RAMON PÉREZ

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"Eu vou esperar por você
Mesmo que sempre pareça que vou ser o número dois
Por alguém que você não tem mais em seus braços
Se você me deixar entrar, estou pronto para lhe dar o que não pude antes
Porque eu estou com você, garota, deixa eu te ajudar
Você está tentando preencher o vazio com alguns caras
Eu posso ver claramente (você consegue ver claramente)
Eu posso te amar mais do que amei antes"

— Off The Table, Ariana Grande e The Weeknd


Tudo bem, eu confesso que surtei

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Tudo bem, eu confesso que surtei.

Juro que achava que isso não iria mesmo acontecer, até afirmei e prometi para Dra. Janine que não, contudo, foi mais forte do que eu.

Não estava preparada para vê-lo esta noite. Na verdade, achando que ele estaria no hospital no dia de amanhã apenas, planejava me controlar justamente por saber que era meu ambiente de trabalho. Eu contava com isso, não com o fato de que ele estaria ali tão rápido.

Bem, rápido não é a palavra correta para se usar nessa situação. Afinal, anos se passaram. Porém, as coisas saíram facilmente fora do meu controle.

Tudo ao meu redor parecia colaborar com o evidente colapso que eu tive. Apenas quem tem ataques de pânico entende do que estou falando: às vezes ele vem sem aviso prévio, apenas um mínimo gatilho é suficiente para se ter. Às vezes nem isso é preciso. E como não surtar nessas condições? Como não se sentir exausta por causa de coisas fora do seu controle?

O que eu tive agora foi um conjunto de inquietudes que rondaram o meu corpo até penetrá-lo e me fazer extravasar daquela maneira. Eu estava cansada.

Aflita.

Agoniada.

Ressentida.

E, mesmo momentaneamente aliviada por causa das horas de conversa com Janine, nem isso foi capaz de me fazer parar. Sequer a promessa que fiz.

Não. Nada disso era suficiente para me deixar em paz naquela noite ao menos. A Isabelle de anos atrás, a mesma que colocou o portão da casa dos Gale abaixo de tanto medo, ódio e ansiedade tomou conta do meu corpo principalmente ao saber que desta vez ela seria atendida, que aquele ser, cuja desesperança tentou ejetá-lo insistentemente da memória por ter partido sem aviso prévio, aquele mesmo que a levou ao fundo do poço simplesmente por não abrir a porta quando ela mais precisava, agora atenderia.

E o que fazer quando isso acontecesse, senão extravasar a vontade que tinha de matá-lo?

Conversar? Há muitos anos isso deixou de ser uma opção.

E eu precisava colocar um fim ao nosso ciclo. Era exatamente assim que estava me sentindo agora, como se tivesse fechado aquela tortura apenas em vê-lo dessa vez e acabar com esse vínculo tão forte que tínhamos.

𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑻𝒉𝒐𝒎𝒂𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora