abortion

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Tema: aborto espontâneo

Não é gráfico, mas ainda assim não recomendo ver se for sensível.

O

jovem estava sentado contra a parede, o olhar distante e vidrado. Seu corpo doía, contrações tentando expulsar a placenta, porém ele não conseguia se importar; seu corpo estava dormente, entorpecido.

Dois pedaços minúsculos de carne ensanguentada estavam no chão, haviam parado de se contorcer a alguns minutos atrás. Os cordões que deveria nutrir o par ainda estava conectado ao jovem adulto,  seus peitos inchados eram cobertos por uma blusa branca longa, o tecido claro agora manchado de vermelho vibrante e marrom.

Merlin, seus namorados ficariam tão decepcionados com ele... Ele havia perdido seus bebês; seu corpo havia falhado e matado eles... Ele deveria estar chorando e gritando, mas sua mente ainda estava nublada, os braços protetoramente ao redor da barriga, onde anteriormente uma pequena protuberância, que seus parceiros amavam acariciar e adorar, era visível, porém não havia nada para proteger; Ele havia falhado e seus bebês pagaram por isso.

A porta foi aberta, o homem alto de cabelos negros e oleosos entrando na sala e cobrindo a boca, o mesmo se afastou, uma expressão de decepção, dor e ódio em seu rosto. Ele fechou a porta com força, o rosto contorcido com os sentimentos mistos.

Nathan queria gritar, implorar para o homem não o deixar, mas sua sensação de vulnerabilidade o impediu de sequer se mover. E ele não culpava o homem por querer se afastar, ele o entedia e sabia que aquilo iria acontecer no momento em que sentiu a primeira contração.

Primeiro contração...? Primeira contração? Oh, é mesmo, ele havia abortado seus bebês, havia os assassinado. Seus olhos brilharam com lágrimas enquanto seu estupor o deixava, a sensação de dor em seu corpo não era nada comparada com a dor que sentia em seu peito. Doía ter perdido seus filhos, mas doía ainda mais saber que estaria completamente sozinho com aquilo.

O garoto se abaixou, olhando pela primeira vez para os amontoados de carne, um soluço doloroso escapando de seus lábios sem que ele percebesse. Com mãos trêmulas, o jovem acariciou gentilmente os pequenos membros das criaturas; os braços ainda mal formados, a coluna nítida e perceptível, a cabecinha macia e gelatinosa, o coração pequeno e de coloração escura, que anteriormente batia fracamente antes de parar totalmente...
Ele agarrou os dois bebês, os braços trêmulos, levando-os lentamente até o peito soluçante, soltando um grito penetrante, o som estridente e repleto de dor e lamento.

Severus, que estava na sala ao lado, bebeu mais um gole de seu whisky, pequenos soluços deixando seus lábios ao pensar na visão das duas criaturas ensanguentadas, dois bebês com apenas 6 semanas. Doía saber que em 33 semanas, ele não estaria segurando-os com um sorriso. Ele não iria ter Sanemi e Lúcifer, seus filhos, pois eles haviam partido..

Porra, Nathan havia deixado claro que não estava feliz com a gravidez (mesmo que Severus tivesse testemunhado o jovem sorrindo e arrulhando enquanto acaricia seu ventre, as mãos deslizando em círculos leves enquanto o mesmo cantarolava e arrulhava para si mesmo.). Ele achava que o garoto finalmente havia aceitado seus filhos, mas aparentem não. Por um momento, ele havia achado que o garoto tinha induzido um aborto, mas a expressão em seu rosto deixava claro que não era intencional.

Mas que merda! Ele não tinha direito de se sentir! Ele deveria ter sido mais cuidadoso e parado de dar aulas ou beber café! Ele deveria tê-lo chamado ao sentir que algo estava errado, não apenas se sentar e esperar que acontecesse. Ele estava furioso e melancólico, sua caixa torácica estremecendo com soluços quando se lembrou da sensação de acariciar o ventre de seu parceiro(ex parceiro? Ele não havia decidido ainda), sentindo seus filhos.

Em que tudo dá erradoOnde histórias criam vida. Descubra agora