Menino Levado - Arthur e o Lobo Mau.

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Numa Rua pacata da cidade grande, numa pequena casa moderna, Arthur olhava para a mala tentando encontrar algum erro. Sua mãe, Jean, o chamava para o pequeno almoço antes de uma maratona de tédio olhando para a estrada vazia em duas horas de viagem.

Passar as férias eles iam, na casa dos avós. Os adoráveis Sr.Tobias e Sra.Abby. Tinham uma tranquila casa de madeira no meio da floresta, através dos bosques verdes, onde cantavam os pássaros pela manhã. Onde viviam os tucanos, os tamanduás, Araras, e é claro, Os Lobos.

A família chegou logo de folga. Arthur atira-se ao sofá, macio como seda. Aconchegante como um colchão feito a base de pelo de juba de leão. Nem a pensar nas bagagens do porta-malas estava. Jean era como uma cópia, estava como Arthur, exceto que balança-lhe em uma cadeira de balanço.

Não levou muitos tiques do relógio para que os primos começassem a chegar. Uma salvação. Lá não havia internet, nem sinal de 4G. Estavam à mercê do entretenimento que os bosques e campos tinham-lhes a oferecer.

— Saiam para brincar enquanto eu e a vovó preparamos o almoço. O vovô ficará de olho em vocês. — Pediu a mamãe para o filho e seus sobrinhos.

Os garotos brincaram de diversas maneiras, mas não Arthur. Sentado em uma pedra vendo os meninos brincarem, ele olhou para dentro da floresta, além das árvores ao fundo. Ele se viciou em fitar a parte escura da floresta. Tinha alguma coisa ali, olhando pra ele. No fundo daquela escuridão, no interior do matagal. Aqueles olhos brilhantes pareciam dizer “Venha, tenho algo para você aqui”.

A mãe chamou as crianças para o almoço, e percebeu a estranheza no olhar do filho. É claro que depois de uma refeição, e do sono da tarde, ela não deixou de tirar essa dúvida:

— Por que estavas estranho quando  chamei-te? Brincaste com teus primos? — perguntou a mãe.

— Brinquei sim. Retornei pingando de suor. Não percebeste?

— Bom, não. Ficarei atenta da próxima vez.

Na noite daquele primeiro dia, no meio do silêncio, quebrado pelo canto dos grilos e corujas, o vento batendo nas árvores e os ossos de Arthur tremem de frio, o menino levantou para beber água, quando da janela, em frente a pia, escuta uns passos pelo capim. O menino sai para ver o que era. Envolve-se na escuridão da floresta, quase perdendo a noção da pequena cabana. Algo passa por ele e lhe fala:

— Olá garoto, o que fazes na floresta a essa hora? — Disse o Lobo.

— Estou a procurar a fonte de um barulho.

— Descreva-te esse barulho, para que eu possa te ajudar.

— Foi como uns passos na grama. Foram rápidos.

— Tua mãe sabes que estás aqui?

— Não, estão todos a dormir.

— Se ela pergunta amanhã por onde andais, o que responderás?

— Por quê isto seria problema? Minha mãe se convence com qualquer mentira.

— Estás a dizer que enganas tua mãe para que não te prejudiques? Hm…. Acho que não devias andar por entre os bosques à noite sozinho. Existem lobos perigosos por aqui.

— Por quê diz isso? Também não és um lobo?

— Claro, mas sou um lobo do bem. E para provar a inocência de meu coração, darei-te  este saco de doces. São muito caros na cidade grande e difíceis de encontrar aqui no interior.

— Que Legal! Muito obrigado!

— Queres mais?

— Sim! Por favor. — O menino estendeu a sacola.

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