𝙎𝙖𝙩𝙖𝙣

𝙏𝙧𝙞𝙣𝙩𝙖 𝙚 𝙤𝙞𝙩𝙤

Lançado: 13/10/2023
Revisado:

Narrador observador.

Duas semanas desde o enterro de Petra. Quinze dias após sua morte. Dezoito, desde que Harley sentira que algo havia sido arrancado dela. E faltava doze dias para completar um mês.

Levi e Erwin conseguiram abafar a morte de Petra. Por sorte, ela caiu no jardim dos fundos, enquanto todos estavam na área da piscina e no jardim lateral leste.

Ninguém viu quando Levi a tirou de perto da árvore. Seu corpo mole balançando com o menor dos ventos.

Harley não assistiu muito da cena pois tudo começou a girar. Incluindo seu estômago. Foi quando ela vomitou tudo o que tinha e não tinha comido. Ela vomitou até a garganta arder com o ácido.

Petra estava morta.

E Harley se culpava por sua morte.

Um aviso, e o destino de Petra foi selado. Se ela não avisasse, Petra poderia estar viva.

Dentro da mansão, as coisas não estavam exatamente mórbidas. Petra não era querida ali, nem fazia parte da banda. A morte dela deveria ser insignificante.

Porém alguém havia morrido. Uma pessoa.

Harley esteve por meros minutos no velório, apenas tempo o suficiente para ver um homem de boa aparência chorando em cima do caixão.

Mais tarde, Harley soube que era o pai de Petra. E que foi Levi quem havia dado notícia ao homem.

Cinco dias após a morte dela, Nicolo havia voltado à mansão. E ao saber das últimas notícias, preparou um Scialatielli ai frutti di mare com vinho tinto, Babà al rum e Cassata siciliana. Esse último até mesmo fez Harley esquecer os horrores que estava vivendo.

Nos jardins, eles colocaram uma pequena placa de prata na árvore em que o corpo dela ficou encostado.

Dias após, Harley só podia ser encontrada em três lugares: seu antigo quarto de governanta, a cozinha ou a garagem, consertando uma moto. Mesmo tendo se passado quinze dias desde aquela noite, Harley mal falava.

- Achei você! Preparei uma Castagnaccio para você.

Nicolo apareceu atrás dela, o cheiro de farinha estava constantemente impregnando nele.

- Não tô com fome.

- Ah, deixa disso, Harley! Vem, fiz com todo amor para você.

Harley não se mexeu. Não falou. Apenas se concentrou na chave-de-boca na sua mão.

Meio minutos depois, Nicolo a deixou sozinha.

Meia hora depois, ela voltou para o próprio quarto, apenas para encontrar Levi sentado em sua cama. Sua paciência rivalizava com a de um monge.

- Venha aqui.

E Harley foi, como se fosse um boneco ventrículo, parando no colo de Levi.

- Se eu te levar para alguma praia no Caribe, será que você ficaria melhor?

A pergunta tirou um risinho rápido de Harley.

- Não acho que vá ajudar.

- E se eu te fizer esquecer de todo o resto do mundo aqui, nessa cama? Isso ajudaria?

Harley o olhou nos olhos. Ele não era do tipo que falava com doçura na voz, que demonstrava compaixão com os sentimentos dos outros.

E por um segundo, Harley sentiu-se como se fosse Levi De La Fontaine e na sua frente, estava Louise Ackerman invés do próprio Levi.