era a causa de todo o estresse de Minho.

— Tá bom, tá bom. Se acalma aí, baixinho. Eu vou fazer minha parte. — Mingi respondeu com tom de indiferença

Minho teve que fechar os olhos e respirar fundo ao ouvir o apelido que lhe fora dado.

O Lee olhou para o pequeno caderninho em suas mãos, lendo os tópicos e separando cada tópico para uma pessoa.

— Ok, Hyunjin, você fica com marxismo. — Ele disse, apontando a caneta de cor azul para o homem de cabelos loiros

— Espera! — Jisung interrompeu — Eu... Eu posso ficar com esse tópico? — O Han fez contato visual com Minho, que assentiu com a cabeça.

gatinhos comunistas - minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora