Capítulo Único.

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* Prestem atenção nas datas!!!

Lembrem-se que >todos< desta ficção não são boas pessoas. :))))) *


1 de novembro, 06:07 am

Elas deixam as pás onde as encontraram, jogadas no galpão e caindo com um ruído residual que parece ricochetear nas orelhas de Jennie.

Ela não consegue ouvir nada, nem mesmo sentir quando sua mão se fecha em torno da maçaneta da porta do carro e a abre. 

Ela não sente o frio cortante em sua pele ou o cheiro forte de couro velho no carro surrado e sujo de Rosé, embora ela tenha reclamado implacavelmente antes.

É abafado - pelo menos, é para ser.

Rosé liga o carro e Jennie ouve o ronco baixo do motor em algum lugar no fundo de sua mente.

Se fosse em qualquer outro momento, ela poderia ter rido do absurdo da música dos Bee Gees que começou a bater no silêncio do carro, Rosé notou, gargalhando um pouco antes de cantar junto enquanto dá ré e sai de onde ela estacionou.

O rádio deve odiá-la, decide Jennie. 

A maneira como o rádio estala ao longo da música como uma piada de mau gosto de Deus para zombar dela.

A jornada é longa e desconfortável.

Há um sentimento estranho agarrando seu estômago que ela seria rápida em descrever como culpa se não fosse tão estranho. 

Não deveria ser uma surpresa, porque ninguém esperava que um assassinato fosse uma sensação agradável, mas ainda assim, Jennie também não esperava que seria assim.

Elas não dizem nada pelo resto da viagem, mas Rosé preenche o silêncio com seu canto.

Ela é uma boa cantora, pensa Jennie, mesmo que tenha um ódio recém-descoberto pelos Bee Gees e toda a sua discografia e queira que a música acabe mais do que qualquer coisa. 

Sério. Quantos minutos tem essa música?

Os pneus agora trabalhando ferozmente contra a grama. 

Está escuro e frio, mas o pequeno isqueiro de metal no bolso de sua jaqueta pesa quente e pesado.

Rosé espera que a música finalmente termine, sua voz soando logo acima da faixa.

"Life goin' nowhere, somebody help me yeah"

o carro diminui a velocidade. 

" Ah, ah, ah, ah, I'm stayin' alive"

O carro para e Rosé desliga o motor.

___ 

1 de novembro, 07:02 AM

Quando elas voltam pro carro, a carga no porta-malas está leve, mas agora suas roupas cheiram a fumaça. 

A bainha da saia de Jennie está forrada de cinza e o suor gruda seu cabelo na testa.

Rosé liga o motor novamente, e o rádio renasce com ele. 

Ainda são os Bee Gees e a carranca que se formou no rosto de Jennie é mais raiva do senso de humor do universo do que qualquer outra coisa. 

Uma tragédia, de fato.

Rosé canta novamente, como se não pudesse ver os sinais do que fizeram em suas roupas, não pudesse sentir o odor pungente e nebuloso.

O sol está visível no horizonte agora, e Jennie acharia bonito se não a lembrasse de fogo. 

Ela desvia o olhar e, em vez disso, fixa os olhos em Rosé.

The Less I Know The Better- CHAENNIE !Onde histórias criam vida. Descubra agora